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Trabalhadoras da Creche vão ao Pará e Santa Catarina para conhecer iniciativas de agroecologia

17/07/2023

Giana Pontalti

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A Creche Fiocruz avança no estudo e na prática da agroecologia. Neste mês de julho, a administradora Ivania Barros e a professora Luciene Mello viajaram com grupos de trabalhadores da Fiocruz para conhecer iniciativas de agroecologia de todo o Brasil.

Ivania esteve presente no Seminário Nacional de Educação em Agroecologia, realizado de 4 a 7 de julho, na cidade de Castanhal, no Pará. Promovido no Instituto Federal do Pará, o III Seminário teve como tema “Construindo caminhos para o fortalecimento dos territórios do Bem Viver”. “Foi muito gratificante participar deste evento. Nos tapiris dos saberes - espaços de trocas em pequenos grupos -, ora havia gente falando do fomento de hortas em escolas, ora tinha gente falando do agricultor ribeirinho, uma riqueza. Também tivemos a oportunidade de falar do que estamos fazendo aqui na Creche Fiocruz”, afirmou.

A agroecologia é destaque no plano pedagógico da instituição. “Na área administrativa, estamos trabalhando em um projeto para comprar alimentos de agricultores familiares”, contou Ivania, reforçando a sinergia de toda a creche. “O pensamento agroecológico deve ser sistêmico, perpassa as ciências agrícolas e chega ao meio urbano. O seminário reforçou que a agroecologia não é apenas uma preocupação do pequeno produtor - é de todos nós”, disse.

No Seminário Nacional não houve um debate específico sobre a agroecologia na infância, ainda que iniciativas na educação infantil estejam se multiplicando. “Vimos que ações estão brotando em vários lugares do país, o mesmo que acontece por aqui”, disse Ivania, entusiasmada. Prova disso é a criação, ainda em 2021, do GT Infâncias na Associação Brasileira de Agroecologia.

A professora Luciene Mello é um exemplo de multiplicação desse saber. Ela implementou uma composteira em casa para tratar os resíduos orgânicos e, logo depois, junto à vizinhança do prédio onde mora.

Nos dias 4 e 5 de julho, Luciene participou de intercâmbio junto à ONG Centro de Estudos e Promoção da Agricultura em Grupo (Cepagro), no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A professora integrou um grupo da Fiocruz que foi a Florianópolis conhecer os métodos de compostagem em leiras, em diferentes escalas.

Durante dois dias, o grupo visitou a Cepagro, a Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil (Eletrosul), a sede da Revolução dos Baldinhos, o hotel do Sesc e a Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap). “Buscamos conhecer os

métodos de compostagem para avaliarmos a possibilidade de compostar todos os resíduos orgânicos gerados nos restaurantes na Fiocruz e na creche”, explicou.

Na Eletrosul, o grupo conferiu os projetos de captação de água da chuva, horta e compostagem. Na sede da Revolução dos Baldinhos, conversaram sobre o trabalho feito junto às comunidades. No hotel do Sesc, conheceram o trabalho de preservação da vegetação nativa e das abelhas nativas sem ferrão, da horta e da compostagem, feita com a coleta de resíduos do restaurante. Na Comcap, empresa responsável pela limpeza urbana e coleta de resíduos sólidos de Florianópolis, conheceram as leiras. “Eles contam com 14 leiras que são alimentadas com o auxílio de um trator. Conhecemos o trabalho deles e, também, o Museu do Lixo, abastecido com objetos descartados”, pontuou.

Luciene e Ivania dividem, agora, o que aprenderam nos eventos com todos os trabalhadores da creche. “A agroecologia é um caminho sem volta. A partir do momento que você toma consciência da importância de conservar o meio-ambiente, de plantar, de não desperdiçar, a não permitir que haja trabalho escravo ou infantil, é para sempre. É prazeroso saber que você está fazendo a sua parte no seu lar, no trabalho, na comunidade, no planeta”, finaliza Luciene.

Você sabe o que é agroecologia?

O termo agroecologia une agricultura e ecologia. O conceito é amplo e tem diferentes vieses. O sanitarista André Burigo, que atua na coordenação da Agenda de Saúde e Agroecologia da Fiocruz, explica o conceito aplicado à Creche:

“A creche avançou rapidamente na incorporação da agroecologia em sua complexidade: por um lado, um conjunto de práticas pedagógicas estão sendo fortalecidas de forma coerente (alimentação, horta, compostagem, abelhas sem ferrão, entre outras), por outro, tem um viés mais filosófico, que se relaciona com as grandes questões da humanidade hoje. Se não prepararmos as gerações que estão nascendo, desde a primeira infância, para entender os cuidados que precisam ter com a natureza, que futuro elas vão ter? Essas gerações terão desafios enormes, que já enfrentamos hoje. A agroecologia, nesse contexto, tem uma dimensão de reconexão, de desenvolvimento de uma perspectiva biocêntrica, onde toda forma de vida tem valor”.

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