31/03/2022
Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
A Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PIBSS) da Fiocruz premiou, na terça-feira (29/3), os 10+ Colaboradores do Siss-Geo em 2021. O prêmio reconhece anualmente a participação da sociedade e de órgãos e unidades da saúde, ambiente e outros no monitoramento de animais silvestres. A premiação, feita de maneira virtual, contou com a participação de representantes dos 50 premiados em 5 categorias: Colaboradores Voluntários; Mulheres Colaboradoras; Profissionais de Saúde, Ambiente e outros Órgãos; Unidades/Equipes de Saúde, Ambiente e outros Órgãos; e Registros Totais Realizados em Unidades de Conservação. Segundo a coordenadora da Plataforma, Marcia Chame, o evento é “uma oportunidade para agradecer e reconhecer a colaboração e os esforços de cerca de 8 mil profissionais, em todo o país, que contribuem para o monitoramento da fauna e no controle de zoonoses”.
Entre os profissionais premiados estão trabalhadores das áreas da saúde, do meio ambiente, da defesa civil e outros. Conheça os premiados e premiadas, as equipes e as unidades de conservação.
A vice-presidente interina de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Patricia Canto, que representou a presidente da Fundação no evento, disse que a iniciativa contribui decisivamente para o sistema nacional de vigilância em saúde humana e também da fauna e da flora e para as boas práticas do desenvolvimento sustentável, além de estar totalmente alinhada aos ODS da Agenda 2030. A coordenadora da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma) da Fiocruz, Cristina Araripe, que está à frente do projeto Mulheres e Meninas na Ciência, apresentou as vencedoras da categoria Mulheres Colaboradoras. Cristina disse que “a iniciativa Siss-Geo renova o compromisso e o diálogo da Fiocruz com a sociedade, valorizando o papel e o protagonismo crescente das mulheres na ciência”. Ela lembrou que a Fiocruz tem, no momento, a primeira mulher presidindo a instituição em 122 anos de história.
O coordenador-geral de Arboviroses da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Cássio Peterka, também participou da premiação. Ele apresentou os premiados na categoria Profissionais de Saúde, Ambiente e outros Órgãos. “O Siss-Geo, além de toda a inovação tecnológica que traz, representa a integração da academia com a comunidade e os serviços de saúde. A plataforma é uma saudável renovação na forma da vigilância atuar, saindo da visão antropocêntrica”.
Marcia Chame ressaltou que os voluntários do Siss-Geo cumprem um trabalho de imensa relevância, já que em suas comunidades e unidades de conservação de um país tão grande estão atentos à emergência de zoonoses e ajudam o trabalho dos órgãos competentes. “O Siss-Geo é uma ferramenta que permite a qualquer pessoa, ainda que seja moradora de um local remoto e tenha baixa escolaridade, registrar os dados que posteriormente serão verificados e avaliados pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais de Saúde. É a ciência cidadã”.
Na ocasião também foi premiado o guia de montanha Pheterson Godinho. Ele atua no acompanhamento de grupos de pesquisa e na implantação de trilhas em diversas unidades de conservação, somando 1.564 registros no sistema. Godinho recebeu o prêmio na categoria especial Embaixador do Siss-Geo, que premia o colaborador que acumula ao longo dos anos mais de mil registros no sistema.
O primeiro colocado na categoria Equipes/Unidade de Saúde, Ambiente e outros Órgãos foi o município de Campinas, por meio de sua Defesa Civil e Secretaria de Saúde. A cidade também foi destaque na categoria Unidades de Conservação, com a Área de Proteção Ambiental (APA) de Campinas ficando em sétimo lugar entre os dez homenageados.
Segundo o prefeito de Campinas, Dário Saadi, que participou da cerimônia pela internet e apresentou todos os demais premiados dessa categoria, “é de extrema importância que os municípios estejam engajados e preparados para a antecipação de cenários de emergências, especialmente as emergências em saúde pública. Campinas encontrou uma oportunidade no Siss-Geo para desenvolvimento de competências, sendo apoiada pela Fiocruz, na temática das emergências em saúde pública por meio da observação e monitoramento da fauna silvestre, como fator preditivo da avaliação das zoonoses e antecipação de cenários”.
Para a coordenadora Marcia Chame, responsável pela plataforma Siss-Geo, o destaque de Campinas como vencedora na categoria Equipes/Unidades de Saúde, Ambiente e outros Órgãos é relevante porque os voluntários incluíram o maior número de registros no período avaliado, quando comparado com outros participantes. “A iniciativa de Campinas é da maior importância, pela competência dos técnicos envolvidos e pela visão estratégica e de futuro de ações em curso entre a Defesa Civil com a Unidade de Vigilância de Zoonoses. O treinamento compartilhado das equipes, o fluxo de informação estabelecido, a integração da sociedade no monitoramento da fauna e a vigilância de zoonoses trazem dados de qualidade e alertas precoces, que são os elementos centrais para o planejamento e execução de políticas públicas, e fortalecem a capacidade de gerar modelos cada vez mais robustos de previsão de doenças”, observou Marcia. O município também teve destaque na categoria Unidades de Conservação com a Área de Proteção Ambiental (APA) de Campinas, que ficou com o sétimo lugar.
Marcia Chame ressaltou que a ferramenta Siss-Geo possibilita que a sociedade conheça a relação entre a saúde silvestre e a saúde das pessoas e repensem a forma de viver. “A conservação da biodiversidade pode trazer melhorias para a saúde, modificar o processo de transmissão de doenças e mitigar os impactos da degradação ambiental, que fazem com que algumas doenças reapareçam. As informações inseridas no aplicativo são analisadas por pesquisadores, que relacionam as ocorrências com diversos dados de infraestrutura socioambiental, modificações ambientais, mudanças climáticas e do uso da terra”.
O Siss-Geo é um sistema de informação em saúde desenvolvido pela Fiocruz para o monitoramento da fauna silvestre e a vigilância de emergências de zoonoses e conservação da biodiversidade, que tem como base a participação da sociedade e órgãos parceiros. É uma forma de monitorar “eventos sentinelas”, que alertam para a circulação de doenças que têm os animais como hospedeiros, como a febre amarela, por exemplo. O aplicativo Siss-Geo pode ser usado para registrar on-line ou off-line observações sobre a fauna e está disponível para celulares Android. A alimentação do banco de dados é feita pelos próprios usuários, que postam a foto e aspectos sobre os animais silvestres encontrados. O prêmio tem como objetivo reconhecer e agradecer aos colaboradores do programa.