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Universidade de Michigan e Fiocruz combinam diversas ações de cooperação


15/08/2013

Por: Danielle Monteiro/ Agência Fiocruz de Notícias

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Em simpósio ocorrido na sexta-feira (9/8), pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) e da Fiocruz definiram ações de cooperação nos campos de doenças crônicas; saúde da mulher e da criança; saúde e meio ambiente; e história da medicina, saúde e ciências humanas.

Promovido pela Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fundação, com apoio do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), o encontro é desdobramento de visita da reitora da instituição acadêmica, Mary Sue Coleman, à instituição em setembro passado, quando foi selada parceria entre as duas instituições para os próximos cinco anos.

Bancos de Leite Humano e estudos em doenças crônicas

Entre as ações definidas, está o desenvolvimento de um Banco de Leite Humano (BLH) na Universidade de Michigan, baseado no modelo de BLH liderado pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Os Estados Unidos contam com 13 bancos de leite humano e a universidade conta com um programa de aleitamento materno. A expectativa é de que o BLH seja instalado em dois anos.

"Como a universidade não dispõe de um banco de leite humano, dependemos dos BLHs espalhados pelo país para fazer nosso trabalho. Com a concretização dessa parceria, poderemos realizar todo o processamento do leite humano na universidade e, com isso, reduzir nossos custos", disse a professora de pediatria da Universidade de Michigan, Lisa Hammer.

Após um dia de visita ao BLH liderado pelo IFF/Fiocruz, ela contou que ficou admirada com o trabalho lá realizado. "Fiquei impressionada com como o leite humano é muito bem processado e testado e como eles conseguem combinar alta qualidade com baixo custo", disse. As duas instituições vão promover conferências de telemedicina para a discussão de práticas de amamentação, de oportunidades de pesquisa e para a definição de um plano de ação. "A iniciativa também inclui o treinamento de nutricionistas e pediatras no BLH no Brasil", adiantou.

Em novembro deste ano pesquisadores da universidade farão uma visita aos bancos de leite humano brasileiros e, em contrapartida, um grupo da Fundação vai visitar a instituição acadêmica em 2014.  O coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, João Aprígio, destacou que a parceria não se trata somente de uma transferência de tecnologia, mas também da construção de uma relação mais estreita entre dois grupos que enxergam a importância do aleitamento materno.

"Com a cooperação, poderemos avaliar, com bases epistemológicas sólidas, a aplicabilidade brasileira no contexto da sociedade americana, que se pauta em referências culturais diferentes no que tange a amamentação", afirmou.

Já no campo de doenças crônicas, as ações vão envolver produção de pesquisas acerca das diferenças raciais no contexto da saúde. Serão analisados, entre outras questões, fatores que contribuem para essas diferenças raciais em ambos os países, além da heterogeneidade geográfica dessas diferenças raciais, bem como os fatores associados a ela. A iniciativa também vai englobar estudos dos determinantes sociais e das consequências sociais da doença, além de indicadores de enfermidades crônicas e deficiências no Brasil. Em fevereiro do ano que vem será realizado um seminário via web para a definição dos planos de ação. "Esses estudos vão nos ajudar a entender as causas sociais e biológicas primárias das diferenças raciais no contexto da saúde nos dois países. É muito importante para a saúde pública ter uma compreensão acerca disso", justificou a epidemiologista Ana Diel, da Escola de Saúde Pública da universidade.

História da ciência e saúde e saúde e meio ambiente

As ações conjuntas também vão se dar no campo da história das doenças cardíacas. Segundo a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Histórias da Ciência e da Saúde da COC/Fiocruz, Simone Kropf, a ideia é estabelecer uma comparação entre o Brasil e os Estados Unidos no que se refere ao desenvolvimento dessa área, em torno da figura do cardiologista americano Frank Norman Wilson, fundador e diretor da Heart Station, do Hospital da Universidade de Michigan. Wilson esteve no Brasil em 1942 para dar um curso de eletrocardiografia, que foi assistido por outros renomados profissionais da medicina nacional interessados nos problemas cardíacos. "Vamos abordar as técnicas médicas e a produção de conhecimento nos espaços em que esse debate ocorreu", explicou Simone.

Ainda entre as ações, está a produção de pesquisas nas áreas de raça e saúde em uma perspectiva multidisciplinar; e de urbanismo, pobreza e saúde, abordando o trabalho de campo do antropólogo americano Anthony Leeds nas favelas do Rio de Janeiro. A proposta é produzir artigos em conjunto com o grupo que vai trabalhar as ações no campo de doenças crônicas. Em agosto de 2014 serão promovidos na Fundação dois cursos de pós-graduação de curta duração, focados nessas temáticas, com a participação de alunos e professores das duas instituições.

As doenças transmitidas pela água, o monitoramento e avaliação da saúde ambiental, as mudanças climáticas e eventos por elas causados e a produção de pesquisa em zoonose serão o foco das ações firmadas no campo de saúde e meio ambiente. As iniciativas vão integrar treinamentos, cursos de pós-doutorado e intercâmbio financiados pela Fiocruz. "Vamos desenvolver métodos para avaliar a aceitabilidade e o custo-benefício de diferentes métodos de descontaminação da água na zona rural amazônica", revelou o epidemiologista da Escola de Saúde Pública da universidade, Joe Eisenberg.

Leia mais na Agência Fiocruz de Notícias.

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