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Evento debate direitos das pessoas com deficiência e os desafios na educação


24/09/2021

Roberta Costa (CCS)

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Discutir os direitos das pessoas com deficiência e os desafios enfrentados no campo da educação. Esse foi o objetivo do encontro promovido pelo Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência, que chegou a sua quinta edição no dia 21 de setembro, data em que se celebra o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. O encontro virtual contou com tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), em acordo com a legislação brasileira e a política institucional para implementação de medidas de acessibilidade comunicacional. 

“Esse é um evento muito importante, um dia de aprendizado para nós. Tenho certeza que por meio dessas discussões, vamos avançar cada vez mais, afirmou o servidor público Armando Nembri, que mediou a atividade. 

Na abertura do evento, foi lançado o Guia de acessibilidade para ações educativas na Fiocruz, elaborado pelo Comitê. A publicação tem o objetivo de subsidiar as unidades técnico-científicas da instituição na implementação de uma política interna de promoção da acessibilidade em seus cursos e iniciativas de educação. “Com esse guia esperamos avançar cada vez mais na concretização desses direitos que nos são tão caros, reconhecendo a diversidade que há em cada tipo de deficiência”, pontuou a integrante do subgrupo de educação e pesquisa do Comitê Tatiane Nunes. 

“Toda a equipe de educação da Fiocruz está  envolvida com a pauta da acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência, que é uma prioridade institucional. O Comitê vem trabalhando há anos, trazendo uma série de questões importantes, fazendo proposições e apoiando avanços e iniciativas, visando à inclusão das pessoas com deficiência”, declarou a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado. 

Representando a Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe), a coordenadora de Saúde do Trabalhador, Sonia Gertner, abriu a mesa-redonda Trajetórias inclusivas?! O que pessoas com deficiência têm a dizer sobre educação. A mesa abordou políticas públicas que atingem as pessoas com deficiência, mas não são pensadas juntamente com elas. “As pessoas com deficiência reivindicam que não querem mais ser objeto, mas sujeitos desse processo, desde o planejamento à execução. Reivindicam a participação social plena”, destacou. 

Trajetórias Educacionais

A estudante da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Cecília Francini, foi a primeira convidada a se apresentar. Segundo ela, a falta de preparo das instituições de ensino e o descuido em não tentar  mudar esse cenário criam barreiras muitas vezes intransponíveis para a inclusão das pessoas com deficiência. “Muitas vezes as instituições não estão preparadas e tudo bem, pois estamos em constante transformação. O problema é você não estar preparado e não se preocupar em correr atrás da correção. Quando você  vai atrás da solução e está aberto a receber as pessoas, a entender como pode ajudá-las,  e principalmente a perguntar, você constrói uma instituição inclusiva, onde as pessoas vão se sentir satisfeitas, onde você vai realmente educar”, apontou. 

O professor de Libras Alexandre Clecius, falou sobre a importância de se efetivar a inclusão na educação e na sociedade para pessoas surdas e com deficiência auditiva. “Antigamente nós tínhamos a cultura de forçar o oralismo. Não existia nenhuma vontade de adaptar o português para a linguagem dos surdos. Hoje em dia, temos uma maior tranquilidade com a língua de sinais e podemos aproveitar a capacidade visual das pessoas surdas. Isso é muito importante porque eu mesmo já experimentei muita perda de informação por não poder ouvir”, salientou. 

Para o educador físico e vice-diretor de Comunicação e Relações Públicas da Associação Reviver Down, João Vitor Mancini Silvério, é difícil encontrar escolas que acolham crianças com deficiência e que estejam preparadas para recebê-las. “As escolas dizem que não estão aptas para lidar com uma criança com deficiência. Os meus pais ouviram muitos ‘nãos’. Foi uma luta para conseguirem um local que me acolhesse. A escola é fundamental para o desenvolvimento e às vezes isso é negado”, destacou.

Segundo o cirurgião-dentista e servidor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) Fabricio Romero Saavedra, os espaços das universidades e os equipamentos de estudo não são adaptados para os deficientes físicos e cadeirantes, e é realmente importante quando a instituição faz questão de corrigir essa situação. “No prédio que eu estudei, só tinha um banheiro adaptado. Mas tem faculdade que nem isso tem. Na minha época, não tinha vaga de estacionamento para deficiente, mas a própria direção da universidade criou uma vaga para deficiente que ficava do lado da porta de entrada. Eles tiraram o degrau e botaram uma rampa para eu ter acesso. São coisas simples que já fazem uma diferença enorme”, finalizou. 

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