Abrir o conhecimento por meio de livros acadêmicos - esse foi um dos grandes destaques da mesa de abertura “O Livro para a Ciência e a Cultura: quais estantes, quais alcances?", realizada como parte das celebrações do aniversário de 30 anos da Editora Fiocruz [1] no dia 24 de maio na Sala de Leituras da Biblioteca Central de Manguinhos. Participaram do debate a vice-presidente da Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz e diretora da Editora, Cristiani Machado; o editor científico da Editora Fiocruz, Gilberto Hochman, o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi; o recém-eleito presidente da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU), Jézio Gutierre; e o diretor do Programa SciELO/Fapesp, Abel Packer.
Editora Fiocruz como instrumento estratégico para abrir conhecimento acadêmico
Desde 2014, a Fiocruz tem sua Política de Acesso Aberto ao Conhecimento [2], elaborada para garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz. Ao longo dos últimos 10 anos, a Editora Fiocruz se tornou um importante instrumento disseminação, acessibilidade, e, consequentemente, visibilidade do conhecimento gerado na instituição.
Durante o evento, o editor científico Gilberto Hochman reafirmou, entre muitos outros compromissos, o seu comprometimento com a democratização do conhecimento, a qualidade e a potência do conhecimento e com a educação pública e a valorização do livro acadêmico e universitário em qualquer formato. Lembrando a emergência sanitária do Covid-19, o editor destacou o valor inestimável do Acesso Aberto a periódicos e livros.
“As editoras estrangeiras abriram temporariamente o acesso a uma parte dos seus livros como uma espécie de dádiva dos seus proprietários, dos grandes conglomerados editoriais. E voltaram aos bons negócios, fechando tudo, quando a crise declinou. A Editora Fiocruz e outras editoras, via plataforma Scielo já o fazem desde 2012 - não como ação filantrópica e eventual, mas como política pública, como compromisso com os recursos da sociedade brasileira.”, destacou.
Obras da Editora Fiocruz estão entre as mais acessadas no Scielo Livros
Quem também destacou o impacto da democratização do conhecimento da Editora Fiocruz [3] a partir da sua estratégia de promover o Acesso Aberto a livros acadêmicos foi Abel Paker, diretor da plataforma Scielo Livros [4]. “Dos vinte livros mais acessados na Scielo, treze são da Fiocruz, incluindo os três primeiros lugares. Isso mostra que o acesso a livros tem um impacto muito grande” disse o diretor. Para Abel, a Ciência Aberta é a perspectiva que as editoras universitárias devem ter. “O desafio que a Editora Fiocruz é discutir como o livro acadêmico se insere na Ciência Aberta, abrindo o processo, abrindo para todo mundo e com a inserção da sociedade também” declara o diretor.
A Editora Fiocruz, em parceria com as editoras da UFBA e da Unesp, OPAS e Bireme, é membro fundador do consórcio que elaborou e implementou o Scielo Livros. O portal, lançado em 2012, com o objetivo maximizar a visibilidade, acessibilidade, uso e impacto das pesquisas, ensaios e estudos acadêmicos, oferece hoje um acervo de 1.828 títulos, sendo 1.147 disponíveis em Acesso Aberto. Atualmente, estão disponíveis no Scielo cerca de 399 títulos da Editora Fiocruz, sendo que 60% em Acesso Aberto (244 obras), totalizando mais de 50 milhões de downloads entre os 116 milhões acumulados pela plataforma.
Editoras universitárias demandam políticas públicas de Acesso Aberto
O presidente da ABEU, Jézio Gutierre, considera Editora Fiocruz emblemática e lembrou que a ciência depende da comunicação na medida em que novas descobertas e enunciados dependem da aceitação crítica por uma comunidade de pares. “É fundamental que as editoras universitárias e as instituições de ensino se interessem pela disseminação dos seus conteúdos da maneira mais democrática possível. [...] Uma coisa que nos une é que nós precisamos fazer com que este país persiga uma política de Estado privilegiando o Acesso Aberto. Isto vai ser fácil? Não. Mas precisamos fazer” conclui o dirigente da ABEU.
Livros científicos a serviço da sociedade brasileira
A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação e Diretora da Editora Fiocruz, Cristiani Machado lembrou a relevância da editora no cenário nacional e latino-americano, destacando diversas inovações criadas durante a pandemia para aumentar o acesso e a difusão de livros com a produção de vídeos com os autores, lançamentos simultâneos nos formatos on-line e impresso e os instant books Informação para Ação na Covid-19, que foram produzidos e publicados muito rapidamente para atender à demanda da sociedade em plena emergência sanitária.
Comentando o lançamento do primeiro livro, Tópicos em Virologia [5], da Coleção Bio, que reúne pesquisas nos campos das biociências e biotecnologias em linguagem acessível para o público não especializado, a vice-presidente destacou a relação entre acesso ao conhecimento e garantia de direitos.
“A escolha desse tema não é à toa, pois todo mundo virou um pouco cientista durante a pandemia e, diante da disseminação da doença, de notícias falsas e todo aquele processo duríssimo que vivemos, com vários tipos de violência, foi extremamente importante ter essa comunicação mais acessível. Isso tem a ver com o direito ao conhecimento que condiciona o acesso a vários outros direitos”, enfatizou.
Confira a transmissão ao vivo pela VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz
Fotos: Raquel Portugal