Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

Inspirado na emissora da Fiocruz, Canal Salud argentino defende discurso plural sobre saúde

Emilio Iosa e Daniel Ribetti, gestores do Canal Salud argentino. Foto: Rovena Rosa

04/09/2013

Por Daniela Lessa/ Portal Fiocruz

Compartilhar:

O Canal Saúde, emissora de TV pública sediada na Fiocruz, tornou-se inspiração para o desenvolvimento do Canal Salud argentino, uma iniciativa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Córdoba. Os gestores da emissora - o cineasta Daniel Ribetti e o médico especializado em saúde pública Emilio Iosa - estiveram recentemente no Brasil conhecendo os procedimentos da precursora brasileira. Para eles, um dos aspectos importantes da visita foi detectar até onde a similar argentina pode chegar no processo de desenvolvimento do próprio canal.

“Atualmente, somos como o que era o Canal Saúde há 20 anos. Por isso, quando vemos o nível que alcançaram, nos sentimos estimulados a seguir adiante”, resume Ribetti. Ele acredita que o momento da Argentina é favorável para o desenvolvimento do Canal Salud em função da Lei dos Meios - aprovada em 2009 e em processo de implantação -, que pode vir a ser um estopim para promover o pluralismo dos discursos na sociedade.

Ele conta que no âmbito da lei foram criados Centros de Produção Audiovisual (CPAs) nas universidades, agrupando equipamentos, e é nesse contexto que o Canal Salud passará a integrar a grade de programação da TV universitária da Universidade de Córdoba. Em sua avaliação, a Lei dos Meios é uma oportunidade para o desenvolvimento de novos agentes de comunicação em saúde e em vários temas. “Agora, cabe à sociedade se apropriar dessa oportunidade para que o pluralismo realmente se cumpra e não ocorra uma transferência do monopólio da grande imprensa para o monopólio do governo”, destaca.

Mobilização

Para a superintendente do Canal Saúde no Brasil, Márcia Corrêa e Castro, a discussão da política pública de comunicação na Argentina está um passo à frente da situação brasileira. “A discussão da comunicação na área de saúde aqui no Brasil ainda está muito pouco avançada. Discute-se pouco a comunicação como uma possibilidade de mobilização na saúde pública. Por isso a saúde ainda não participa de uma discussão de comunicação no Brasil. E o que está acontecendo em Córdoba é um exemplo de como alterações na política pública de comunicação – com as discussões da Lei de Meios - podem favorecer a mobilização da saúde pública.”

Iosa, por sua vez, acredita que é na Argentina que a comunicação em saúde pública ainda é muito elementar. Segundo ele, o tema é aboradado com foco exclusivo no discurso médico e distante da comunidade. Por isso, informa, o Canal Salud tem o foco na multiculturalidade, na interdisciplinaridade e na crítica à construção do discurso sobre a saúde vigente e sobre a relação entre médico e paciente. “Não só os médicos e a ciência positivista ocidental podem falar de saúde. Os povos indígenas têm seu saber ancestral e outras áreas do conhecimento também têm contribuições a dar”, avalia.

Para Iosa, outro aspecto importante dessa aproximação entre os canais voltados para a saúde é o desenvolvimento de uma relação mais intensa entre países latino-americanos. “Esse contato é estratégico, pois, se compartilhamos questões indígenas, problemas com a pobreza e dificuldade de acesso aos serviços públicos, temos que compartilhar, também, as soluções que vamos encontrando”, sugere.

Em concordância, Márcia argumenta: “Fico muito feliz de imaginar que a nossa experiência - que nós entendemos que ainda está caminhando, pois ainda estamos em um processo - possa servir de inspiração para outras pessoas e para outros segmentos. Espero que essa visita que eles estão fazendo e a experiência que estamos proporcionando contribua de alguma maneira nessa construção.”

O Canal Salud da Argentina pode ser visto no Youtube.

"Não só os médicos e a ciência positivista ocidental podem falar de saúde, os povos indígenas têm seu saber ancestral e outras áreas do conhecimento também têm suas contribuições a dar" (Emilio Iosa, um dos gestores do Canal Salud)

Voltar ao topoVoltar