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Debate na Ensp discute saídas para a violência


02/09/2005

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Palestrantes debatem saída para a violência

 A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) promoveu debate com o tema Violência: qual é a saída? no dia 31 de agosto.  O ex-secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, o cantor e compositor Marcelo Yuka e o pesquisador Jorge Valadares, do Departamento de Saneamento de Saúde Ambiental da Ensp, discutiram alternativas para driblar a violência no auditório. O evento fez parte das comemorações pelos 51 anos da unidade, que aderiu à campanha pelo desarmamento no país. O debate foi mediado pela pesquisadora do Claves/Ensp/Fiocruz, Simone de Assis.

Luiz Eduardo Soares fez um rápido mapeamento da violência no Rio de Janeiro, que, segundo ele, causa mais vítimas entre os jovens negros do sexo masculino. “O número de mortes neste segmento supera os da Faixa da Gaza. Ainda que não estejamos numa guerra, estamos diante de um genocídio. O tema da violência vem sendo negligenciado pelas políticas públicas de segurança”, alertou o sociólogo, que lançou o livro Cabeça de Porco, escrito em parceria com MV Bill e Celso Athayde, após o debate.

O pesquisador Jorge Valadares disse que participar do debate era um desafio. “Estou sob o impacto da violência. Perdi a minha ex-cunhada que foi assassinada após um seqüestro”, confessou ele. Valadares citou o escritor João Guimarães Rosa e observou que, para falar da questão da violência, é preciso ter a consciência de que “as coisas não são tão cerdizinhas assim”. Jorge Valadares explicou que o ser humano é feito de história e convívio. “É possível a vida humana sem convívio? A coragem e a temperança para os jovens de hoje é a violência”, comentou. Valadares encerrou a sua participação fazendo uma homenagem à arte e indagando aos presentes como analisar a ética no mundo atual.

O cantor Marcelo Yuka, que levou nove tiros após assalto em 2000, afirmou que poderia contribuir para o debate como cidadão. “Não quero estar aqui como artista, nem como músico”. Yuka, que desenvolve projetos sociais em favelas cariocas, acredita que vem crescendo entre os jovens o que ele chamou de “sentimento de rancor”. “O rancor não era evidente como está hoje. E o Brasil é de novo o campeão mundial de diferenças sociais. O jovem favelado tem a sua auto-estima afetada, pertence a uma classe de mortos-vivos que têm os seus quereres assassinados. Para satisfazer a sua necessidade de consumo, acaba entrando para a criminalidade”, opinou.

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