11/03/2014
Por: Graça Portela (Icict/Fiocruz)
O advento dos meios eletrônicos e do acesso via web às obras de várias bibliotecas trouxe um impacto significativo na gestão dos acervos de periódicos, pois as bibliotecas passaram a se preocupar com a preservação digital, e também com o acesso após o término da vigência da assinatura das publicações na web. Neste sentido, com o objetivo de identificar e analisar modelos de gestão de acervo de periódicos eletrônicos em bibliotecas de instituições de ensino e pesquisa, a bibliotecária Mônica Garcia defendeu a dissertação de conclusão do mestrado no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict).
O estudo alerta para diversas mudanças nesta área. Uma delas diz respeito à propriedade do periódico impresso, que geralmente pertencia à instituição assinante. Com o advento do formato eletrônico, nem sempre essa posse é garantida, pois algumas editoras científicas não permitem o acesso após o término da assinatura. Sendo tão variadas as políticas adotadas por estas editoras, o bibliotecário precisa estar atento às nuances dos contratos de licenças de assinatura e estabelecer cláusulas que garantam o acesso perpétuo ao conteúdo assinado.
No caso dos acervos para a área da saúde, há uma peculiaridade também apontada pelo estudo: o material serve de suporte para o desenvolvimento das pesquisas científicas e, muitas vezes, de tomadas de decisão sobre o tratamento de doenças. Segundo a autora da dissertação, “os profissionais de informação precisam ter a preocupação de dar continuidade aos seus acervos face à reemergência de agravos”.
Em sua opinião, o profissional de informação que atua na área de gestão é desafiado constantemente a lidar com problemas que implicam em decisões de impacto tanto para a biblioteca quanto para os usuários. Um ponto importante, neste sentido, é a disponibilização do acervo. “Ter um portal em que se possa concentrar os documentos eletrônicos facilita a busca para o usuário, pois em um único lugar ele consegue visualizar todo o conteúdo assinado e também administrar estatisticamente a utilização de cada título. Esta estatística de uso será imprescindível para justificar os investimentos anuais que são aplicados no acervo da Biblioteca”, explica Mônica Garcia.
Outro ponto primordial da gestão está na escolha e assinatura das obras para o acervo das bibliotecas. A decisão de assinar periódicos eletrônicos não pode estar desvinculada da criação de uma política de preservação digital. "Nesta política devem constar todas as possibilidades de garantia de preservação dos documentos, seja pela instituição, quando existe uma grande estrutura tecnológica que vá garantir a permanência fiel e segura dos dados assinados, seja através da utilização dos serviços de preservação de acervo digital disponível no mercado. E esta decisão não é unilateral, pois depende da política das editoras, que nem sempre permitem o download de toda a coleção”, afirma.
Saiba mais no Icict.