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Gestão e construção de redes

Gestão e construção de redes

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A professora e pesquisadora Rosana Onocko Campos (UNICAMP) aborda o tema da gestão participativa na saúde coletiva como algo que acontece no cotidiano, definindo-a como o modo que a gente se organiza para fazer as coisas acontecerem. Aponta que historicamente temos uma concepção autoritária, aquela em que alguém pensa e manda, e uma outra forma de gestão, que seria compartilhada, participativa e colaborativa. Outra característica da gestão compartilhada é estar na base do tecido social em que se formam coletivos e comunidades.

Ressalta que uma dificuldade presente em muitos projetos e dispositivos assistenciais é a dificuldade das pessoas em conseguirem manter uma atitude que favoreça a participação. Na saúde mental isso seria essencial para favorecer a participação de usuários que são inibidos em sua expressão social por um histórico de exclusão. Ressalta o fato da nossa longa história política ter se dado dentro de modelos autoritários, moldando nossas identidades, criando racismo estrutural, o machismo estrutural, entre outros. Para combater uma tendência natural de repetir essa cultura, é preciso ficarmos atentos, pensar cada gesto, aprender a compartilhar, negociar, pactuar e compor interesses diversos.

No campo da atenção psicossocial lidamos com pessoas que sofrem e têm dificuldade de habitar as relações sociais, por isso precisamos ser acolhedores e ativos para ajudá-las a melhorar, a participar da construção e formulação dos serviços. Alerta para o risco permanente de reproduzirmos práticas autoritárias e fechadas em si mesmas, produzindo comportamentos infantilizantes e mais exclusão. A gestão participativa e colaborativa precisa, portanto, de gestos ativos, porque a inclusão não acontece automaticamente apenas porque temos serviços acolhedores. Ela é essencial para produzir autonomia, esta entendida não como autossuficiência, mas sim como uma relação de dependência a uma rede ampla e variada de apoio social.

Para a pesquisadora, não há tratamento na saúde mental se não saímos de uma lógica vertical e prescritiva, onde os saberes psiquiátricos, psicológicos e outros digam ao outro como tem que viver. A experiência de vida é do usuário e nossos conhecimentos e intervenções devem ser colocadas a serviço dele, ouvindo o saber que construiu sobre si mesmo. Reafirma a importância da gestão democrática e participativa como uma lógica a ser priorizada na saúde mental.

O vídeo integra o site do Portfólio de Práticas Inspiradoras em Atenção Psicossocial produto da pesquisa “Desafios para a saúde mental na atenção básica: construindo estratégias colaborativas, redes de cuidado e abordagens psicossociais na Estratégia de Saúde da Família" desenvolvida na EPSJV com o apoio do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde PMA/VPPCB/Fiocruz. Para acessar mais conteúdos do Portfólio, acesse: http://portfoliodepraticas.epsjv.fiocruz.br/

Data do vídeo: 
23/03/2021 - 18:05
Canal do vídeo: 
EPSJV - Fiocruz

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