Sistema de Integridade Pública Fiocruz: conheça a Comissão de Integridade em Pesquisa (CIP)

A Comissão de Integridade em Pesquisa da Fiocruz (CIP) tem o papel de orientar a atuação dos pesquisadores, promover ações educativas e emitir instruções normativas sobre a produção científica. Disponível para consultas por meio do e-mail cip@fiocruz.br, a instância identifica riscos de integridade e atua como parecerista em apurações promovidas pela Comissão de Ética e Corregedoria. 

Em 2019, a CIP coordenou a elaboração do Guia de Integridade em Pesquisa, documento que sintetiza as principais diretrizes para a produção científica, em todas as suas etapas, da concepção dos projetos à divulgação dos resultados. “A integridade em pesquisa é mais que simplesmente uma ética do pesquisador: é uma ética da instituição”, destaca o coordenador da CIP, Sergio Rego. “A divulgação dessa cultura fortalece a credibilidade pública na ciência”. 

CCS: Como surge a Comissão de Integridade em Pesquisa?  

Sergio Rego: A CIP nasceu na gestão do presidente Paulo Gadelha e foi reativada na gestão Nísia Trindade. Na época, manifestamos o interesse de ter uma comissão que discutisse e se preocupasse com a disseminação da cultura de integridade na Fiocruz, sabendo que a divulgação dessa cultura fortalece a credibilidade pública na ciência.  

A integridade em pesquisa é mais que simplesmente uma ética do pesquisador. Na verdade, é também uma ética da instituição de pesquisa. Cabe a cada instituição criar suas próprias condições para que as pesquisas possam acontecer de maneira metodologicamente adequada. Não basta estarmos seguros de que estamos fazendo o melhor das nossas pesquisas: é importante que isso fique claro para a sociedade brasileira, que a Fiocruz está atenta a eventuais problemas que possam surgir e que busca melhorar o ambiente e a própria prática de pesquisa. 

CCS: Entre as atribuições da CIP, está a resposta a consultas. Qual a diferença entre consultas e denúncias?  

SR: A consulta é um tira-dúvidas. Por exemplo: um pesquisador pergunta se as pessoas que participaram da coleta de dados de sua pesquisa podem entrar como autor. Outro quer saber como lidar com um dado que está em uma fonte não muito confiável. São questões que podem ser resolvidas previamente com orientação. Quando se questionam itens que não estão contemplados no Guia, a Comissão delibera sobre o tema.  

CCS: Em quais situações os pesquisadores podem ter certeza de que a informação deve ser encaminhada para a Ouvidoria? 

SR: Quando eles acham que houve má-fé. Por exemplo, se desconfiam que está ocorrendo uma manipulação de dados, se identificam um plágio, se percebem que há má administração dos recursos de financiamento da pesquisa… Isso tudo é denúncia. São casos concretos. Casos abstratos e genéricos nós tratamos como dúvidas. As dúvidas são muito bem-vindas justamente para prevenir os riscos à integridade da pesquisa. 

CCS: Em relação às denúncias encaminhadas por meio da Ouvidoria, qual o papel da CIP?  

SR: A Ouvidoria recebe toda e qualquer denúncia, avalia e vê se é uma questão que envolva a integridade em pesquisa. Se for o caso, encaminha para a Corregedoria indicando a consulta à CIP sobre a pertinência ou não daquela denúncia. Nós podemos dar orientações em casos específicos. Mas a CIP não tem papel de investigação. Esse papel é da Corregedoria e da Comissão de Ética.  

CCS: Quais são os riscos à integridade em pesquisa mais comumente identificados pela CIP?  

SR: Eu diria que os maiores riscos que se tem são os conflitos de interesse, seja de financiamento, seja de relações. As questões de autoria são outro problema um tanto relevante — o plágio, por exemplo, que acontece quando se constata uma similaridade entre um texto e outro, e essa similaridade não está citada. A questão da paráfrase também é algo que precisa ser corrigido. As pessoas muitas vezes leem um conceito, modificam um verbo, uma preposição, e se apropriam daquilo. 

CCS: Quais são as expectativas e projetos da CIP para o ano de 2023?  

SR: A pedido da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, estamos desenvolvendo uma disciplina sobre integridade em pesquisa que será oferecida para os programas de pós-graduação stricto sensu. Cada programa deverá adaptá-la à sua realidade. Também estamos desenvolvendo um curso autoinstrucional, on-line, sobre o tema. Além disso, temos alguns grupos de trabalhos sobre temas como conflitos de interesses, mediação de conflitos e comunicação científica na internet, cujos trabalhos pretendemos finalizar ainda no primeiro semestre.  

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