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Fiocruz inova na nutrição neonatal com o Copo SIP


13/12/2023

Mayra Malavé-Malavé (IFF/Fiocruz)

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Desenvolvido no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), o chamado Copo SIP emerge como uma inovação facilitadora na alimentação de bebês recém-nascidos prematuros (pré-termo), promovendo o aleitamento materno de forma segura e eficaz. Com seu design inovador baseado em conceitos de fonoaudiologia, o dispositivo respeita a anatomia e a fisiologia oral dos bebês, contribuindo para o amadurecimento de suas habilidades e favorecendo o sucesso da amamentação. A inovação torna-se um novo conceito para o aleitamento materno, marcando um avanço significativo na saúde materno-infantil.

Reconhecimento internacional

Essa jornada inovadora, idealizada pela fonoaudióloga aposentada do IFF/Fiocruz, Nádia Rodrigues Mallet, teve seus desafios, mas hoje, o reconhecimento internacional reforça sua importância. A recente visita, nos dias 6 e 7 de dezembro, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi) ao Instituto destaca globalmente o impacto positivo do Copo SIP.

Em 2020, Nádia foi contemplada duplamente no 2º Concurso de Invenções Patenteadas da América Latina (Prosur), como mulher Inventora mais bem colocada e, em segundo lugar, com o projeto Dispositivo para a Alimentação Complementar para Bebês de Risco. O produto já está em produção comercial, em parceria com a empresa Biomédica, que disponibilizará essa inovação a instituições de saúde em breve.

Pronto para produção

A parceria com a Biomédica para a fabricação do Copo SIP evidencia a relevância do produto, conforme alega o sócio e gerente geral da empresa, Marco André Esteves dos Anjos. "Estamos desenvolvendo um novo produto com a Fiocruz, uma instituição de reconhecimento internacional, mostrando crescimento e capacitação no desenvolvimento de produtos inovadores. O Copo SIP é uma oferta de alta tecnologia que estimula a amamentação e reduz a perda de leite", destaca.

Diretor do IFF/Fiocruz, Antônio Meirelles frisa a importância dessa parceria como um compromisso institucional e enfatiza que o Copo SIP é resultado do empenho da Fiocruz em oferecer soluções eficazes para os desafios na assistência aos recém-nascidos.

Já a coordenadora de Gestão Tecnológica (Gestec) da Fiocruz, Carla Maia Einsiedler, comenta sobre a relevância dessa inovação no portfólio da Fundação. "O dispositivo alternativo de alimentação para bebês representa um importante caso de sucesso do Portfólio de Inovação da Fiocruz. A necessidade observada na prática da assistência inspirou o desenvolvimento de uma inovação que diminui riscos e melhora a qualidade da alimentação de recém-nascidos pré-termo, favorecendo o aleitamento materno. É um excelente exemplo de que inovações que agreguem valor e beneficiem o Sistema Nacional de Inovação em Saúde não acontecem apenas em laboratórios de pesquisa, mas também em ambientes hospitalares. A trajetória foi longa e o aprendizado durante o processo foi intenso e nos guiará em novas iniciativas".

Mais mulheres na inovação

Em um contexto mais amplo, a diretora da OMPI para América Latina e o Caribe, Beatriz Amorim-Borher, ressalta: "Nádia faz parte dos 30% de cientistas mulheres no mundo. A estória do seu trabalho e da sua invenção deve inspirar mais meninas a seguir carreiras na ciência".

A Fiocruz está comprometida com a promoção da equidade de gênero na Ciência, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos na Agenda 2030 e conta com o Programa Fiocruz Mulheres e Meninas na Ciência, que incentiva a participação feminina na ciência. "No que diz respeito aos profissionais com atuação nos atendimentos às demandas de propriedade industrial nos projetos da Fiocruz, 46% são mulheres. Nádia e o Copo SIP desenvolvido por ela são inspiradores por mostrar que a Fiocruz é capaz de transformar conhecimento em produtos para a sociedade e que isso pode ser feito por mulheres muito competentes", alega Carla Maia Einsiedler.

Sobre sua realização, a inventora do Copo SIP, Nádia Mallet, expressa: "chegar até aqui não foi fácil, mas ver o reconhecimento internacional e a OMPI levando esse conhecimento para fora é extremamente gratificante. Contribuir para a amamentação de bebês pré-termo é uma realização".

Copo na prática

Técnica de enfermagem na Unidade Neonatal do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla e avó da recém-nascida Nala Carolina, Valdicéia Santos compartilhou sua experiência com o Copo SIP durante a internação da sua neta na UTI Neonatal do IFF/Fiocruz. Com seu olhar de profissional da saúde, ela destacou a eficácia do dispositivo. “Ao contrário de outros métodos tradicionais, esse copinho oferece uma administração precisa do leite, evitando desperdícios. A própria forma do Copo é direcionada para a boquinha da criança, proporcionando uma alimentação suave e minimizando o desconforto. É uma contribuição valiosa para a saúde dos recém-nascidos”, disse.

Próximos passos

Representante do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-IFF/Fiocruz), Gisele Mendonça informa que o Copo SIP encontra-se no último estágio do ciclo da inovação, denominado de difusão da tecnologia. “No momento, estamos trabalhando para disseminá-lo, isto é, divulgando-o ao maior número de pessoas e instituições para que tenham conhecimento sobre o produto, tanto no Brasil como no exterior. Isto é fundamental para que pré-termos de alto risco e profissionais que atuam em UTI Neonatal possam, cada vez mais, ter acesso aos benefícios da inovação”.

Alicia Pinto, que também atua no NIT-IFF/Fiocruz, completa: “a divulgação de uma inovação criada no IFF/Fiocruz através da Ompi, uma das agências das Nações Unidas, permitirá o maior alcance na difusão da nossa tecnologia. E, nesse caso, uma tecnologia democrática, para todos, visando melhorar a qualidade de vida das pessoas não só no Brasil, mas no mundo”.

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