14/03/2014
Fonte: Haendel Gomes/ Agência Fiocruz de Notícias
Produzido e dirigido pela pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) Stella Oswaldo Cruz Penido, Fé Eterna na Ciência narra a trajetória do médico, pesquisador e professor emérito da Fiocruz Luiz Fernando da Rocha Ferreira da Silva, internacionalmente reconhecido pela criação da paleoparasitologia, ciência que estuda a presença de parasitos em animais extintos e múmias pré-colombianas. A obra reúne imagens históricas do acervo do Departamento de Arquivo e Documentação (COC), além de depoimentos e revelações sobre a vida pessoal e profissional do pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e ex-presidente da Fiocruz. Produzido em 2013, o filme será lançado no próximo dia 26 de março, às 10h, no auditório do Museu da Vida, na Fundação.
Nos 25 minutos de duração, o documentário mostra imagens da construção do Pavilhão Mourisco e de edificações como o Pavilhão do Relógio (Pavilhão da Peste), erguido em Manguinhos no início do século 20. Tudo isso serve de contexto para a narração da vida simples do professor, que usa o metrô e o ônibus para chegar à Ensp, e é profundamente dedicado à ciência e à paleoparasitologia. “É compatível”, disse em uma passagem do documentário, ao referir-se à ciência e à religião. “É muito confortável também você pensar que depois de morto vai para o céu, do que pensar que tudo acaba. A ciência responde como, e a fé, a religião, explica o porquê!”.
O pesquisador desenvolve suas atividades no Departamento de Ciências Biológicas (Ensp/Fiocruz), criado por ele na década de 1960. É importante incentivador da formação de recursos humanos para a saúde nos diferentes níveis escolares, aparecendo também como referência mundial nas pesquisas paleoparasitológicas. Luiz Fernando é o principal responsável pelo aperfeiçoamento de grupos de pesquisadores nacionais e estrangeiros nesta área. No documentário, ao falar sobre os cientistas que o inspiraram a seguir carreira na ciência, cita Adolpho Lutz, que desenvolveu importantes trabalhos como médico e pesquisador no campo da zoologia no Brasil. “O meu ídolo é essa gente de Manguinhos, especialmente o dr. Adolpho Lutz. As histórias do dr. Lutz, eu repetia, contava; foi uma coisa que me marcou. Eu tenho uma admiração até hoje pelo dr. Lutz. Agora o mestre que me ensinou foi José Rodrigues da Silva, catedrático na época em doenças tropicais. Doença tropical mexia com laboratório, mexia com clínica também”, explicou.
Para a produtora e diretora, Luiz Fernando Ferreira tem uma “relação lúdica com a ciência” Criou um campo do conhecimento, e tem muito reconhecimento no campo científico”, disse Stella Penido. A pesquisadora destaca ainda a erudição do professor emérito: “É um tipo de formação que não existe mais”.
Mais sobre o pesquisador
Luiz Fernando Ferreira nasceu no Rio de Janeiro em 23 de setembro de 1936. Formou-se em medicina pela Faculdade Nacional da Universidade do Brasil, onde concluiu, em 1962, o doutorado. Em 1966, ingressou como professor-titular da disciplina de parasitologia na recém-criada Fundação Escola de Saúde Pública. Em 1978, criou a paleoparasitologia motivado pelo questionamento em torno da autoctonicidade da esquistossomose mansônica no Brasil. Isso foi possível graças à investigação do parasito em fezes humanas preservadas (coprólitos) originadas de diversos sítios arqueológicos brasileiros.
Em 2012, o pesquisador ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Ciências Naturais com o livro Fundamentos da paleoparasitologia, organizado em parceria com o também pesquisador da Ensp Adauto José Araújo e Karl Jan Reinhard, da Universidade de Nebraska. Este livro foi lançado pela Editora Fiocruz em comemoração aos 111 anos da Fundação.
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