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Pesquisador lança livro em cordel sobre crise ecológica


08/04/2024

Fonte: Assessoria de Comunicação Icict/Fiocruz

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Coordenação editorial e capa: Mauro Campello (Multimeios/Icict) | Projeto Gráfico: Thays Coutinho (Dicionário de Favellas Marielle Franco/Icict/Fiocruz)

Carlos Saldanha, cientista social e pesquisador do Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saúde do Icict (Licts), lançou o livro digital “A crise ecológica na modernidade capitalista”, apresentado em linguagem de cordel. Essa iniciativa visa “democratizar o acesso ao conhecimento científico sobre uma das crises que se agrava a cada dia e afeta a todos: a crise ecológica ou ambiental. Uma democracia verdadeira não pode se furtar de disseminar, na maior amplitude possível, informações pertinentes a assuntos de interesse público.”

Saldanha, ao longa de sua vida acadêmica, se dedicou à produção de diversos livros, artigos e trabalhos científicos, “além da formação de mestres e doutores em prol de uma sociedade diversa, plural e ambientalmente saudável”, como afirma. Ele explica que “a linguagem acadêmica, embora essencial para o avanço do conhecimento, é inacessível para o público em geral, principalmente devido à predominância de artigos em inglês, o que cria uma lacuna entre a comunidade científica e a sociedade em geral". Para mitigar essa lacuna, o pesquisador adotou a literatura de cordel, destacando seu “potencial de ajudar a população a compreender a gravidade dos problemas enfrentados e, mais importante ainda, motivá-las a agir em prol de soluções sustentáveis e justas em seus próprios territórios.” 

Manifesto em forma de cordel

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O livro pode ser descrito como um manifesto que transita entre a aridez do solo exaurido pelo sol e a maciez do caju recém-colhido do pomar, como afirmado pelo pesquisador do Icict. Ele ressalta: “Sim, é isso. Escrever um manifesto sobre o mundo brutal em que vivemos é crucial para despertar a consciência pública sobre questões negligenciadas, denunciar injustiças sistêmicas e violações de direitos humanos, mobilizar indivíduos e comunidades para ação coletiva, criar solidariedade entre grupos afetados e pressionar por mudanças significativas.”

A publicação é dividida em duas partes. Na primeira, “Estrofes com um olhar crítico e uma esperança altiva”, o pesquisador do Icict abraça a visão utópica de uma sociedade transformada, exaltando a necessidade de reconhecermos “que a busca por essa utopia, nos impulsiona a avançar, lutar e acreditar no poder da mudança para o bem comum”. Ele esclarece que “na perspectiva das ciências sociais, as utopias ou mentalidades utópicas orientadas para a ação têm como função criticar e subverter a ordem existente, buscando romper seus laços.”

Saldanha adverte sobre as consequências de não nos envolvermos com a causa ambiental, especialmente em momentos de crise como o atual, marcado por mudanças climáticas, eventos e temperaturas elevadas. Ele destaca que “em nossa jornada em direção a uma sociedade sustentável, cada escolha que fazemos é um passo crucial rumo à utopia de um mundo mais equilibrado e saudável, com igualdade de gênero, para as gerações presentes e futuras. Cada ação, por mais singela que pareça, contribui para a construção de um mundo desejável, mais resiliente, harmonioso e duradouro. No entanto, é a ação coletiva e a responsabilidade cívica que garantirão um futuro sustentável para todas as formas de vida que compartilham o planeta conosco.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na segunda parte do livro digital, Carlos Saldanha chama a atenção para as “Conclusões em cordel: reflexões na teia ecológica da modernidade capitalista”, levando o leitor a fazer inúmeras reflexões sobre os impactos da crise climática e porque uma grande parte da população é a mais atingida, fazendo também um relato das principais crises em todo o mundo durante o ano de 2023 e aponta os novos rumos da humanidade unida. Ele nos lembra que “as pessoas esquecem que na história de 4,54 bilhões de anos da Terra, a extinção é a norma, enquanto a sobrevivência é a exceção.”

O pesquisador enfatiza "a importância de explorar e apoiar todas as formas de expressão cultural que possam contribuir para um maior entendimento e engajamento com questões urgentes, como a crise ambiental. Ele destaca o papel crucial do Icict nesse sentido, e ressalta que “a palavra escrita revela-se como uma poderosa arma de mudança e engajamento. Com tal poder em mãos, a palavra escrita tem o potencial de transformar perspectivas e impulsionar ações para enfrentar os desafios prementes do nosso tempo.”

Carlos Saldanha, com um discurso fortemente engajado, relembra o mestre Ariano Suassuna (1927-2014), renomado escritor brasileiro, cuja obra multifacetada abrange romances, poesias, arte visual, ensaios e dramaturgia. Em uma passagem de sua famosa peça teatral "Auto da Compadecida" ([1955] 1983, p. 55), Suassuna autoriza uma paráfrase que destaca a importância de não permitir que o capitalismo determine nosso destino inevitável: a morte. Saldanha conclui sua obra afirmando: “Com este livro-manifesto, convido os leitores a persistirem na luta, mesmo quando parecer sem esperança. Afinal, a Terra é a nossa única casa comum no Cosmos!”  

O livro integra a seção Edições Livres, do Portal de Livros Acesso Aberto Porto Livre, do Icict/Fiocruz, e pode ser baixado gratuitamente pelo link: https://portolivre.fiocruz.br/node/2404

Toda a estrutura do livro é feita em cordel, desde os agradecimentos, passando pela apresentação e as duas partes do texto, até informações sobre o autor. A capa é de Mauro Campello, do Multimeios, e o projeto gráfico é de Thays Countinho, do Dicionário de Favelas Marielle Franco, ambos do Icict.

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