07/02/2019
Por: Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)*
Há 110 anos, a ciência brasileira inaugurava um capítulo importante de sua história. Em 22 de abril de 1909, Oswaldo Cruz anunciava à Academia Nacional de Medicina a descoberta de uma nova doença: a doença de Chagas, à época chamada de tripanossomíase americana. O feito teve como protagonista Carlos Chagas, pesquisador do então Instituto de Manguinhos. Antes mesmo de completar 30 anos, ele foi capaz de desvendar o ciclo completo do agravo: descobriu o parasito Trypanosoma cruzi, identificou o inseto hospedeiro – o barbeiro, e diagnosticou a doença em uma paciente de Minas Gerais. Hoje, apesar de conhecida, a doença de Chagas permanece negligenciada. O desenvolvimento de novas drogas para o tratamento da doença, o controle do parasito e o aumento da qualidade de vida dos pacientes ainda são desafios pontuais.
Para discutir a amplitude do assunto que envolve pesquisadores, autoridades de saúde, gestores, pacientes e familiares, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) realiza a sétima edição do Ciclo Carlos Chagas de Palestras. A edição especial, que contará com atividades mensais associadas ao Centro de Estudos do IOC, terá início no dia 12 de abril e término em 12 de julho. O evento será realizado no auditório Emmanuel Dias, do Pavilhão Arthur Neiva, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365 – Manguinhos). Estudantes, pós-doutorandos, pesquisadores e profissionais da área interessados em participar do primeiro encontro podem se inscrever até 12/04. O prazo para submissão de trabalhos, que abrangem todas as áreas de pesquisa da doença de Chagas, vai até o dia 15/03. Os quatro melhores estudos serão selecionados para apresentações orais durante as atividades. Para se inscrever e conferir a programação do dia 12, visite o Campus Virtual da Fiocruz. Participam da organização as pesquisadoras Joseli Lannes, do Laboratório de Biologia das Interações do IOC, e Marli Lima, do Laboratório de Ecoepidemiologia da Doença de Chagas do IOC.
De acordo com a pesquisadora Joseli Lannes, o Ciclo chama a atenção para os avanços e desafios na busca de soluções para os problemas relacionados ao agravo. “No ano especial, em que lembramos os 110 anos da publicação da descoberta da doença de Chagas, vamos discutir questões ainda marcantes de uma doença negligenciada. Entre os destaques, estão a importância do diagnóstico na fase aguda, o tratamento adequado na fase crônica e o reforço na atenção total ao paciente, que envolve a garantia de direitos e do cuidado da saúde do corpo e da mente”, ressaltou Lannes.
O primeiro dia de atividades contará com as palestras Projeto Selênio - avanços científicos e retorno ao portador da doença de Chagas, ministrada pela pesquisadora Tania Araújo-Jorge, do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, e ‘Impactos do Programa de Exercícios Físicos na capacidade cardiopulmonar do portador da doença de Chagas’, apresentada pela pesquisadora Fernanda Sardinha, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). A programação também inclui a apresentação de um dos melhores trabalhos submetidos e a participação de membros da Associação de Portadores da doença de Chagas do Rio de Janeiro. As demais edições serão divulgadas ao longo do ano.
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