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Covid-19: psicóloga do IFF traz orientações psicológicas para pessoas sintomáticas


20/04/2020

Mayra Malavé (IFF/Fiocruz)

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Embora o novo coronavírus seja uma doença infectocontagiosa que pode causar complicações respiratórias, não significa que não possa também ocasionar problemas de saúde mental naqueles pacientes suspeitos ou confirmados como portadores da doença. Lidar de perto com a pandemia pode ser prejudicial para a saúde em geral, o que dificulta no processo de recuperação. Por isso, a coordenadora técnica de Saúde Mental do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), a psicóloga Juliana Martins Rodrigues, oferece sugestões de cuidado psicológico para quem está atravessando um momento difícil com o diagnóstico da doença.

Que conselhos para manter o equilibro psicológico, você pode dar para as pessoas que são sintomáticas ou já foram confirmados com coronavírus?

O enfrentamento dos sentimentos e da realidade é sempre a melhor alternativa de combate, pois o conhecimento ajuda a enfrenar e dissolver o medo. Ter informações confiáveis sobre a doença, estar ciente sobre precauções especificas, reduz a ansiedade. É importante saber sobre a quantidade de pacientes que se recuperaram, evitar superestimar a quantidade de óbitos pela Covid-19, saber que os tratamentos dão resultado e não sofrer por antecipação imaginando um desfecho trágico para o seu caso. Também é aconselhável limitar a exposição sobre o assunto nas mídias sociais, para não receber muitas informações pouco confiáveis. Informações falsas ou sensacionalistas têm um poder enorme de aumentar a ansiedade.

A palavra confiança também será fundamental nos casos de suspeita e de confirmação da infecção, tanto a confiança interna, na própria capacidade de recuperação, como a confiança externa, de que seu tratamento está sendo bem conduzido. Neste sentido, os profissionais da linha de frente, como os enfermeiros e médicos, que em geral tem o primeiro contato com o paciente, serão de extrema importância também para a subjetividade dos pacientes, pois sentir confiança de que está sendo bem cuidado e orientado vai fazer toda a diferença. Um tratamento humanizado, onde você olha, escuta, conversa, demonstra que a pessoa tem suporte para lidar com a doença, mostra empatia e transmite sentimentos de segurança, calma e esperança, tudo isso reduz bastante a ansiedade. De toda forma, esses profissionais, sempre que avaliarem como necessário, devem indicar ao paciente e seus familiares sobre a possibilidade de suporte emocional especializado.

Mesmo isolado ou em quarentena, é interessante o paciente buscar manter contato, através de telefone ou outras mídias sociais, com seus parentes e rede afetiva. Durante esse período, tente se expressar criativamente, seja através da escrita, da pintura, desenho ou outros, isso pode facilitar o acesso a emoções que está sentindo e trazer alívio para o estresse.  Escute música, veja filmes, se possível faça atividades de relaxamento como meditação e exercícios de respiração, por exemplo. As dores, as doenças, os medos, fazem parte da vida, isso de certa forma é inevitável, mas podemos aprender a lidar melhor com os impactos emocionais de estar infectado.

Por fim, as pessoas infectadas, isoladas ou em quarentena, devem estar cientes que estão beneficiando a saúde de todos ao seguir os protocolos de tratamento, sendo assim, não devem ser foco de preconceito e sim de solidariedade. Esconder que está infectado só vai trazer mais angustia e preocupação. É desejável compartilhar seus sentimentos com pessoas de confiança como família, terapeutas ou médicos. Compartilhar seus medos não vai eliminar completamente suas apreensões, mas vai lhe auxiliar a lidar melhor com elas.

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