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Fiocruz lança projeto para conter a Covid em favelas


24/08/2020

 Erika Farias (CCS)

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Um projeto inovador para o enfrentamento da pandemia em favelas e territórios populares, o Conexão Saúde - De olho na Covid, foi lançado na última quarta-feira (19/8), por meio de uma live. Participaram a presidente Nísia Trindade Lima; o médico Drauzio Varella; a pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo; a diretora da associação Redes da Maré, Eliana Sousa Silva; a integrante do Conselho Comunitário de Manguinhos, Patrícia Evangelista; o chefe de Gabinete da Fiocruz, Valcler Rangel e convidados. A apresentação ficou a cargo da coordenadora do Canal Saúde, Márcia Correa e Castro.

O objetivo do projeto é ampliar o acesso dos moradores aos serviços de saúde e assistência durante o período de pandemia, buscando assegurar a proteção da vida e desenvolver um modelo integrado de enfrentamento da Covid-19 que contemple ação social, educação, vigilância e atenção em saúde. Uma das metas é construir um modelo que possa ser replicado em outras comunidades. 

Desenvolvido pela Fiocruz, em parceria com o Conselho Comunitário de Manguinhos, Redes da Maré, Dados do Bem, SAS Brasil e União Rio, a iniciativa conta com o apoio da gestão municipal, por meio das unidades de saúde da Área Programática local. O projeto será realizado na Maré e em Manguinhos, dois territórios com alguns dos menores IDHs do município do Rio de Janeiro. 

A ação articulada no território tem como princípios a identificação de sintomáticos, testagem com rápida divulgação de resultados, rastreamento de contactantes, isolamento seguro, monitoração via telemedicina articulada à Estratégia Saúde da Família (ESF) e internação, quando necessário. “Nossa intenção é conectar para enfrentar a pandemia e o isolamento”, explicou o chefe de Gabinete, que apresentou o projeto.

Segundo Valcler, a ideia é deixar um legado para as Políticas Públicas em nível local. “Queremos deixar bases técnicas para o desenvolvimento de ações de vigilância ativa em saúde, um modelo de intervenção para emergências em saúde pública, além de outras contribuições”, afirmou. Entre os impactos esperados estão a ampliação da capacidade de testagem, rastreamento de contatos e isolamento, visando ao controle da expansão da doença; ampliação temporária do acesso aos serviços via telemedicina e redução de gargalos assistenciais na rede de atenção primária.

A Fiocruz fará o processamento das amostras e atuará na coordenação do projeto. Também será responsável pela capacitação dos profissionais envolvidos, logística das etapas, doação de insumos para coleta e transporte das amostras para seus laboratórios.

Lideranças comunitárias
O médico Dráuzio Varella falou sobre o diferencial do programa liderado pela Fiocruz, em que há uma forte atuação das lideranças comunitárias na intermediação entre órgão de saúde e paciente. “O Todos pela Saúde havia montado diversas estruturas para isolamento de pacientes em situação de vulnerabilidade pelo país, mas estamos desmontando quase todas. Quando se descobriam infectadas, as pessoas não queriam ficar isoladas, distantes de seus familiares. A gente imaginou que elas gostariam de estar ali, sem a chance de contaminar os familiares, com cinco refeições por dia, mas não era isso o que acontecia”, disse.

“Como pesquisadora na área de doença respiratória infecciosa, há muitos anos, nós temos um trabalho razoavelmente integrado com algumas comunidades, sobretudo com lideranças comunitárias, caso contrário, não conseguimos entrar e trabalhar nessas áreas”, afirmou a pneumologista da Fiocruz, Margareth Dalcolmo. “Elas são legítimas representantes não só dessas pessoas, como dos problemas mais prevalentes dessas áreas. Além disso, quero destacar a importância da sustentabilidade e a reprodutibilidade de projetos como esses”, complementou.

A presidente Nísia Trindade Lima citou as falas de Drauzio Varella e Margareth Dalcomo e ressaltou a importância da sustentabilidade da iniciativa. “Essa articulação da sociedade civil voltada para soluções não pode prescindir de uma construção coletiva que envolva fortemente essa liderança. Cabem à Fiocruz os estudos, as análises e atuar nessa construção coletiva, reforçando o papel de inciativas como essas para o nossos Sistema Único de Saúde (SUS)”, concluiu.

A presidente da Fiocruz também falou sobre o mote “vidas nas favelas importam”, que chama a atenção para a violência nas favelas, e analisou as dificuldades da pandemia e da agenda de segurança. “Agora discutimos as mortes, não pela violência, mas pela vulnerabilidade da nossa sociedade diante da pandemia, de suas desigualdades. Que a gente possa ser mais ouvido, principalmente essas lideranças”, afirmou. 

Apoio
O Conexão Saúde é resultado de esforços e experiências do Conselho Comunitário de Manguinhos, Dados do Bem, Redes da Maré, SAS Brasil, União Rio e Fiocruz. O projeto tem apoio da Cruz Vermelha, da Prefeitura do Rio e Stater. O financiamento de cerca de R$ 1,6 milhão partiu do Todos Pela Saúde, iniciativa liderada pelo Itaú Unibanco, que vem financiamento uma série de ações para o enfrentamento da pandemia.

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Foto: Peter Ilicciev/CCS

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