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Fiocruz Ceará pede patente de potencial biofármaco para o tratamento de Esclerose Múltipla


07/12/2020

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A Fiocruz Ceará depositou o pedido de patente de invenção, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), de um biofármaco para o tratamento de doenças inflamatórias, como a Esclerose Múltipla (EM). O tratamento é resultado da dissertação da mestra Beatriz Chaves, aluna do doutorado em Biotecnologia da Fiocruz Ceará.

O depósito abrange em seu escopo de proteção um dos quatro mini anticorpos terapêuticos analisados na pesquisa, que obteve resultados in vitro promissores. Cada mini anticorpo reconhece uma porção distinta da proteína VLA-4, anormalmente abundante em linfócitos de pacientes de EM e que é responsável pela chegada dessas células aos tecidos Sistema Nervoso Central.  Ou seja, além de bloquear o ataque dessas células aos neurônios, os mini anticorpos podem modular a resposta imunológica de forma benéfica para o paciente.

A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica autoimune que afeta cerca de 35 mil brasileiros. Os pacientes possuem células do sistema imune, especialmente linfócitos, que atacam o isolamento em torno dos neurônios, caracterizando um processo inflamatório crônico que causa diversos danos. Uma das estratégias para o tratamento de EM consiste em bloquear a chegada desses linfócitos ao Sistema Nervoso Central, impedindo que ataquem as células nervosas e reduzindo a inflamação.

Beatriz explica que o projeto começou em 2015 durante a sua graduação em Biotecnologia quando iniciou seu estágio de Iniciação Científica na Fiocruz Ceará sob orientação do pesquisador João Hermínio Martins da Silva. Ela continuou a pesquisa no Mestrado em Biologia Celular e Molecular na Fiocruz do Rio Janeiro, aonde desenvolveu o anticorpo em Bio-Manguinhos, no Laboratório de Tecnologia Recombinante e realizou os testes funcionais no Laboratório de Pesquisas sobre o Timo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

Os pesquisadores produziram um lote para testes do mini-anticorpo e agora estão buscando parcerias para iniciar a fase in vivo, com testes em animais. O projeto conta com a colaboração de outros sete inventores e é orientado pelos pesquisadores João Hermínio Martins da Área de Biotecnologia da Fiocruz Ceará, Marco Alberto Medeiros, de Biomanguinhos e Vinicius Cotta de Almeida do IOC.

“Esse é um grande marco para a Fiocruz Ceará, pois o produto gerado teve origem em um projeto fomentado pelo CNPq no edital universal em 2014, que também foi o primeiro da unidade. Essa pesquisa ainda demonstra a integração das áreas in sílico (bioinformática estrutural) e in vitro trabalhando em consonância. Esperamos em breve, avançar com os testes para a finalização do biofármaco e a disponibilização por um valor de mercado abaixo dos medicamentos atualmente disponíveis”, explica o pesquisador João Hermínio.

O depósito do pedido de patente no INPI, ocorreu em agosto de 2020. O depósito garante a proteção como patente, nos termos da Lei Nº 9.279/96, do produto resultante da pesquisa e permite a Fiocruz Ceará negociar a transferência de tecnologia para empresas interessadas em testar e produzir o potencial biofármaco em larga escala.
 

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