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Fiocruz lamenta a morte do professor Cândido Mendes de Almeida

Cândido Mendes

18/02/2022

Ricardo Valverde, com colaboração de Ciro Oiticica (Agência Fiocruz de Notícias)

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A Presidência da Fiocruz lamenta profundamente o falecimento, na tarde da quinta-feira (17/2), do professor, advogado, sociólogo e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Cândido Mendes de Almeida, aos 93 anos. Ele sofreu uma embolia pulmonar.

Cândido Mendes foi reconhecidamente um defensor da educação, com uma trajetória de permanente engajamento na luta pela democratização do acesso à educação e o desenvolvimento do ensino de excelência. Ele atuou como docente em instituições como a PUC-Rio, o Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e a FGV-Rio, entre outras, e foi reitor da Universidade Cândido Mendes. No exterior, foi professor visitante de algumas das principais universidades americanas, como Harvard, Stanford, Columbia e Universidade da Califórnia.

Cândido Mendes foi membro do Conselho de Cooperação Educacional com a América Latina, do Education and World Affairs, do Conselho Diretor do International Institute for Educational Planning, presidente do Comitê de Programas do International Social Science Council, órgão representativo das organizações não-governamentais de ciências sociais reconhecidos pela Unesco, e presidente do Instituto do Pluralismo Cultural. Entre os livros que escreveu estão Nacionalismo e desenvolvimento, O país da paciência, Subcultura e mudança: por que me envergonho do meu país e A razão armada. Foi o quinto ocupante da cadeira 35 da ABL, eleito em 1989 como sucessor de Celso Cunha.

Em nota, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que “foi com pesar que recebi a notícia da morte do professor Cândido Mendes de Almeida, intelectual, professor, com uma extensa contribuição ao pensamento brasileiro e ao pensamento sobre a democracia no país. Com uma longa atuação acadêmica e a produção de obras importantes, como Nacionalismo e desenvolvimento, entre várias outras, Cândido Mendes também se tornou notável pela obra de construção institucional. Em 1982, pude me beneficiar desse trabalho quando ingressei no mestrado em Ciência Política do então Iuperj, onde também fiz meu doutorado em Sociologia. Àquela casa o professor Cândido Mendes levou professores, intelectuais de grande expressão na vida acadêmica brasileira e que foram fortemente perseguidos no período da ditadura militar. O professor também trouxe importantes contribuições para a Fiocruz, acompanhando o trabalho inicial da Casa de Oswaldo Cruz (COC), centro dedicado à história da ciência e da saúde, à memória e à divulgação científica, e que teve o prazer de recebê-lo diversas vezes. Foram muitas as contribuições na afirmação do pluralismo cultural e na defesa da democracia que engrandecem a vida do professor Cândido Mendes. Também lamento e expresso minha solidariedade a colega e amiga Margareth Dalcolmo e a todos os seus familiares. Que todos tenham força para esse momento de despedida”.

Na ditadura, Cândido Mendes abrigou perseguidos pelo regime militar e contribuiu para a fundação de um centro de estudos políticos. Foi um dos responsáveis, junto com o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) denunciar com severidade os casos de tortura no Brasil. Cândido Mendes era católico e irmão de Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana, ex-presidente da CNBB e, assim como ele, um dos que estiveram na luta contra a ditadura.

Cândido Mendes foi o fundador do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, que se propõe a divulgar a vida e a mensagem de seu patrono, aprofundando seu compromisso com a liberdade, a justiça e os valores da pessoa humana. Anualmente o Centro concede o Prêmio Alceu Amoroso Lima de Direitos Humanos, que homenageia grupos, instituições ou organizações que lutam pela justiça, pela paz e pelos direitos humanos. O projeto Conexão Saúde, da Fiocruz, que atua nos complexos da Maré e de Manguinhos, recebeu o prêmio em 2020, junto com a coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e liderança do povo guajajara do território Arariboia, Sônia Guajajara, e o SUS e seus servidores, representados pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). O nome do Centro é uma homenagem ao crítico literário, professor, pensador, escritor e líder católico Alceu Amoroso Lima.

Cândido Mendes deixa viúva, a pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo. Ele também foi casado com Maria de Lurdes Melo Coimbra Mendes de Almeida, com quem teve quatro filhos, que lhe deram cinco netos.

O velório de Cândido Mendes ocorrerá no Salão Celestial do Memorial do Carmo (Rua Monsenhor Manuel Gomes 287, no Caju), neste sábado (19/2), a partir das 10h. O corpo será cremado às 15h.

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