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Pré-congresso Abrascão 2022: oficina aborda retomada de altas coberturas vacinais


21/11/2022

Suzane Durães (VPAAPS/Fiocruz)

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O Brasil mesmo tendo um dos mais efetivos programas de imunização do mundo tem enfrentado baixas taxas de coberturas vacinais da população. Para debater sobre a retomada das altas coberturas vacinais, foi realizada a oficina #vacinarparanãovoltar, que antecedeu a abertura do 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão 2022), no último domingo (20/11), no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia. Participaram da abertura, o assessor da Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) e ex-diretor da Escola Nacional de Saúde Pública (ensp/Fiocruz), Hermano Castro; a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Adriana Lucena; e a representante da Sociedade Brasileira de Imunizações, Izabella Ballalai. A oficina foi coordenada por Valcler Rangel, coordenador de Relações Institucionais da Fiocruz.

Abertura da oficina #vacinarparanãovoltar contou com a participação de representantes da Fiocruz (foto: VPAAPS/Fiocruz)

 

A oficina contou com a participação da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, que reafirmou que o tema vacinas ou vacinação é pauta prioritária da instituição. Ela mencionou que para a reversão do quadro atual é necessário o envolvimento de diversos atores. O tema está na pauta da comissão de transição do Governo. Nísia sugeriu a realização de pesquisas para a melhor compreensão do fenômeno das baixas coberturas vacinais e reforçou a importância do encontro como o início de um trabalho a ser desenvolvido no campo. 

Assessor científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e coordenador do Projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV), Akira Homma apresentou a metodologia e os resultados exitosos do projeto, que mostra que 38 dos 41 municípios onde o projeto atuou atingiram a cobertura vacinal preconizada pelo PNI. Homma considerou ainda a hesitação vacinal como uma das maiores ameaças à saúde global, estando o Brasil entre um dos 10 países do mundo com maiores índices de crianças não vacinadas e, portanto, vulneráveis a doenças imunopreveníveis.

Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima reafirmou que o tema vacinas ou vacinação é pauta prioritária da instituição (foto: Virgínia Damas, Ensp/Fiocruz)

 

Ele apontou a queda contínua das coberturas vacinais no mundo e a importância de manter as altas taxas de cobertura vacinal para a eliminação de doenças. Homma também destacou que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, a cobertura vacinal é um problema global e uma das dez principais ameaças à saúde pública. “Estima-se que 25 milhões de crianças com menos de um ano não receberam as vacinas básicas, maior um número desde 2009”, disse. 

O pesquisador também alertou sobre o alto risco de retorno de doenças como a poliomielite nas Américas e pontou sobre a falta de informação sobre a necessidade de manutenção da vacinação e o medo de reações adversas que elevam o número de pessoas sem cobertura. A cobertura não só da poliomielite, mas de outras vacinas estão caindo há cinco anos de forma gradativa conforme dados apresentados pelo palestrante. Para reverter as baixas coberturas, Akira defende a necessidade de estratégias e parcerias para alcançar os resultados.

O vice-presidente Hermano Castro ressaltou o empenho da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, que colocou a reconquista de altas coberturas como prioridade zero para a saúde pública e a atuação da instituição durante a pandemia da Covid-19. “Atravessamos a pandemia, mas vivemos hoje num momento melhor. Ainda tem a presença do vírus, mas não temos mais uma mortalidade tão alta. Mesmo assim precisamos dessa vacinação porque tem baixas coberturas nas doses de reforço”, destacou.

Oficina #vacinarparanãovoltar ocorreu no último domingo (20/11) no pré-Abrascão 2022 (foto: VPAAPS/Fiocruz)

 

A coordenadora Adriana Lucena lembrou que a pandemia sobrecarregou profissionais e o sistema de saúde. Ela também destacou a questão da certificação do sarampo e reforçou a necessidade de conquistar e elevar as coberturas a poliomielite. Já Izabella Ballalai enfatizou a potência do carisma da figura do Zé Gotinha junto aos jovens e crianças. “Fico imaginando o Zé Gotinha visitando cada criança. As autoridades precisam ter mais empatia com a população. A população não está empática em relação as imunizações e precisamos conquistá-la”, afirmou. 

Everton Pereira, da Redes da Maré, apresentou as ações do projeto Campanha Vacina Maré: mobilização e impactos na cobertura vacinal, que ampliou seu escopo de atuação para o campo da saúde, após a pandemia de Covid-19 e criou o projeto Conexão Saúde – de olho na Covid, pioneiro em favelas e periferias brasileiras. 

Em seguida, a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde da Bahia (Sesab), Márcia São Pedro, representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), ratificou a importância do trabalho conjunto e apresentou uma lista de problema com sugestões de soluções para cada um deles.

Jaqueline Bonfim, secretária Municipal de Saúde de Terra Nova (Bahia), que esteve representando o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) frisou a importância de envolver os profissionais da ponta e de um sistema de informações robusto, uma vez que os atuais não conversam entre si, gerando um gargalo e ressaltou a importância da interação entre as instituições de ensino e pesquisa e as redes locais. 

Ana Lúcia Paduello, conselheira de saúde do Conselho Nacional de Saúde (CNS), também ressaltou a importância de tratar os problemas de acordo as especificidades locais de inclusão da pauta da Conferências de Saúde que estão em curso e ocorrerão nas três instâncias do Sistema Único de Saúde (SUS), desde esse mês de novembro até julho de 2023, antecedendo a 17ª Conferência Nacional de Saúde. 

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Acompanhe a cobertura do Abrascão 2022 por unidades da Fiocruz:

Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia)

Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz)

Fiocruz Brasília

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