Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

Último seminário do ciclo de diálogos com os trabalhadores aborda Saúde mental


18/08/2020

Ascom/Cogepe

Compartilhar:

Na manhã do dia 12/8 (quarta-feira) foi transmitido em tempo real, via YouTube, o último dos três seminários do ciclo de Diálogos com os Trabalhadores, evento que debateu os efeitos da pandemia no trabalho. A iniciativa foi promovida pela Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe) juntamente com a Coordenação Institucional para as ações de implementação do Plano de Contingência da Fiocruz diante da Pandemia da Covid-19. O seminário cujo tema foi: Aspectos psicossociais do mundo do trabalho na pandemia teve como convidados os psicólogos Marcello Rezende (CST/Cogepe), Luciana Cavanellas (CST/Cogepe) e Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília. A coordenadora de Saúde do Trabalhador na Fiocruz – também psicóloga – Sônia Gertner, mediou a atividade, que foi aberta pela coordenadora da Cogepe, Andréa da Luz. Clique aqui e acesse o vídeo com a transmissão completa do evento.

Tempo, espaço e condições

A diretora da Fiocruz Brasília, Maria Fabiana Damásio, destacou a Tese 11 do VIII Congresso Interno como ponto de demarcação das ações internas e externas que vem sendo realizadas pela Fiocruz e que refletem a prioridade para a construção de reflexões sobre os processos de trabalho. “Quando a gente se vê nesse momento grave, as pautas precisam ser ampliadas em função do que começou a emergir como necessidade que abrange todos os trabalhadores, colocando como premissa básica o cuidado, a convivência segura, considerando todos os esforços que vem sendo envidados pelos trabalhadores, gestores e pela presidência para desenvolver ações no enfrentamento à Covid”, explicou.

Fabiana defendeu que é preciso fazer a conexão entre diversos debates como forma de balizar o trabalho. Ao pensar os problemas de saúde mental decorrentes da pandemia, Fabiana apresentou uma proposta de divisão em três pilares discutido por pesquisadores: tempo, espaço e condições. Em relação ao tempo, a diretora destacou a ausência de limites entre o trabalho e a vida pessoal, além da lógica diferente entre as gerações que coabitam os espaços institucionais, interferindo na incorporação de tecnologia e na forma de lidar com a realidade de trabalho. Fabiana lembrou também, se referindo ao espaço, da não mais existência de fronteiras e a relação com as desigualdades sociais. Os desafios do trabalho remoto pontuam o pilar das condições que garantam a retomada de atividades presenciais e da convivência segura.

Ações da CST na pandemia

Marcello Rezende, chefe do Núcleo de Psicologia da Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST/Cogepe) salientou que o chamado “mal-estar contemporâneo” observado com mais frequência durante a pandemia, na verdade, é um fenômeno que vem crescendo desde antes da pandemia e destacou como a saúde do trabalhador está cuidando dos profissionais da Fiocruz nesse momento.

“Traçamos estratégias comuns, para como lidar com a questão do sofrimento de saúde mental na pandemia, além disso, participamos da construção de um grupo de profissionais, que está dando apoio aos trabalhadores da linha de frente do Centro Hospitalar, para isso, recebemos um treinamento oferecido pela organização Médicos sem Fronteiras, que possui experiência em situação de emergência sanitária. Em parceria com eles, conseguimos articular ações em todas as unidades e criamos uma rede de psicólogos voluntários, com profissionais de nossa confiança, para dar um suporte psicológico mais contínuo aos trabalhadores da Fiocruz durante esse período”. Explicou Marcelo, que ressaltou ainda a abrangência das ações: “essa rede, tem como objetivo ser mais sistemática e contínua, não apenas como plantão e nem como uma terapia breve, mas que pudesse dar suporte aos trabalhadores e seus familiares. E continuamos oferecendo atendimento psiquiátrico, em parceria com profissionais IFF e do INI, para trabalhadores, independente do vínculo e seus familiares, que precisem pontualmente de um acompanhamento psiquiátrico”.

Reforçando o teor das ações que o Núcleo, no âmbito CST, tem desenvolvido, Luciana Cavanellas, psicóloga do Projeto de Saúde Mental e Trabalho do Programa Fiocruz Saudável, destacou como tem sido a rotina de trabalho dos psicólogos que estão lidando diretamente com o cuidado mental da comunidade Fiocruz. “Além do atendimento na ponta, que todos sabem que a psicologia da CST presta, ressalto que a saúde mental se faz no cotidiano, nas condições, processos e relações de trabalho, isso depende de todos nós, por isso, queremos propor um momento de discussão sobre como vamos continuar, para pensarmos juntos de que maneira podemos ajudar nesse desafio do trabalho híbrido, no qual algumas equipes estão em casa, enquanto outras estão presencial. Podemos estar juntos, ouvindo, intervindo quando necessário e pensando em espaços, ainda que virtuais, para escutar e discutir com os gestores, que agora mais do que nunca, precisarão cuidar e incluir as singularidades de suas equipes, com suas fragilidades e pontos de força e apoio. Sabemos que não é fácil, mas estamos dispostos e disponíveis para estar com vocês nesse momento”, frisou a palestrante.

Trabalho coletivo como um valor

A mediação do debate ficou a cargo de Sônia Gertner, chefe CST/Cogepe, que enalteceu as falas e destacou pontos de convergência entre elas, como por exemplo, os desafios de transformação nesses tempos de pandemia, o luto como uma questão de saúde pública, a dor presente nas situações e a necessidade de aprender com ela. Sônia enfatizou ainda o processo histórico da humanidade no sentido de nos perguntarmos como estávamos antes e se esta é a situação que desejamos para nós.

Finalizando o encontro, Andréa da Luz destacou positivamente o aspecto afetivo da mesa e ressaltou que a instituição tem se resguardado e acompanhado todas as diretrizes e movimentações legais acerca do trabalho remoto e dos cuidados com a rotina presencial dos serviços essenciais. A exemplo dos encontros anteriores a diretora da Cogepe também demonstrou preocupação com as condições de trabalho ofertadas a todos os profissionais da instituição e destacou novamente a coletividade do trabalho como um valor institucional. Ao término da atividade, deixou um convite e desafio a todos: a manutenção de diálogos. “Eu queria concluir essa atividade com uma convocação institucional para que a gente tenha espaços de conversação interna sobre o que estamos passando nesse momento da pandemia”, conclamou.

Com esta terceira rodada de debates, a Cogepe encerra o ciclo de eventos Diálogos com Trabalhadores.

Três seminários no Youtube

Os três seminários que compuseram o ciclo de diálogos com os trabalhadores da Fiocruz estão disponíveis no Youtube, conforme relação abaixo:

Seminário 1: Os impactos da pandemia do novo coronavírus no mundo do trabalho (Canal VideoSaúde/Icict)

Seminário 2: Os vários aspectos do teletrabalho: organização e saúde (Canal Cogepe)

Seminário 3: Aspectos psicossociais do mundo do trabalho na pandemia: novos sujeitos trabalhadores? (Canal Cogepe)

 

Voltar ao topoVoltar