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Instituto Pólis e Agenda Jovem Fiocruz realizam colóquio sobre juventudes

Pesquisadores e ativistas reunidos no Instituto Pólis assistem fala de pesquisadora sobre a saúde da juventude

20/12/2023

Eric Veiga Andriolo (Agenda Jovem Fiocruz)

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Encontro teve debate sobre demandas e políticas sociais para a população jovem entre 15 e 29 anos

A Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e o Instituto Pólis realizaram em São Paulo um colóquio para debater o contexto de saúde, trabalho e território da população jovem entre 15 e 29 anos, com base nos últimos dados reunidos por essas duas entidades juntamente com a pesquisadora Helena Abramo, especialista no tema das juventudes.

Participaram pesquisadores de várias áreas, ativistas e representantes da Coordenadoria de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, além da vereadora de São Paulo Débora Dias, do mandato coletivo Quilombo Periférico (PSOL). O evento aconteceu na sede do Instituto Pólis durante toda a manhã e tarde do dia 16 de novembro.

Os participantes puderam debater a situação de saúde da população jovem, que recebe pouca atenção das políticas públicas e da sociedade mais ampla. Para André Sobrinho, coordenador da Agenda Jovem Fiocruz, a faixa etária deve ser entendida como um marcador social da desigualdade de condições que afetam a saúde. No caso dos jovens essa questão diz respeito às condições de trabalho:

"A juventude na faixa de 20 a 29 anos, que não é mais adolescente, não está recebendo visibilidade no que diz respeito à saúde. Existe atenção às crianças e adolescentes. Mas a juventude é compreendida como se fosse a população geral”.
Segundo ele, isso dificulta entender as demandas de saúde dos jovens e como o Estado pode atendê-las, resultando na falta de interação entre essa população e os serviços que deveriam cuidar de sua saúde. “Ao mesmo tempo em que a Juventude vai pouco aos equipamentos de saúde, quando vai, é o SUS que acolhe”, alerta.

No colóquio, os especialistas enfatizaram a importância de atentar para as especificidades dentro da população jovem: diferentes condições etárias, de gênero, raça/etnia e território representam desafios para as políticas públicas.

“Quando se fala de juventudes, é comum trabalhar com temáticas separadas. Mas é importante entendermos a interrelação entre essas temáticas. Por exemplo, falar sobre saúde tem relação direta com o trabalho. Também não podemos discutir as condições de vida da juventude sem levar em conta o território, porque a cidade é o local da reprodução da vida”, disse Lara Cavalcante, assessora de projetos do Instituto Pólis. “Isso abre a possibilidade de pensar políticas intersetoriais.”

Para a pesquisadora Helena Abramo, especialista no tema das juventudes, é importante chamar atenção para quais dados sobre a juventude recebem ou não recebem visibilidade. “A maior parte da juventude trabalha, especialmente nas periferias. Mas o dado do trabalho é um dos menos visibilizados. Na verdade, o que se evidencia é quem não trabalha". 

Ela se refere ao enfoque dado nos últimos anos aos jovens que não estudam e não estão ocupados no mercado de trabalho. Entretanto, uma maioria de 62% dos jovens estão na força de trabalho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar Contínua (PNAD Contínua) de 2022, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“As análises normalmente dizem: apesar do investimento social, o desalento não muda. Isso é usado para atestar o fracasso das políticas sociais. O que se quer dizer com isso é que as políticas estão fracassando porque o jovem não trabalha o suficiente”, continua a pesquisadora. “Na verdade, uma política de educação, por exemplo, precisa levar em conta que seus alunos também trabalham.”

Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que só 14% dos jovens não estudam, nem estão ocupados. E quase a metade dos estudantes com 18 a 25 anos também trabalham.

"Apesar de trabalharem tanto ou mais que a população adulta, os jovens têm sempre as piores condições de trabalho. O desemprego e o tamanho da jornada são maiores, mas a taxa de formalização é menor, assim como a contribuição à previdência e, principalmente, a remuneração.” completa Helena.

A Agenda Jovem Fiocruz é um programa institucional da Coordenadoria de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. Atua na promoção de pesquisa, educação e promoção de políticas públicas voltadas à população jovem entre 15 e 29 anos.

O Instituto Pólis é uma organização da sociedade civil de atuação nacional que faz pesquisa, formação e assessoria técnica em políticas sociais, com ênfase na defesa do Direito à Cidade.

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