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Cenas da pandemia de gripe espanhola revelam ações filantrópicas no Rio de Janeiro

Imagem da base arch mostrando um médico cercado de pessoas

24/04/2020

Por Cristiane Albuquerque (COC/Fiocruz)

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Em setembro de 1918, quando os primeiros casos de gripe espanhola foram identificados no Rio de Janeiro, a cidade tinha mais de 910 mil habitantes. Um mês depois, 66% da população já havia adoecido e os hospitais e repartições de saúde do estado encontravam-se em situação precária. Para auxiliar o atendimento dos quase seiscentos mil cariocas acometidos pela enfermidade, diversas instituições filantrópicas iniciaram atividades para tratar os doentes. Fundado pelo médico Arthur Moncorvo Filho em 24 de março de 1899, o Instituto de Proteção e Assistência à Infância (Ipai) foi uma delas.

Dedicado inicialmente ao atendimento de crianças pobres, o Ipai recebeu um posto de assistência dentro de suas dependências para acolher, também, famílias acometidas pela gripe espanhola. Atendimentos médicos, enfermarias lotadas e filas para a distribuição de produtos alimentícios eram cenas comuns observadas por quem passava pelo local. Algumas dessas imagens que retratam o cotidiano da instituição durante a pandemia podem ser conferidas on-line no Fundo Moncorvo Filho, disponível na Base Arch, a base de dados do acervo arquivístico da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). 

De acordo com a historiadora Gisele Porto Sanglard, pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, a iniciativa das instituições gerou a percepção de que a atuação médica estava em constante diálogo com a ação social. “Uma epidemia também é momento de solidariedade. A preocupação com a saúde pautou as ações de médicos e da sociedade civil frente à pandemia: abriram-se hospitais de campanha, enfermarias provisórias e diversas instituições de saúde concentraram suas atuações no atendimento aos acometidos pela gripe espanhola, como o Ipai, de Moncorvo Filho”, destacou.  

À época, as ações médicas não se limitaram ao suporte e ensinamento de hábitos higiênicos, observa a historiadora Caroline Amorim Gil, mestre em História das Ciências e da Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz. “Em conjunto [com outras ações], era feita a distribuição de alimentos, pois se acreditava que um corpo sadio e bem alimentado resistiria melhor à doença. A instituição obtinha os alimentos através de doações periódicas”, explicou.  

Além de registros sobre a gripe espanhola, o Fundo Moncorvo Filho reúne cerca de 200 itens, entre fotografias, telegramas, desenhos, cartas, relatórios, ofícios, publicações, discursos, recortes de jornais e documentos que contam sua trajetória a como médico gestor e membro de instituições e associações científicas, tanto no Brasil quanto no exterior. O fundo está organizado em quatro grupos: vida pessoal, formação e administração da carreira, gestão institucional e relações interinstitucionais e intergrupos. Confira as imagens!

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