O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa. A doença é causada pelo Morbillivirus e é muito comum na infância, mas também pode acometer adultos. As complicações infecciosas contribuem para a gravidade do sarampo, que pode, inclusive, levar a morte do paciente.
Os sintomas da doença se iniciam entre 8 a 12 dias após o indivíduo ter tido contato com o vírus. São eles: febre, tosse, secreção intensa, nariz escorrendo ou entupido e irritação nos olhos. Após dois a três dias do início desses sintomas, podem aparecer manchas vermelhas no rosto, atrás das orelhas e espalhadas por outros locais do corpo do infectado. O sarampo pode, ainda, causar infecção nos ouvidos, pneumonia, doenças neurológicas e até matar, principalmente menores de 5 anos, grávidas e pacientes imunocomprometidos.
O diagnóstico da doença é, basicamente, clínico, embora exista a possibilidade de confirmação sorológica (de referência).
O sarampo é uma doença prevenível por vacinação. Para que seja possível interromper a transmissão é preciso que pelo menos 95% da população esteja vacinada. A proteção contra a doença é feita com três tipos de vacina. Os imunizantes são oferecidos nas unidades de saúde do país de forma gratuita em qualquer época do ano.
A vacina do sarampo é recomendada aos 12 meses de vida, através da vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola. Uma segunda dose deve ser ministrada aos 15 meses de vida com a vacina tetra viral, que protege a criança do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora). Além disso, em alguns estados, devido à preocupação com surtos de sarampo, é recomendada a aplicação da chamada “dose zero” da vacina para crianças entre 6 e 11 meses de idade.
Dentre os adultos, os trabalhadores de portos e aeroportos, hotelaria e profissionais do sexo apresentam maiores chances de contrair sarampo, devido à maior exposição a indivíduos de outros países que não adotam a mesma política intensiva de controle da doença. Assim, os adultos que não forem vacinados contra o sarampo também devem tomar a vacina. Adultos não vacinados até os 29 anos devem tomar duas doses da vacina tríplice viral, com intervalo de um mês entre elas. Dos 30 aos 50 anos, é recomendada apenas uma dose da vacina.
A vacina contra o sarampo não pode ser aplicada em gestantes, pessoas com imunidade baixa por doença ou uso de medicação, crianças e adultos com HIV.
Não há tratamento específico disponível para o sarampo. Existem alguns estudos com a utilização de Ribavirina em indivíduos imunocomprometidos. Porém, essa medicação não é licenciada para o tratamento do sarampo. A Vitamina A também é subministrada em casos mais graves. Em casos menos graves, ingestão de líquido e controle da febre evitam complicações.
A transmissão do sarampo ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio da doença. Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados. O sarampo é uma das mais transmissíveis de todas as doenças infecciosas: a taxa de ataque em um indivíduo suscetível exposto ao sarampo é de 90% em ambientes de contato próximo.
O Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) dedica-se à pesquisa de vírus respiratórios, sarampo e rubéola. Empenha-se no estudo da virologia, epidemiologia, diagnóstico e avaliação de vacinas, atuando em parceria com diversas instituições internacionais. Atualmente, o Laboratório é credenciado como Referência Regional para Sarampo e Rubéola pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Referência Nacional pelo Ministério da Saúde, e como Centro de Referência Nacional em Influenza junto ao Ministério da Saúde e OMS.
Além disso, o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) realiza análises de controle da qualidade das vacinas durante todo o ano. No local, os imunizantes passam por testes de análise de protocolo, potência, termoestabilidade, teor de umidade residual e esterilidade, envolvendo os departamentos de Imunologia, Microbiologia e Química. Esse controle de qualidade garante que a vacina proteja a população com segurança.