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Gastos públicos, remoções e leis de exceção colocam em xeque legado da Copa do Mundo

Fila de policiais com escudo bloqueia visão de estádio

09/09/2013

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A cena pôde ser vista durante toda a Copa das Confederações, em junho. Ao redor dos estádios, manifestantes entoavam o grito: "Da Copa eu abro mão, quero mais dinheiro para saúde e educação". Os protestos que têm ganhado o país nos últimos meses mostram, por um lado, uma crítica à alocação de recursos públicos nas obras da Copa, em contraste com as políticas sociais cronicamente deficitárias. E, por outro, a revolta com a própria maneira como vem sendo conduzido o processo de preparação das cidades-sede para o evento, marcado por denúncias de violações de direitos.

A reportagem de capa da Revista Poli de setembro apura os problemas e denúncias que envolvem a preparação para o Mundial do Brasil. Os gastos públicos com a reforma e a construção de estádios, as irregularidades apontadas na Lei Geral da Copa e nas demais leis que estão sendo criadas especificamente para o evento e as remoções de populações vulneráveis para as obras são algumas das principais críticas, que levantam a questão: qual será, de fato, o legado da Copa do Mundo de 2014 para o país? Na tentativa de responder essa pergunta, a reportagem apresenta um debate sobre o volume de gastos e sua distribuição entre o governo e a iniciativa privada, e esboça um mapeamento dos custos sociais do processo.

A matéria revela, por exemplo, como a expectativa de a Copa gerar um grande legado foi frustada na África do Sul, onde as estimativas iniciais diziam que os custos envolvidos na preparação para o evento seriam pequenos e os benefícios diretos, significativos. Hoje, um estudo aponta: enquanto o total de despesas do governo sul-africano com a Copa girou em torno do equivalente a R$ 9,5 bilhões pela cotação da época, os impostos gerados com o evento somaram R$ 4,6 bilhões, um prejuízo de R$ 4,9 bilhões para o governo sul-africano. 

Cifras bilionárias

A Copa do Mundo de 2014 vai custar R$ 28 bilhões, dizem os dados oficiais. Os números da Matriz de Responsabilidades de abril mostram que os cofres públicos vão arcar com a maior parte dos custos, mais de 80%, somando recursos federais, estaduais e municipais – patamar bem acima do que prometera Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que, em 2007, afirmou que as obras necessárias para a Copa seriam integralmente custeadas pela iniciativa privada. As cifras bilionárias envolvidas na preparação para a Copa contrastam com a falta de recursos destinados para políticas sociais como a saúde e a educação. Segundo informações do site da Auditoria Cidadã da Dívida, os R$ 28 bilhões que serão gastos com a Copa – evento que vai durar um mês – representam em torno de metade do valor destinado para a Educação no Orçamento Geral da União para todo o ano de 2012, que foi de R$ 57 bilhões, e cerca de 40% do destinado para a Saúde, de R$ 71 bilhões.

Outro ponto importante é: será que as estimativas oficiais de gastos com a Copa estão corretas? Onde entram os valores dos impostos que o país deixará de arrecadar com as isenções fiscais - dadas a empreiteiras, por exemplo?  A fala de diferentes pesquisadores aponta como os megaeventos têm servido de pretexto para a aceleração de um processo em marcha de reordenamento das cidades, de modo a torná-las objeto de valorização do capital.

Leia, na versão on-line da Revista Poli, a reportagem na íntegra.

 

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