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Fiocruz lança cartilha de prevenção à violência armada


16/12/2019

Luiza Gomes

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A Fiocruz promoveu nesta segunda-feira (25/11) a Cartilha de Prevenção à Violência Armada em Manguinhos, bairro no qual está situada. O material informativo aborda o impacto da violência armada na saúde de moradores e trabalhadores do território e está disponível para download aqui. Além de informações sobre a rede de proteção social a vítimas de violência, medidas preventivas e de tratamento, a cartilha apresenta indicadores do impacto na saúde dos moradores de Manguinhos, Maré e Jacarezinho. Segundo pesquisa divulgada no informativo, o sofrimento psíquico foi o agravo mais percebido entre 88 moradores e moradoras desses territórios entrevistados: 80% responderam que a violência com uso de armas de fogo afeta sua saúde, de sua família ou pessoas próximas.

Os agentes da segurança pública também são impactados. De acordo com dados da Comissão de Análise da Vitimização Policial da Polícia Militar do Rio de Janeiro que constam do material, todo dia de três a quatro policiais são afastados com diagnósticos psiquiátricos na corporação. Em um levantamento referente ao ano de 2018, quase metade dos 1.320 militares licenciados em decorrência de problemas de saúde foi afastada por reações ao estresse grave (567).

A cartilha também dispõe de um capítulo dedicado ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático construído pela pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fiocruz (Claves/Ensp), Fernanda Serpeloni. Outro item esclarece dúvidas comuns entre moradores sobre como proceder durante a abordagem policial, revista e invasão de domicílio.

Segundo Leonardo Bueno, do Programa de Promoção de Territórios Urbanos Saudáveis da Cooperação Social da Fiocruz, o lançamento da cartilha inicia uma campanha de prevenção à violência armada em Manguinhos a ser feita no território, mas também junto a autoridades e instituições ligadas à saúde, segurança pública e direitos humanos. Além da Fiocruz, o material – que foi construído junto a policiais do conselho comunitário de segurança local, moradores e trabalhadores – será lançado também em espaços de participação social de Manguinhos.
 
“O lançamento da cartilha é resultado do esforço da Fiocruz para avançar em diagnósticos e pesquisas sobre o tema, relacionando a questão da violência armada como pauta da saúde pública; e, ao mesmo tempo, é fruto das experiências concretas de prevenção que construímos junto a moradores, trabalhadores e movimentos sociais”, aponta Bueno. 

O evento

O lançamento ocorreu durante o encontro Prevenção à violência armada e a saúde dos moradores de favelas. A programação contou com duas mesas de debate e reuniu pesquisadores, professores, movimentos sociais e policiais.
 
Pela manhã, a mesa Experiências de prevenção à violência armada e mitigação de impactos na saúde teve a participação de um representante da Vice-Direção de Ambulatório e Laboratório da Ensp tratando da experiência do Plano de Contingência da Escola em cooperação com a Cruz Vermelha. Também participam Fernanda Serpeloni, pesquisadora do Claves/Ensp, Fábio Monteiro, do Conselho Comunitário de Manguinhos e o delegado Flávio Almeida, membro do conselho comunitário de segurança pública local. Leonardo Bueno, da Cooperação Social da Fiocruz, apresentará a cartilha e experiências desenvolvidas pelo órgão em territórios de favelas.
 
À tarde o seminário teve a mesa Educação, saúde e os impactos da violência armada e recebeu Magali Chuquer, coordenadora do Núcleo de Gestão Social de Farmanguinhos, Elenice Pessoa, conselheira do Conselho Gestor Intersetorial Teias-Manguinhos (CGI), Michelle Oliveira, do curso de Educação de Jovens e Adultos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e um representante da direção do Colégio Estadual Professor Clóvis Monteiro. Tanto o encontro quanto a cartilha são uma realização da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz em parceria com o Claves. 

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