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Fiocruz integra mobilização da Rede de Atenção a pessoas Afetadas pela Violência de Estado (Raave)


16/11/2023

Luiza Toschi (Cooperação Social da Fiocruz)

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Na última quinta-feira (9) aconteceu a primeira reunião aberta da Rede de Atenção a pessoas Afetadas pela Violência de Estado (Raave), formada por representantes de 13 grupos clínicos, instituições da sociedade civil, universidades públicas, Defensoria Pública e do Conselho Regional de Psicologia, além de movimentos de familiares de vítimas da violência de Estado e da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. O evento foi uma apresentação pública da proposta de atuação da rede de atendimento psicossocial a familiares de vítimas da violência do Estado e ocorreu no auditório 111 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Primeira reunião pública da RAAVE mobiliza sociedade civil e instituições em defesa dos Direitos Humanos e acolhimento de famílias vítimas da Violência de Estado.

A Rede foi criada em setembro de 2022 em decorrência de mobilização de setores sociais para o atendimento de famílias das vítimas da chacina do Jacarezinho. Como o ocorrido na região não é um caso isolado, a rede já atendeu dezenas de pessoas e se tornou uma articulação para ampliação do acesso aos cuidados psicossociais, psicológicos e jurídicos, no âmbito da Defensoria Pública, das famílias que tiveram seus direitos violados em decorrência da política de segurança pública do Rio de Janeiro. Com diálogo estabelecido com os Ministérios da Justiça, da Saúde e da Igualdade Racial, o objetivo da atuação agora é gerar indicativos de aperfeiçoamento das políticas públicas de saúde e psicossociais.

Da Raave, participa Dejany Ferreira, pesquisadora da Cooperação Social e uma das coordenadoras da Rede de Defensores de Direitos Humanos e Promoção da Saúde no Estado do Rio de Janeiro – que já está na segunda turma de capacitação dessas lideranças para desenvolver uma rede de articuladores. Veja a publicação Saúde e defesa de direitos: Uma cartografia dos territórios populares do Rio de Janeiro.

Para Dejany, a Raave é a união de serviços que já existiam numa mesma direção, mas a maioria não atuava em rede e de forma integrada. "A RAAVE nasce a partir da chacina do Jacarezinho em 2021, onde se não tivéssemos trabalhado em rede não teria sido possível dar suporte a tantas famílias ao mesmo tempo", explica. Ela afirma que “a importância da RAAVE na relação com a defesa dos Direitos Humanos é fazer frente ao fato de que as violações aos direitos humanos em geral gera sofrimento psíquico e vulnerabilidades socioeconômicas. Por isso uma rede psicossocial integrada com o serviço da Defensoria se faz tão necessária. Queremos orientar e cuidar porque nem todo luto pode se transformar em luta. As pessoas precisam poder chorar e receber suporte na sua dor”.

Ela entende que a Cooperação Social é um espaço de articulação com o poder público, com organizações da sociedade civil e movimento sociais pensando em desenvolvimento de estratégias que contribuem para o combate às iniquidades sociais em saúde e a Raave tem relação direta com essa atuação. “Nosso sonho é não precisar mais atuar para fazer valer os direitos humanos, mas essa violência de Estado não vai parar agora. Então é muito importante a construção de redes que façam um trabalho que possa servir de modelo para a construção de políticas públicas que acolham essas famílias e busquem incidir sobre essa realidade”, completa.

Moção de reconhecimento pela Câmara de Vereadores

No último dia 10 de novembro, Dejany Ferreira recebeu da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro uma Moção de reconhecimento por sua atuação na luta pelos Direitos Humanos. O evento Valorização da Memória e Resistência da População Negra, organizado pela vereadora Mônica Cunha (PSOL) foi parte das celebrações do Dia da Consciência Negra (20/11) e homenageou mulheres negras que atuam na luta antirracista. Outras pesquisadoras da Fiocruz também receberam a honraria.

“Na minha trajetória meu foco é trabalhar em rede para o atendimento e acolhimento aos afetados pela violência de Estado ou outras violações. Isso porque a violação dos Direitos Humanos em geral gera sofrimento e, muitas vezes, os afetados também tem perdas socioeconômicas significativas que os vulnerabilizam ainda mais. Faço isso há anos e sempre ali nos bastidores de forma discreta. Então, quando recebi um telefonema dizendo que eu receberia uma Moção na Câmara Municipal, fiquei surpresa". Ela ressalta ter se sentido honrada em receber o reconhecimento de Mônica Cunha, com quem trabalhou e coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ. "É ainda mais emocionante receber esse reconhecimento junto com outras mulheres negras inspiradoras que já estavam nesta caminhada quando eu ainda estava aprendendo a dar meus primeiros passos”, comenta Dejany.

Reconhecimento público: Dejany Ferreira é uma das mulheres negras que recebeu Moção da Câmara dos Vereadores.

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