05/08/2020
Fonte: Ensp/Fiocruz
O Cadernos de Saúde Pública de agosto faz um balanço do fast-track Covid-19. Para as editoras da revista, Marilia Sá Carvalho, Luciana Dias de Lima e Cláudia Medina Coeli, era necessário abrir um espaço e criar uma rotina diferenciada para propiciar o debate científico qualificado voltado para países com problemas graves de infraestrutura, pobreza e desigualdade, valorizando as diversas abordagens e enfoques da área.
Em abril de 2020, CSP criou um mecanismo de fast-tracking para diminuir o tempo de avaliação e publicação de artigos sobre a Covid-19. Foram submetidos, desde o início de abril até o dia 10 de julho, 548 manuscritos.
Confira o editorial:
“Em março de 2020, publicamos o primeiro artigo sobre Covid-19 em CSP. Naquele momento o papel da vigilância epidemiológica nacional oportuna e efetiva era o ponto central. A montagem de uma infraestrutura integrada de dados, que orientasse a intervenção necessária, não aconteceu mesmo nos países desenvolvidos. A crônica de uma crise sanitária de proporções gigantescas já era a infeliz realidade.
Nesse contexto, cientistas de todo o mundo se mobilizaram na busca de alternativas que diminuíssem o número de vidas perdidas e o sofrimento de milhões de pessoas. Esforços foram empreendidos para a produção, sistematização e divulgação de conhecimento de forma ágil e oportuna, incluindo entrevistas em canais de rádio, televisão e redes sociais, criação de sites e observatórios, notas técnicas e recomendações. No Brasil, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) instituiu um programa periódico de debate virtual (Ágora Abrasco) e se articulou com outras entidades nacionais em uma grande frente em defesa da vida, que resultou na elaboração de um Plano Nacional de Enfrentamento à Pandemia da COVID-19.
Também no âmbito da publicação científica, o número de artigos cresceu exponencialmente com contribuições de diversas áreas do conhecimento 5. Compreender de forma aprofundada o significado e as repercussões sociais, econômicas e humanitárias de uma crise complexa e de múltiplas dimensões, que afeta de forma significativa o futuro das nações, tornou-se essencial.
Como revista científica da Saúde Pública/Saúde Coletiva, em abril de 2020, CSP criou um mecanismo de fast-tracking para diminuir o tempo de avaliação e publicação de artigos sobre a Covid-19. Era necessário abrir um espaço e criar uma rotina diferenciada para propiciar o debate científico qualificado voltado para países com problemas graves de infraestrutura, pobreza e desigualdade, valorizando as diversas abordagens e enfoques da área.
Foram submetidos, desde o início de abril até o dia 10 de julho, quando fizemos esta avaliação, 548 manuscritos. Além de preocupações com a dinâmica e evolução da pandemia, destaca-se a publicação de temas relacionados à saúde global, à capacidade de resposta dos estados e dos sistemas de saúde, à oferta, organização e qualidade dos serviços de saúde (da atenção primária à assistência hospitalar) e ao impacto da pandemia na saúde mental, na violência doméstica, na prática de atividade física e na segurança alimentar.
Em um primeiro momento CSP recebeu, principalmente, artigos de posicionamento para a seção Perspectivas. Criamos uma seção Espaço Temático intitulada COVID-19 - Contribuições da Saúde Coletiva para organizar a publicação desses manuscritos. Mais recentemente, passamos a receber ensaios e artigos empíricos, muitos utilizando coleta de dados pela Internet, os websurveys. Buscando manter a qualidade, nosso Editorial de julho aponta as diretrizes de CSP, tendo como base os cuidados metodológicos necessários ao desenvolvimento de inquéritos baseados em redes sociais.
No fast-track, como diz o próprio nome, se acelera o tempo entre a submissão e a publicação dos manuscritos. Mas mesmo buscando reduzir esse tempo, mantivemos o processo de avaliação por pares, garantindo a qualidade dos artigos publicados. Nosso tempo médio entre a submissão e a aprovação dos manuscritos ficou em 12 dias, e entre a aprovação e a publicação no site de CSP em 14 dias. Como conseguimos isso? Com um enorme esforço e dedicação. Cada editor e cada parecerista abriu espaço na sua agenda para trabalhar nesses artigos. As novas versões foram reavaliadas no mesmo ritmo. Isso tudo sem prejudicar nosso fluxo usual. A proporção de artigos aprovados manteve-se dentro dos padrões habituais de CSP.
Nesse período, CSP avançou na divulgação científica. Lançamos, com o apoio de um jornalista e uma estagiária da revista e da Coordenação de Comunicação Institucional da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), uma série de vídeos disponibilizados no canal do YouTube da ENSP/Fiocruz. Na série, intitulada Entrevistas com os Autores, editores e autores debatem um artigo recém-publicado neste período sobre a COVID-19.
É hora de agradecer publicamente a dedicação de todos. Editores e pareceristas garantiram a qualidade científica; a secretaria deu suporte aos autores; editores assistentes realizaram o processo de editoração, incluindo a padronização dos textos e verificação das referências; revisores e tradutores de idiomas (sim, a versão bilíngue de todos os artigos foi providenciada) se dedicaram à qualidade do texto; diagramadores e responsáveis pela produção do XML (formato que permite a publicação na web) trabalharam cuidadosamente na formatação final dos artigos. E no final do processo, entrou em cena a equipe responsável pela divulgação no Twitter e Facebook. Todos, absolutamente todos, demonstraram seu profissionalismo. Do início ao fim.
Isso em regime de trabalho em casa, com as dificuldades que conhecemos. Crianças aprendendo a estudar à distância, parentes precisando de apoio, momentos de relaxamento limitados, o mundo privado e o mundo do trabalho se misturando.
Mas, como dizíamos no Editorial de abril, os “cientistas de todo o mundo irão gerar o conhecimento que permitirá enfrentar não só a pandemia da COVID-19, mas também subsidiar políticas que organizem a assistência e possibilitem o cuidado adequado aos pacientes”, cabendo às revistas científicas publicar “a produção científica honesta e bem conduzida”. Essa é a nossa contribuição.
Neste mês de julho, encerramos o processo de fast-track. Continuaremos acelerando, na medida do possível, a avaliação dos manuscritos inovadores de maior fôlego, que tragam contribuições substantivas ao enfrentamento desta emergência sanitária tão grave.”
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