25/10/2016
Fonte: Ensp/Fiocruz
A nova edição da Revista Ciência e Saúde Coletiva traz para discussão o tema da deficiência e sua abordagem pela saúde pública no Brasil e no mundo. Os artigos que compõem a publicação ressaltam as mudanças e tensões na compreensão conceitual da deficiência, na virada do Século XXI, e como isso se reflete em atitudes, práticas e políticas. O tema da deficiência cresce em visibilidade, consciência política e participação no Brasil e no mundo. Os textos apresentam estudos sobre a prevalência da deficiência em nível nacional; sobre deficiência e sociedade, com ênfase no esporte, tecnologias sociais e políticas públicas; sobre deficiência e família; e sobre os tratamentos, recursos terapêuticos, redes de apoio, com destaque para os papéis familiares, diferenças de gênero e faixa etária. Há ainda uma análise documental do marco legislativo brasileiro de políticas aplicadas à área, reflexões críticas sobre os instrumentos que medem a funcionalidade e regulam a aposentadoria, e sobre as barreiras de acesso ao benefício da prestação continuada. Ao mostrar avanços e os desafios num tema social tão sensível, o número temático está repleto de ensinamentos.
O editorial da revista destaca que este ano o Brasil implementou o Estatuto da Pessoa com Deficiência, buscando garantir e ampliar o acesso a direitos e o Rio de Janeiro foi palco dos Jogos Paralímpicos,o maior evento esportivo para atletas com deficiência em todo o mundo. Neste sentido os artigos publicados no volume 21, número 10 da Ciência e Saúde Coletiva baseiam-se numa visão crítica dos conceitos de deficiência, enfatizando o modelo social e apontando as tendências biomédicas que reduzem os sujeitos aos déficits. "Disso advém um modo holístico e contextualizado de ver e perceber a pessoa com deficiência, favorecendo a busca de relações menos excludentes. Uma mudança no modo de olhar a deficiência gera diferentes visões sobre suas possibilidades, trazendo novos parâmetros de interpretação de seu potencial. No entanto, em que pese o avanço conceitual, muitas vezes, essa visão não encontra apoio nas práticas que instituem a segregação e sublinham os limites. O esporte, ao contrário, é um dos campos em que a pessoa com deficiência alcança bons resultados, sendo uma das melhores estratégias para vencer barreiras e amadurecer.", aponta o editorial da revista.
O número temático contém artigos que abordam mudanças paradigmáticas, quando o modo de ver e compreender não encontra ressonância nas práticas instituídas, evidenciando contradições e paradoxos. A Lei Brasileira de Inclusão vem fundamentar avanços de décadas, sendo base de algumas análises. Nesse enfoque, há uma análise documental do marco legislativo brasileiro de políticas aplicadas à área, reflexões críticas sobre os instrumentos que medem a funcionalidade e regulam a aposentadoria, e sobre as barreiras de acesso ao Benefício da Prestação Continuada por parte das pessoas com deficiência e idosos. Problemas recentes indicam a necessidade de mais investigações no campo da ciência e de reflexões bioéticas, como é o caso de pesquisas sobre o vírus zika e sobre as células tronco.
Novas tecnologias revelam desde o uso do cinema como ferramenta para trabalhar os modos de olhar a deficiência no imaginário social, até a criação de próteses para conforto e mobilidade física. A família é trabalhada no enfoque da maternidade, paternidade e de relações com irmãos, havendo reflexões sobre o cuidador, o estresse e a importância do lúdico. Há discussões sobre a necessidade de fortalecimento de redes de apoio, da inserção social e da qualidade de vida. Por fim, há uma pesquisa nacional sobre a prevalência da deficiência no Brasil e estudos sobre deficiência física, intelectual, auditiva, visual e outras síndromes. Os autores chamam atenção sobre a necessidade de melhorar o acesso às unidades básicas de saúde no país, tendo em vista os diferentes graus de vulnerabilidade e de incapacidade dos usuários com deficiência.
Confira o número temático da Revista Ciência e Saúde Coletiva.
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