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Fiocruz Ceará e Uece iniciam pesquisa com lhamas para desenvolver medicamentos contra a Covid-19


16/04/2021

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A Fiocruz Ceará e a Universidade Estadual do Ceará (Uece), por meio da Faculdade de Veterinária (FAVET|), estão estudando o desenvolvimento de um medicamento para combater a Covid-19. Os estudos, ainda em fase inicial, são realizados a partir de fragmentos dos anticorpos de lhamas.

Os camelídeos (lhamas, alpacas e dromedários) são mais resistentes às variações de temperatura e produzem anticorpos capazes de reconhecer os antígenos de forma mais eficiente do que em humanos, o que amplia a possibilidade de utilizá-los no tratamento de uma série de doenças, inclusive a Covid-19.  “Nanocorpos são as menores frações de anticorpos capazes de reconhecer e neutralizar um antígeno. Eles possuem cerca de um décimo do tamanho do anticorpo inteiro, da imunoglobulina G. A partir do momento que identificarmos o nanocorpo de interesse, suas propriedades, como afinidade e solubilidade, são melhoradas em laboratório para viabilizar a formulação de um medicamento. Esses insumos podem ser usados tanto para a terapêutica como para o diagnóstico da doença”, explica a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Ceará, Carla Celedônio.

O conhecimento científico e a experiência da FAVET na reprodução de animais são fundamentais para o sucesso da pesquisa, como explica o médico veterinário e vice-reitor da Uece, professor Dárcio Ítalo Teixeira. “Essa parceria já acontece há algum tempo e a testagem das amostras será feita nas duas instituições.  Os anticorpos das lhamas são mais reativos ao Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19 e a partir da coleta do sangue desses animais, produzimos os nanocorpos que estão sendo utilizados na pesquisa e no desenvolvimento de um medicamento contra a doença. As expectativas são muito promissoras”, afirma.

A parceria, financiada com recursos da Funcap e da Fiocruz, inclui o Haras Claro e outras instituições do estado. Além do tratamento para a Covid-19, a pesquisa também tem como foco o incremento de kits de diagnóstico, mas a Plataforma visa desenvolver pesquisas para o tratamento de doenças infecciosas, neurodegenerativas e envenenamento por animal peçonhento.  “Neste momento, a gente está desenvolvendo nanocorpos contra o coronavírus, mas também buscamos esses insumos para o combate a outras doenças recorrentes no Brasil, como febre amarela, zika, chikungunya e ainda toxinas ofídicas”, reitera Carla Celedônio.

Com os trabalhos iniciados em Rondônia, a Fiocruz é a única instituição brasileira com domínio da tecnologia, trabalhada agora no Ceará. “Esperamos, em parceria com a Uece e outras instituições locais, agregar valor a biomoléculas identificadas na região e contribuir com o desenvolvimento de produtos farmacêuticos para a sociedade brasileira", ressalta Carla.

A plataforma de Anticorpos e Nanocorpos está localizada no segundo andar do prédio de pesquisa da Fiocruz Ceará. Os estudos são na área de engenharia de proteínas para a geração de insumos de base biotecnológica aplicados em ações terapêuticas e/ou diagnóstico de doenças. Utiliza os conhecimentos gerados pela Plataforma de Bioinformática e realiza ensaios experimentais na bancada do laboratório para o desenvolvimento de biofármacos, sejam inovadores ou melhorados (biobetters) derivados de medicamentos comerciais. 

 

Saiba mais

As lhamas são mamíferos ruminantes da América do Sul que pertencem à família dos camelos e que têm sido estudadas em todo o mundo devido às características únicas dos seus anticorpos. De acordo com o médico veterinário do Haras Claro, Leandro Rodrigues, o local possui dois casais de lhamas que chegaram ao Ceará há cerca de dois anos com idades entre seis e oito meses. Recentemente, com o manejo adequado e as adaptações necessárias para melhorar as condições térmicas para a espécie, as lhamas tiveram êxito na reprodução, gerando um filhote macho, atualmente com cerca de sete meses, que foi adquirido pela Fiocruz para a realização de pesquisas. As lhamas utilizadas para essa pesquisa estão sendo transferidas para a Fazenda da Faculdade de Veterinária da Uece, localizada em Guaiúba.

 

*Com informações da Assessoria de Comunicação Social da UECE

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