12/06/2015
Por: Graça Portela (Icict/Fiocruz)
Será no dia 13/6, sábado, na Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins (Abenepi), a palestra Como eu trato riscos de suicídio na infância e adolescência, com o pesquisador Carlos Estellita-Lins, do Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saúde (LICTS/Icict).
Voltado para profissionais e alunos da área de saúde e educação, o tema é atual e o pesquisador, psiquiatra, psicanalista e coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção ao Suicídio (PesqueSUI), fala abaixo sobre o crescimento dos números de casos no país e também sobre alguns aspectos que levam adolescentes e crianças a cometerem suicídio.
Como estão os números sobre suicídio entre jovens no Brasil?
As taxas de suicídio entre jovens de 15 a 18 anos aumentaram entre 2000 e 2012 em 28,6% no país. Como nos adultos, encontramos a depressão fortemente associada ao suicídio, mas o modelo não é análogo.
Há diferenciação entre classes sociais ou gênero, por exemplo?
O risco de suicídio em adolescentes atinge a todas as classes sociais, contudo há forte evidência de que onde existe pobreza há mais problemas de saúde mental. A violência pode ser um mediador poderoso. Mortes por acidentes de trânsito, violência armada e suicídio aumentaram em cidades menores rumando claramente para o interior do Brasil. Crianças e jovens que vivem em um contexto de violência socioambiental e intradomiciliar podem apresentar maior risco de tentativas de suicídio. Algumas situações vêm sendo estudadas como: as questões de gênero - incluindo especialmente intolerância e agressões; bullying; violência entre parceiros íntimos (pais); abuso e violência sexual. Sabe-se que os jovens sobreviventes (quando um familiar se suicida) são severamente afetados.
Drogas – lícitas ou ilícitas – teriam algum papel preponderante nas tentativas?
O uso de álcool e drogas mostra-se muito nocivo para sujeitos em risco, sendo prejudicial para a saúde mental da criança e do adolescente. No caso de jovens de etnias indígenas, por exemplo, estes aspectos se multiplicam em função do atrito cultural, da incompreensão e desrespeito pelos povos da floresta e dos conflitos fundiários atiçados pelo agronegócio e pelos retrocessos dos últimos governos.
É possível tratar da questão sem ajuda médica?
Pediatras e psiquiatras da infância e adolescência são indispensáveis no tratamento, geralmente trabalhando conjuntamente. As psicoterapias têm um papel relevante associadas à medicação segundo importante revisão da base Cochrane (2014). Discute-se como as escolas podem ajudar – seja na prevenção ou no manejo de situações de suicídio ocorridas na turma. Como no caso do bullying, trata-se de formas de violência simbólica que atingem diretamente o ambiente pedagógico, demandando resposta eficaz e imediata.
A palestra será realizada de 9h às 10h30, no auditório 111, do Campus Maracanã, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que fica na Rua São Francisco Xavier, 524, 11º andar, no Maracanã.
O evento tem o apoio da Faculdade de Educação da Uerj. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 2537-0264, no site da Associação, ou pelo e-mail abenepirio@abenepirio.com.br.
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