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Fiocruz do Ceará elabora cadastro para população exposta ao petróleo no Ceará e inicia treinamento com as equipes de saúde dos municípios

18/12/2019

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Desde o início do derramamento do petróleo nas praias do Nordeste, em agosto de 2019, pesquisadores da Fiocruz no Ceará, trabalham em parceria com o Governo do Estado e outras instituições de ensino, pesquisa e de representação social, no enfrentamento às manchas e consequências do derramamento no oceano.

Nesta segunda-feira (16/12), os pesquisadores Angela Ostritz e José Luiz Cordeiro, da Área de Saúde e Ambiente da Fiocruz Ceará e representantes da equipe do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde no Ceará (CIEVS), órgão ligado à Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Prevenção (COVEP) e integrante do Centro de Operações de Emergência do Estado (COE), estiveram em Aracati, Litoral Leste, área mais afetada pelo derramamento, para apresentar a Regional de Saúde do Aracati, a proposta de cadastramento da população que teve contato com o petróleo no Ceará.

Representantes das secretarias de saúde de Icapuí, Aracati e Fortim participaram do encontro que também resultou em treinamento para aplicação do formulário. Durante a apresentação, os participantes tiraram dúvidas, sugeriram adequações e aprovaram o conteúdo e o formato do cadastramento.  Nos próximos dias, as mesmas atividades estarão sendo desenvolvidas nas demais regionais atingidas pelo petróleo.

O instrumento foi desenvolvido pela pesquisadora da Fiocruz Ceará Angela Ostritz em parceria com a pesquisadora Sandra Hacon da Escola Nacional de Saúde Pública, com apoio da equipe que constrói e atua no COE, entre eles, representantes da Secretaria do Meio Ambiente, do Instituto terramar, Centro de Assistência Toxicológica do Ceará (Ceatox),Centro  de Referência em Saúde  do Trabalhador (CEREST/CE) e demais pares públicos e privados. Em seguida, a proposta foi apresentada a 21 secretários municipais do meio ambiente, a pedido do titular da pasta no Estado, Arthur Bruno. A aplicação do questionário é de responsabilidade dos gestores municipais, com o apoio do Estado e Fiocruz.

O questionário tem o objetivo de identificar e mapear a população que entrou em contato com o petróleo direta (areia, banho de mar, manipulação de pescado, pescaria artesanal, pescaria industrial, recolhimento de óleo, limpeza de praias, lagoas,gamboas, mangues) ou indiretamente (ingesta de peixes, crustáceos, moluscos). Os dados coletados possibilitarão gerar informações, que somados a análise de solo, água e pescado, possibilitarão identificar e monitorar os riscos à saúde dessa população, bem como apoiar o planejamento dos gestores públicos e privados das áreas ambiental, de saúde, desenvolvimento social, turismo, pesca e agricultura. 

A busca ativa deve ser feita pelos profissionais de saúde. O questionário contempla dados de identificação, moradia, condições de habitação (água, esgoto, lixo), constelação familiar, questões sociais e ambientais, saúde do trabalhador, riscos gerais e específicos, patologias pré-existentes ao contato com o petróleo, uso contínuo de medicamentos.   Poderá ser aplicado, preferencialmente, pelos agentes comunitários de saúde e agentes de endemias ou demais profissionais de saúde, do ambiente ou áreas afins que tenham conhecimento do território.  População que teve contato com o petróleo não deve ser o entrevistador.

"Esse cadastro tem como base os determinantes sociais da saúde, com um olhar “One Health”, entendendo que todos estamos convivendo em um mesmo planeta, com sua biodiversidade, solo, água e ar. Nossa proposta, atende as demandas apresentadas pelos diversos atores envolvidos, em todas as reuniões e oficinas temáticas sobre o derramamento de petróleo. A visão “One Health” é a melhor maneira da gente ter uma visão global do ser humano dentro do território e dimensionar impactos na população humana, biodiversidade e ambiente, “explicou a pesquisadora Angela Ostritz.

 

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