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Pesquisadores da Fiocruz Minas participam do 25º Congresso Internacional de Entomologia

Desenho de uma borboleta, uma barata e um mosquito. Um do lado do outro

22/09/2016

Por: Keila Maia (Fiocruz Minas)

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Especialistas em insetos de diversas partes do mundo estarão reunidos no 25º Congresso Internacional de Entomologia, que acontece no período de 25 a 30 de setembro, em Orlando (EUA). O evento, promovido a cada quatro anos, é considerado um dos mais importantes na área de ciências biológicas e, nesta edição, deve reunir cerca de 6.800 participantes, entre cientistas, estudantes e outros profissionais que atuam no segmento. Entre os palestrantes, estarão pesquisadores da Fiocruz Minas, que coordenarão atividades e apresentarão resultados de estudos.

Com o tema Entomologia sem Fronteiras, o Congresso contará com conferências, mesas-redondas, apresentações de pôsteres, além de simpósios, onde serão ministradas palestras abordando diferentes questões que compõem o universo da entomologia. Um deles, coordenado pelo líder do Grupo de Comportamento de Vetores e Interação com Patógenos da Fiocruz Minas, Marcelo Lorenzo, vai apresentar resultados de pesquisas sobre as bases moleculares do comportamento dos triatomíneos (barbeiros), insetos transmissores da doença de Chagas.

“Dentro dessa atividade, teremos sete apresentações, cada uma abordando um aspecto diferente relacionado ao tema. É uma oportunidade de expormos as conclusões de nossos estudos e conhecermos o produto do trabalho dos nossos pares”, destaca Lorenzo.

Além de coordenar a série de palestras, Lorenzo fará uma das apresentações, em que mostrará os resultados da pesquisa Transcriptoma da antena de um vetor da doença de Chagas. O estudo permite analisar as bases sensoriais do comportamento do inseto a partir da caracterização dos genes que apresentam expressão na antena, órgão que detecta a maior parte dos estímulos nos triatomíneos.

“A antena é um dos órgãos sensoriais mais importantes do inseto. É ela que apresenta a maioria dos sentidos e capta as informações do ambiente. Dessa forma, fizemos o transcriptoma da antena, avaliando quais genes codificam os receptores de calor, odor, tato, entre outros estímulos sensoriais presentes nessa parte do corpo do triatomíneo”, explica.

Outra pesquisa a ser apresentada no simpósio se refere a um estudo de alterações comportamentais de triatomíneos, devido à infecção por dois tipos de parasitos: o Trypanosoma cruzi e o T. rangeli. A pesquisa mostra que a infecção pelos parasitos faz com que o barbeiro mude seus hábitos e a forma de interagir com o ambiente.

“Em nosso estudo, vimos que o inseto altera sua atividade locomotora e é mais predado quando infectado. Então, queremos entender os mecanismos moleculares que levam a essas modificações. Para isso, estamos estudando um gene que pode estar envolvido na modulação da atividade locomotora do triatomíneo”, afirma Alessandra Guarneri, do Grupo de Comportamento de Vetores e Interação com Patógenos. Segundo ela, também foi feito um transcriptoma do cérebro de insetos infectados, para avaliar outros genes que possam estar envolvidos na regulação da infecção.

“Queremos saber quais as consequências da infecção para o inseto e se há alguma influência nas taxas de transmissão dos parasitos. São os primeiros estudos com essa abordagem e, a longo prazo, poderão fornecer informações para as estratégias de controle da doença de Chagas”, afirma Guarneri .

Wolbachia
 Resultados de estudos relacionados ao Aedes aegypti também fazem parte da programação. No simpósio coordenado pelo pesquisador Luciano Moreira, do Laboratório de Mosquitos Vetores: Endossimbiontes e Interação Patógeno-Vetor da Fiocruz Minas, estão previstas algumas apresentações sobre o tema, bem como sobre os insetos transmissores da malária.

Moreira também ministrará três palestras abordando o projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil, uma iniciativa científica internacional pioneira, que estuda o uso da bactéria Wolbachia como uma alternativa natural, segura e autossustentável para o controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

“Vamos mostrar alguns dados atuais e apontar algumas perspectivas para o futuro, com destaque para a expansão do projeto Woalbachia no Brasil. Conversas com o Ministério da Saúde e alguns municípios já estão acontecendo, visando a essa ampliação”, revela o pesquisador.

Durante o Congresso, também estarão em discussão outros temas relevantes, como agricultura sustentável, larvicidas, repelentes, Zika vírus, totalizando 280 simpósios. Para os organizadores, uma oportunidade de trocar conhecimentos e estabelecer parcerias.

 

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