25/02/2019
Por: Cristiane Boar (VPPCB/Fiocruz)
Pela primeira vez, a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz) recebeu um médico pesquisador visitante por meio do Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (TDR, em inglês). A iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) seleciona candidatos de diferentes nacionalidades, que venham de países com recursos limitados e que tenham interesse em ampliar conhecimento em doenças negligenciadas.
Há um ano no Brasil, a médica Clarisse Dah veio de Burquina Faso, na África Ocidental, para iniciar o treinamento na Plataforma de Pesquisa Clínica da VPPCB via seleção internacional. Aprovada também para um instituto na Alemanha, a pesquisadora escolheu a Fiocruz por conta do portfólio de malária - doença que é a principal causa de morte em seu país - e a expertise da Fundação no tema.
Clarisse, além de atuar como clínica geral no atendimento de pacientes na capital Uagadugu, também trabalhou no Centro de Pesquisa em Saúde (CRSN, em francês) de Burquina, para onde pretende voltar assim que concluir o programa na Fiocruz no fim de fevereiro.
A chegada ao Brasil trouxe muitos desafios, como aprender português rapidamente sem nunca ter estudado o idioma. Clarisse, que fala francês em seu país, não teve dificuldades e em poucos meses de curso já podia se comunicar em português com toda a equipe de trabalho. O programa TDR financia, além das passagens e moradia para os cientistas, cursos para aprender a língua do local visitado.
A pesquisadora que já trabalhou com doenças febris em seu país, ampliou sua área de atuação nos doze meses que passou na Fiocruz e poderá aplicar o aprendizado a sua rotina, em Burquina Faso. “Aqui na Fiocruz recebi treinamento em RedCap, ferramenta de gerenciamento de dados em pesquisa que quero levar para usar no meu trabalho e replicar esse conhecimento para outros profissionais, pois essa captação é muito dinâmica e ajuda o pesquisador, mas lá não usamos ainda”, ressaltou Clarisse.
Além do treinamento em RedCap, a experiência na VPPCB permitiu também a Clarisse o conhecimento para escrever um protocolo de pesquisa desde o início e a elaborar parâmetros clínicos que poderão ser aplicados para otimizar seu trabalho.
A gerente de projetos da Plataforma de Pesquisa Clínica, Karla Gram, destaca que além da capacitação do pesquisador visitante, a integração com a equipe é fundamental para o sucesso da parceria. “A troca de experiência enriquece o processo de forma total. A Clarisse participou do curso de Boas Práticas Clínicas (BPC) enquanto ficou no Brasil e levará esse conhecimento na bagagem, junto com a execução de tarefas. Ela visitou unidades e realizou o trabalho de monitoria e isso certamente vai ajudar a elaborar um trabalho mais completo em Burquina Faso”.
Clarisse comemora o ano que passou no Brasil “Eu já tinha ouvido falar muito sobre o Rio de Janeiro, mas foi muito bom conhecer o trabalho aqui de perto na Plataforma de Pesquisa Clínica, porque vou usar todo esse aprendizado para buscar recursos para melhorar a pesquisa no meu país”, disse a pesquisadora.
A próxima seleção de pesquisador visitante pelo TDR para a Fiocruz será em abril.
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