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Pesquisadora da Fiocruz Ceará tem pesquisa aprovada para financiamento em Harvard

02/06/2021

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A pesquisadora em saúde pública da Fiocruz Ceará, Anya Vieira Meyer, teve projeto aprovado no edital 2021 do Fundo de Pesquisa Lemman Brasil, instituição que em parceria com a Universidade de Harvard, fomenta a colaboração entre bolsistas e apoia projetos de pesquisa focado nas questões atuais do Brasil

 

A pesquisa intitulada “Efeito da Covid-19 e violência no processo de trabalho e na saúde mental de agentes comunitários de saúde no Brasil” será realizada em oito cidades do nordeste, sendo quatro capitais (Fortaleza, Recife, Teresina e João Pessoa) e quatro municípios do interior do Ceará (Sobral, Juazeiro, Crato e Barbalha). Para isso, a pesquisa conta com a colaboração de uma rede de pesquisadores das unidades regionais da Fiocruz no Nordeste e da RENASF – Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família, além de contar com a cooperação da professora associada de Harvard, Aisha Yousafzai.

 

Esta pesquisa faz parte de um grupo de estudos que estamos desenvolvendo com Agentes Comunitários de Saúde no Nordeste brasileiro. O recurso possibilitará a ampliação das investigações e o fortalecimento da rede de pesquisadores envolvidos. A parceria de pesquisadores da RENASF, das unidades da Fiocruz no Nordeste e da Escola de Saúde Pública de Harvard possibilitou a estruturação da pesquisa e fomentará o crescimento científico e acadêmico nesta temática,”  destaca a pesquisadora Anya Vieira Meyer.

 

Dados brasileiros já mostram um aumento nas taxas de violência doméstica e homicídio no país. No entanto, não existem estudos que analisem as relações entre a violência e o enfrentamento da COVID-19 em territórios vulneráveis e já expostos a adversidades. Além disso, o quadro epidemiológico da crise social e de saúde da COVID-19, o aumento do número de pessoas desempregadas e o isolamento social podem repercutir nos níveis de violência e criminalidade, historicamente mais elevados em contextos de vulnerabilidade social, bem como na saúde mental e o processo de trabalho do agente de saúde, afetando negativamente sua capacidade de cuidar.

 

Os Agentes Comunitários de Saúde são capacitados para prestar uma série de serviços nos territórios, incluindo visitas domiciliares, atividades de promoção da saúde e servir de elo entre as unidades de saúde e as comunidades. Nesse contexto, o ACS tem potencial para desempenhar um papel importante no combate à pandemia, trabalhando no rastreamento de contatos, coletando informações sobre as pessoas infectadas e orientando-as e à comunidade para conter a transmissão comunitária.

 

No entanto, questões contextuais, como a violência, podem influenciar seu processo de trabalho e seu papel no combate à COVID-19 e outros agravos à saúde, principalmente em grupos que vivem em territórios vulneráveis, especialmente no Brasil que conserva altos índices de violência comunitária, tendo seis capitais nordestinas, entre as 30 cidades mais violentas do mundo. Sendo assim, é fundamental analisar as associações entre violência, COVID-19, o trabalho dos ACS e a saúde mental desses profissionais.

 

A pesquisa iniciou com a coleta de dados, ainda no primeiro semestre de 2021, de dados quantitativos junto a agentes comunitários de saúde nas oito cidades envolvidas na investigação. Em seguida, os pesquisadores farão um estudo de caso em Fortaleza, com dados qualitativos e dados secundários mesclados com os dados quantitativos previamente coletados.

 

“Acreditamos que os achados apoiarão a implementação de estrategias e políticas públicas para o enfrentamento da COVID-19, a melhoria da saúde do trabalhador, e a qualificação do processo de trabalho do ACS ante a convivência com a violência no território, e a necessidade de combater a pandemia nas comunidades vulneráveis. Em última instância, a reorientação das práticas de cuidado, particularmente voltadas ao enfrentamento da COVID-19 e a mitigação dos efeitos da violência, tem por resultado a melhoria das condições de vida da população assistida e a redução das desigualdades sociais no território,” finaliza a pesquisadora.

 

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