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Diretora do IOC/Fiocruz recebe título de doutora honoris causa


17/10/2023

Vinicius Ferreira (IOC/Fiocruz)

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Em uma cerimônia marcada pela emoção, a diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Tania Cremonini de Araujo-Jorge, recebeu, no último dia 12, o título de doutora honoris causa pela Universidade Grenoble Alpes, da França. O reconhecimento destaca o trabalho da cientista na investigação sobre mecanismos e novos tratamentos da doença de Chagas, assim como sua atuação no campo do ensino em ciências e na luta contra o Sars-CoV-2. A láurea ressalta ainda o papel da pesquisadora em parcerias franco-brasileiras, que reforçam a interdisciplinaridade contra os desafios científicos, sociais e ambientais atuais.

Ao apresentar Tania, Sabine Bailly, pesquisadora do Laboratório de Biologia e Biotecnologias para a Saúde da Universidade, frisou que a brasileira é uma das cientistas de maior renome no cenário internacional na área de parasitologia e responsável por desenvolver uma terapia inovadora e natural contra a doença de Chagas. “Tania tem investido muito na promoção de um Ensino com ênfase na criatividade, sob o conceito interdisciplinar de ciência e arte. É importante situar que a Fiocruz está localizada em uma região desfavorecida no Rio de Janeiro. E proporcionar aos jovens da redondeza acesso à ciência e a este ensino tem todo um significado”, ressaltou. 

Já o referente científico do Instituto Nacional de Pesquisa Médica e de Saúde (INSERM) na Universidade e antigo parceiro científico de Tania, Jean-Jacques Feige comentou as diversas colaborações da especialista com renomados cientistas europeus, como Fred Van Leuven e Maria Teresa Rivera, da Bélgica, Paola Minopriot e Marc Daëron, do Institut Pasteur, e Etienne Delain, do CNRS. Feige, Tania e outros pesquisadores do IOC estão em busca de um tratamento para a cardiopatia causada pela doença de Chagas crônica. Recentemente, a partir de um tratamento baseado em um inibidor do receptor da proteína TGF-beta, os pesquisadores conseguiram reverter o processo de fibrose do coração, promover a melhora da função cardíaca e observaram ainda sinais de regeneração do tecido muscular.  

“Nossa colaboração deu origem a 18 publicações internacionais e possibilitou o intercâmbio de muitos estudantes de ambos os lados do [oceano] Atlântico”, comemorou a pesquisadora. 

Em seu discurso, Tania contou um pouco de sua trajetória científica de quase cinco décadas. Médica de formação e egressa dos cursos de mestrado e doutorado do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com pós-doutorado na Université Libre de Bruxelles, na Bélgica, a especialista ingressou na Fiocruz em 1983. Na Fundação, contribuiu para a criação dos Programas de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular e de Ensino em Biociências e Saúde do IOC, além dos Laboratórios de Biologia Celular e de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos.  

Primeira mulher a ocupar o cargo de diretora do IOC, Tania foi eleita em 2021 para seu terceiro mandato à frente da diretoria do Instituto. Possui mais de 200 artigos e capítulos de livros publicados. Também é destaque sua atuação como coordenadora da Área de Pós-Graduação em Ensino da Capes, participando do Conselho Técnico Científico do Ensino Superior. Dentro do tema transdisciplinaridade, Tania contou como suas pesquisas em doenças de Chagas a levaram a deixar de focar apenas no parasito transmissor do agravo para expandir seu olhar para os pacientes. A pesquisadora também fez questão de enaltecer diversos cientistas que fizeram parte de sua trajetória, como Hertha Meyer, Maria de Nazareth Meireles, José Rodrigues Coura, Marc Dearon e Fred Van Leuven.

* Tania recebeu o título das mãos do presidente da instituição, Yassine Lakhnech. Foto: Arquivo pessoal

 

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