01/11/2022
Everton Lima (IFF/Fiocruz)
O projeto Exposição vertical ao Zika Vírus e suas consequências no neurodesenvolvimento até os 6 anos de vida: o que sabemos, o que não sabemos e o que precisamos saber, coordenado pela pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Maria Elisabeth Lopes Moreira, analisa, desde 2016, as repercussões da exposição vertical ao zika vírus na criança até a idade pré-escolar. Os principais resultados da pesquisa foram apresentados no workshop de encerramento da 3ª edição do Programa de Incentivo à Pesquisa (PIP III) do IFF/Fiocruz, realizado em 11/10.
Maria Elisabeth comenta que o estabelecimento da linha de cuidado se dá a partir dos resultados da revisão sistemática, realizada e publicada; da investigação das questões clínicas apresentadas pelos expostos ao Zika vírus; e dos resultados da coorte, mas ainda são necessários novos estudos. "Com base nos resultados destes trabalhos descobriu-se que a Síndrome de infecção congênita pelo vírus zika (SCZ) é uma doença neurotrópica com várias anormalidades associadas. Embora a maioria dos estudos publicados sejam do Brasil, não há diferenças no que se observou quando comparado a outros países da América Latina. Outro achado importante é o atraso no neurodesenvolvimento que pode ocorrer mesmo em crianças aparentemente normais ao nascer. Esses resultados têm sido fundamentais para aumentar o conhecimento sobre essa infecção e para propor uma linha de cuidado às gestantes e crianças expostas”.
Maria Elisabeth complementa ainda que a definição da prevalência da infecção pelo vírus em população assintomática vai contribuir para a avaliação das repercussões do vírus nos assintomáticos e para identificação de grupos de risco para uma infecção em gestações subsequentes. “Entretanto, é necessária a identificação de um teste eficaz para as análises”.
Exposição Zika: vidas que afetam (Foto: Maju Monteiro)
Para a execução deste estudo foi constituída uma coorte de crianças expostas ao zika vírus durante a gestação, a qual contou com financiamentos de agências internacionais, como o da Welcome Trust, instituição filantrópica de apoio à pesquisa, e de recurso institucional, como os oriundos do PIP III. “Todo esse volume de recursos foram fundamentais para o acompanhamento destas crianças até a idade escolar. Devido à vulnerabilidade das mulheres e crianças e as graves repercussões da infecção pelo zika vírus em gravidez, os estudos devem continuar a monitorar essas crianças à medida em que envelhecem”, ressalta a pesquisadora.
“Ao transformar as linhas de cuidados em pesquisa e, portanto, incorporar os rigores técnicos, as boas práticas e a valorização dos dados, bem como uma assistência qualificada, a pesquisa qualifica a assistência e foi isso que aconteceu nos projetos contemplados pelo PIP III”, declara Maria Elisabeth.
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