A partir da experiência e reflexões da Residência Multiprofissional em Saúde da Família na Fiocruz, a pesquisadora Maria Alice Pessanha (ENSP/ Fiocruz) aborda a importância da formação de profissionais de saúde no âmbito do SUS e das políticas sociais em conexão com a saúde. Aponta a importância da superação da concepção restritiva de Recursos Humanos para a constituição do campo da Educação Profissional, apesar de identificar uma negligência histórica com o tema. A mudança cultural a ser desenvolvida na construção do SUS exige trabalhadores formados e qualificados, principalmente no caso da Atenção Primária em Saúde. Nesse sentido, pensar processos formativos exige uma escuta intensificada daquilo que é significativo para esse trabalhador, entender suas necessidades, construindo currículos que tenham a dialogicidade como princípio norteador. Abrir espaço para os trabalhadores falarem das suas necessidades de formação assim como também aos usuários através da participação social.

Para a pesquisadora, os currículos para programas e processos formativos precisam ser construídos com a perspectiva da construção compartilhada do conhecimento. Outro ponto importante é considerar o contexto e o território onde acontecem as ações de saúde, os aspectos políticos e sociais que constituem o contexto de vida dos usuários. A educação profissional no formato de residências tem uma característica fundamental, que é o fato de qualificar ao mesmo tempo o trabalhador/estudante e a rede, desenvolvendo processos de Educação Permanente em serviço.

Coloca como desafio a discussão da interdisciplinaridade, multiprofissionalidade e interprofissionalidade, ressaltando que esses conceitos vão muito além de profissionais trabalhando juntos. Lembrou a importância de desenvolver estratégias pedagógicas integradoras e espaços de produção conjunta de conhecimento entre as categorias profissionais. A produção de um alargamento do conhecimento comum entre as diversas categorias para construção de um processo de atuação conjunto, alinhamento de ações e trabalho coletivo. Para tanto, o conhecimento compartilhado exige a atitude de abertura para o outro, o diálogo e a cooperação.

O vídeo integra o site do Portfólio de Práticas Inspiradoras em Atenção Psicossocial produto da pesquisa “Desafios para a saúde mental na atenção básica: construindo estratégias colaborativas, redes de cuidado e abordagens psicossociais na Estratégia de Saúde da Família" desenvolvida na EPSJV com o apoio do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde PMA/VPPCB/Fiocruz. Para acessar mais conteúdos do Portfólio, acesse: http://portfoliodepraticas.epsjv.fiocruz.br/