30/07/2021
Javier Abi-Saab (Agência Fiocruz de Notícias)
“Os médicos costumam dizer que seu papel principal é tratar pacientes individualmente. Mas, cada vez mais, os médicos têm se encontrado com a preocupação das iniquidades sociais e com isso percebem que seu papel não pode ser confinado simplesmente ao tratamento das pessoas que estão na sua frente; devem lidar com as condições que fazem as pessoas doentes”, destacou o presidente da Associação Global de Médicos (WMA), Michael Marmot, durante o seminário especial avançado Sustainable health equity: A global challenge, organizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) na quinta-feira (29/7).
O seminário especial envolveu a assembleia do Movimento pela Equidade Sustentável em Saúde (SHEM, sigla em inglês), destacando as conquistas, desafios e novas propostas de trabalho do movimento. O co-presidente do SHEM, Afrah Aziz, apresentou um balanço das atividades e principais conquistas do movimento no seu primeiro ano de existência, destacando: a carta enviada ao secretário-geral das Nações Unidas (ONU); o chamado a um estudo de casos de respostas à Covid-19 com o objetivo de aumentar a equidade em saúde; a carta aberta à OMC para apoiar a suspensão temporária dos direitos de propriedade intelectual para os produtos relacionados ao enfrentamento da Covid-19; e as cartas abertas e declarações enviadas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, G20, G7, entre outras.
O co-presidente do SHEM e coordenador do Cris/Fiocruz, Paulo Buss, apontou os principais desafios atuais para uma equidade sustentável em saúde, entre os quais ressaltou a pandemia da Covid-19, o agravamento das crises sociais e econômicas ao redor do mundo e a crise climática. “Durante o período pandêmico, a concentração de renda, a expansão da pobreza e da exclusão social, tem sido a tônica dominante”, destacou Buss, reforçando a o papel do SHEM na procura por enfrentar esses problemas por meio de duas estratégias principais: a intervenção em fóruns globais e a intervenção em espaços regionais e nacionais. “É ali que nossa mensagem de equidade sustentável em saúde deve chegar e por esse motivo estamos implementando grupos de trabalho de alto nível com o intuito de elaborar declarações para os próximos espaços políticos globais”, explicou o co-presidente.
A agenda da assembleia teve continuidade com a apresentação dos trabalhos que vêm desenvolvendo cada uma das organizações que fazem parte do SHEM na direção de uma equidade sustentável em saúde. Os participantes foram Michael Marmot, da Associação Global de Médicos (WMA); Betina Borisch, da WFPHA; Jorge Neira, da InterAcademy Partnership (IAP); Adriano Friganovic, da Federação Global de Enfermeiros de Cuidados Críticos; Felix Rosenberg, da Associação Internacional de Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPHI); Arachu Castro, da Rede de Equidade em Saúde das Américas.
Posteriormente, a assembleia escutou e debateu novas propostas de trabalho para o movimento, formando novas frentes e grupos de trabalho. A reunião foi concluída com conclusões e apresentação dos próximos passos do SHEM.