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Seminário debate relação entre saúde, economia e meio ambiente


24/03/2022

Ana Paula Blower (Agência Fiocruz de Notícias)

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No mês em que se concluiu a quinta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), a discussão sobre o tema se intensifica, chamando atenção para os desafios e os compromissos dos líderes globais. Foi diante deste cenário que ocorreu, nesta quarta-feira (23/3), o Seminário Avançado em Saúde Global e Diplomacia da Saúde do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/ Fiocruz). No webinar, representantes de organismos internacionais debateram os efeitos de uma crise ambiental tripla – mudanças climáticas, poluição e a biodiversidade - e a relação disso com economia e saúde global. 

Os palestrantes destacaram os potenciais benefícios de ações como alternativas e manejo adequado do plástico e investimento em energias renováveis no meio ambiente, na economia e na saúde, em especial na América Latina e Caribe. Neste sentido, comentaram as resoluções da UNEA, realizada em Nairóbi, no Quênia.

Entre as principais resoluções, a diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Maria Neira, destacou o acordo para redução do plástico, que, segundo ela, trará muitos benefícios para a saúde humana. Sobre esta relação entre meio ambiente e saúde, ela afirmou que o argumento “saúde” deve ser um dos mais fundamentais para se avançar na agenda ambiental. Em um contexto de pandemia e crise climática, Neira ressaltou, sobre uma retomada sustentável: “A humanidade tem que demonstrar que ainda tem um pouco de inteligência e pode tomar decisões estratégicas, de sentido comum, para que a saúde, o meio ambiente e a economia sejam protegidos”.   

Ela enumerou ainda transições necessárias, como uma mudança para fontes de energia limpas e renováveis. Neira acredita que essa transição poderá ocorrer se houver uma compreensão geral desta ação como uma “prioridade absoluta para diminuir as desigualdades, conflitos e para proteger a saúde e a economia global”. 

Neira pontuou também a necessidade de se repensar as estruturas e gestão dos grandes centros urbanos, chamando a atenção para os efeitos na saúde da poluição do ar. Ela enfatizou a urgência de parar a destruição dos ecossistemas. “Precisamos deles para comer, viver e respirar. A mensagem é muito simples: proteger o que te dá de comer”, afirmou, acrescentando: “Contaminar ou não contaminar, eis a questão. Estamos em um momento crítico e temos que influenciar nossos líderes políticos para tomar boas decisões. Se destruirmos o ambiente, destruímos a nossa saúde”.   

A diretora do escritório regional do PNUMA/ Unep para América Latina e Caribe, Jacqueline Alvarez, reforçou que este período de realização da UNEA é importante para reavaliar conceitos e pensar estratégias. De acordo com ela, nesta assembleia foi possível compreender o interesse político de avançar na Agenda Verde de forma conjunta. “Mas sabemos que não precisamos apenas dos ministérios do Meio Ambiente e dos governos, precisamos de uma forma de organização que seja sistêmica. Precisamos trabalhar de uma forma coordenada”, declarou Alvarez. 

Resoluções da UNEA e impactos econômicos 

Alvarez ressaltou quatro resoluções que considerou mais relevantes para o futuro estabelecidas na UNEA: um compromisso global para eliminação da poluição proveniente do plástico; o estabelecimento de um painel de ciência e política para o manejo adequado de produtos químicos, rejeitos e poluição; a vinculação de biodiversidade e saúde e uma resolução sobre soluções baseadas na natureza. Segundo a diretora do PNUMA, em comparação com anteriores, essas resoluções podem, de fato, “mudar o jogo para o futuro das questões ambientais”.

Ela destacou ainda o papel de instituições como a Fiocruz no estabelecimento deste painel de ciência e política para contribuir com as discussões e capacitações pertinentes ao tema da Agenda Verde e Saúde.  

Intensificando o olhar econômico sobre o assunto, o diretor de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos da Cepal/Eclac, Joseluis Samaniego, enfatizou que há muito potencial na relação entre saúde, economia e meio ambiente e que se deveria fortalecê-la ainda mais. Diante disso, ele apresentou desafios e oportunidades na América Latina e Caribe para uma retomada e desenvolvimento sustentável na região, como investir em alternativas e manejo do plástico. 

Samaniego apresentou dados indicando que o bom manejo e reciclagem desses resíduos poderia, além de trazer benefícios à saúde, gerar impactos positivos na economia, como a geração de empregos. “Portanto, um setor como esse, que protege a saúde, também está protegendo a economia e diminuindo a pegada ambiental. Esse é o tipo de setor que as nossas economias deveriam estar fazendo crescer”, destacou. 

O Seminário Avançados Ambiente e Saúde I: Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA 5) está disponível em português, inglês e espanhol. 

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