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CSP lança suplemento temático sobre raça, saúde e discriminação


03/07/2017

Fonte: Ensp/Fiocruz

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A revista Cadernos de Saúde Pública lançou o suplemento temático Raça, saúde e discriminação: perspectivas históricas e contemporâneas no Brasil e Estados Unidos, resultante de uma conferência internacional e interdisciplinar realizada no Rio de Janeiro, Brasil, em agosto de 2015. A Fiocruz e a Universidade de Michigan trabalharam em parceria para reunir cerca de 40 pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos com o objetivo de investigar o “estado da arte” da pesquisa e do conhecimento sobre raça, saúde e discriminação. A conferência foi um dos eventos de um projeto colaborativo entre as duas instituições que abrange áreas de pesquisa em saúde, direitos humanos, cuidado materno-infantil, epidemiologia e história da medicina e da saúde pública. Os pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Dóra Chor e Ricardo Ventura Santos; e Alexandra Minna Stern, da Universidade de Michigan, Estados Unidos, organizadores do evento, reconhecem a importância da raça/cor – como um sistema de classificação e experiência vivida – em estudos de saúde e na sociedade, ao redor do mundo e cada vez mais no Brasil. “A despeito dessa fluidez, desigualdades étnico-raciais em saúde vêm sendo evidenciadas e revelam que pretos, indígenas e pardos encontram-se em inquestionável situação de desvantagem no âmbito da saúde”, dizem eles. Os artigos que integram esse suplemento mostram não apenas o quanto os estudos de raça, saúde e discriminação avançaram, como também sugerem novos horizontes para investigações futuras. Os colaboradores desse número especial cobrem uma diversidade de temas inovadores.
 
No artigo Relatos diferenciados de experiências com discriminação no Brasil e Estados Unidos, Sarah Burgard, da Universidade de Michigan; Debora de Pina Castiglione e Dora Chor, da Ensp;  Katherine Y. Lin, da Universidade de Wisconsin-Madison; Aline A. Nobre, do  Programa de Computação Científica/Fiocruz; Estela M. L. Aquino, da Universidade Federal da Bahia; Alexandre C. Pereira e Isabela J. Martins Bensenor, da Universidade de São Paulo; e Sandhi M. Barreto, da Universidade Federal de Minas Gerais, investigam se o grau de escolaridade explica as diferenças entre grupos ou se as diferenças dentro do mesmo grupo variam de acordo com a escolaridade. Os resultados mostram uma percepção maior de discriminação entre indivíduos negros em ambos os países, principalmente homens negros, comparado com brancos, além de menos relatos de discriminação sofrida por mulheres brancas comparada com homens brancos. No Brasil, mulheres e homens pardos relataram maiores níveis de discriminação em comparação com homens brancos. Com exceção de homens brancos, para todos os grupos analisados por raça e gênero, os relatos de discriminação foram mais frequentes entre os mais escolarizados, embora o ajuste por diferenças de escolaridade dentro dos grupos não explicasse as diferenças entre grupos. No Brasil, encontramos as maiores disparidades raciais entre indivíduos com nível superior, enquanto, nos Estados Unidos, os homens negros relatavam mais discriminação do que os homens brancos, independentemente de grau de escolaridade. Os resultados revelam semelhanças gerais entre os dois países, apesar de importantes diferenças históricas. A abordagem interseccional contribuiu para a identificação dessas semelhanças e de algumas diferenças nas experiências com a discriminação. Os achados do estudo têm implicações importantes para a vigilância social e sanitária, assim como para intervenções voltadas ao enfrentamento das consequências danosas da discriminação.
 
Características sociodemográficas de indígenas nos censos brasileiros de 2000 e 2010: uma abordagem comparativa, artigo produzido por João Luiz Bastos, da Universidade Federal de Santa Catarina; Ricardo Ventura Santos, da Ensp;  Oswaldo Gonçalves Cruz, da Fiocruz; Luciene Aparecida Ferreira de Barros Longo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/MG; e Leandro Okamoto da Silva, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/RJ, onde foram contrastadas as distribuições etária, de número de moradores nos domicílios, ensino formal e renda para os indígenas dos censos demográficos de 2000 e 2010. Observou-se redução expressiva na contagem de moradores dos domicílios ocupados, bem como discreto envelhecimento dos indígenas, exceto para o Norte urbano. Por sua vez, houve aumento proporcional da renda até um salário mínimo, acompanhado de redução da faixa de mais de dois salários mínimos nas cinco macrorregiões, em suas áreas urbanas e rurais. A escolaridade, apesar de também ter aumentado, apresentou incrementos díspares conforme macrorregião e situação urbana/rural; Sudeste urbano obteve ganhos mais expressivos, já o Norte e Centro-Oeste rurais exibiram incrementos menos evidentes. O estudo reforça a necessidade de que as análises apresentadas sejam aprofundadas, evidenciando particularidades e subsidiando a avaliação e implantação de políticas públicas direcionadas a esse contingente populacional.
 
Confira todos os artigos do volume 33 suplemento 1 da revista Cadernos de Saúde Pública de maio de 2017.
 
Fonte(s): CSP

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