A meningite é uma inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença pode ser desencadeada por vários tipos de agentes, sendo os principais, vírus e bactérias. No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, ou seja, casos são esperados ao longo de todo o ano, sendo mais comum a ocorrência das meningites bacterianas no inverno e das virais, no verão. A meningite bacteriana, mais frequente em nosso país, é causada por uma bactéria vulgarmente denominada de meningococo. Trata-se de uma doença grave, que envolve o sistema nervoso central e pode levar à morte. A meningite atinge pessoas de todas as idades, sendo as crianças menores de cinco anos, adolescentes e idosos normalmente os mais afetados.
Os sintomas da meningite começam, normalmente, com mal-estar geral, febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Em crianças pequenas, há também o inchaço da moleira (topo da cabeça). Após o início da febre e dor na garganta, surgem dores nas articulações e nos músculos. Entre o primeiro e o segundo dia de doença, surgem lesões hemorrágicas com rápida disseminação por toda a pele.
O diagnóstico da doença é feito a partir da suspeita clínica e confirmado através de exames de sangue e da análise do líquido cefalorraquidiano, um fluído biológico. O paciente deve ser isolado e a doença deve ser notificada à autoridade local de saúde.
O diagnóstico precoce reduz o agravamento da doença, sobretudo nas formas bacterianas, onde a administração do antibiótico de forma precoce pode diminuir as complicações e a mortalidade.
A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção da meningite bacteriana. As vacinas disponíveis no calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização são:
• Vacina meningocócica C (conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C. Deve ser aplicada aos 3 e 5 meses de idade, com reforço aos 12 meses de idade.
• Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite. A primeira dose deve ser aplicada aos 2 meses de idade, a segunda dose aos 4 meses de idade, e uma dose de reforço aos 12 meses de idade ou até os 4 anos de idade.
• Vacina meningocócica ACWY (conjugada): também conhecida como vacina conjugada quadrivalente, protege contra os quatro sorogrupos de meningococos responsáveis pelas doenças meningocócicas: A, C, W e Y. Deve ser aplicada uma dose para adolescentes de 11 e 12 anos de idade. Contudo, até junho de 2023 o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde oferece o imunizante também para adolescentes entre 13 e 14 anos.
• Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. O esquema básico corresponde a 3 doses, administradas aos 2, aos 4 e aos 6 meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses. São necessárias, ainda, doses de reforço com a vacina DTP aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
Devido à gravidade do quadro clínico, os casos suspeitos de meningite sempre são internados nos hospitais, por isso, ao se suspeitar de um caso, é urgente a procura por um pronto-socorro hospitalar para avaliação médica. Para tratamento das meningites bacterianas, faz-se uso de antibioticoterapia em ambiente hospitalar, com drogas de escolha e dosagens terapêuticas prescritas pelos médicos assistentes do caso. Recomenda-se ainda o tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência.
Para as meningites virais, na maioria dos casos, não se faz tratamento com medicamentos antivirais. Em geral, as pessoas são internadas e monitoradas quanto a sinais de maior gravidade, e se recuperam espontaneamente. Porém, alguns vírus como herpes vírus pode vir a provocar meningite com necessidade de uso de antiviral específico. A devida conduta sempre é determinada pela equipe médica que acompanha o caso.
Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta, como tosse, espirro e troca de saliva. A transmissão fecal-oral (ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes) é de grande importância para a meningite viral. O período de incubação varia de acordo com o tipo de meningite, mas é em média de 2 a 4 dias.
O Laboratório de Epidemiologia e Sistemática Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) desenvolve estudos de epidemiologia de campo e molecular de doenças infecciosas e parasitárias de importância para a saúde pública, com ênfase para a epidemiologia de campo e molecular de etiologias bacterianas de meningite aguda, entre outras enfermidades. São realizados estudos clínicos e epidemiológicos, pesquisas sobre a resistência aos antimicrobianos e o desenvolvimento de métodos moleculares para o diagnóstico e a tipagem de microorganismos.
O Laboratório de Enterovírus também do IOC realiza pesquisas e desenvolve técnicas moleculares visando o estudo dos agentes virais envolvidos em síndromes do SNC, com ênfase em paralisias flácidas agudas e meningites virais.
Por sua vez, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) realiza a produção a vacina meningocócica AC desde a década de 1970, graças a um acordo de cooperação técnica com o Instituto Mérieux, da França. Já a vacina pneumocócica 10-valente conjugada também é produzida por Bio-Manguinhos e foi incluída no Calendário Básico de Vacinação em março de 2010.