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BNB financia pesquisa da Fiocruz Ceará para produção de medicamento contra a leucemia

06/12/2019

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O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) aprovou financiamento no valor de R$ 150 mil por meio do Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico e Inovação (FUNDECI), administrado pelo BNB, para pesquisa da Fiocruz Ceará, que trata do desenvolvimento de medicamento de conteúdo nacional, derivado de L-asparaginase humana. Os recursos cobrem mais de 65% do projeto, que terá contrapartida da Fiocruz Ceará, por meio da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), no valor de R$ 78 mil.

O projeto coordenado pelo pesquisador da área de biotecnologia, Marcos Lourenzoni, especialista em Ciências, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública, visa priorizar a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de uma nova enzima PD&I, de um nova enzima L-asparaginase, para obter um produto melhor com produção nacional e assim, resolver o gargalo do desabastecimento no país.  A proposta da pesquisa foi apresentada para o presidente do BNB, Romildo Rolim, o superintendente do Banco no Ceará, Rodrigo Bourbon, e demais representantes da instituição e a Fiotec na última sexta-feira (29/1a), na sede da Fiocruz, no Pólo Industrial e Tecnológico da Saúde, no município do Eusébio.

“O Banco do Nordeste, como instituição fomentadora, apoia atuações que vão desde ações de pequenos produtores até uma pesquisa científica como esta, de grande impacto social e humanitário. Estamos financiando um projeto de saúde pública e abertos para outras pesquisas que contribuam para o desenvolvimento de soluções inovadoras na Região,” destacou o presidente do BNB, Romildo Rolim.

A pesquisa inova na proposição de variantes da enzima com fenótipos evoluídos, produzindo medicamento de melhor qualidade, como explica o cientista Marcos Lourenzoni, coordenador do trabalho. A execução do projeto conta com a participação pesquisador Marco Medeiros de Bio-Manguinhos, Gilvan Furtado da Fiocruz Ceará e duas alunas de doutorado, Ana Virginia Guimarães e Maisa Pinheiro.

“Com a falta de abastecimento e de registro do medicamento na Anvisa, o Ministério da Saúde convocou uma força tarefa para a sua produção no Brasil. Na nossa pesquisa, a expectativa do uso da L-asparaginase humana é de reduzir os eventos adversos observados no uso dos produtos comerciais. Na balança comercial dos biofármacos, somos muito dependentes do que é produzido fora do Brasil. Se produzirmos aqui, temos a chance de exportar um produto que vai beneficiar milhares de pessoas”, defende Lourenzoni.

A L-asparaginase é de notável importância na indústria farmacêutica pois é utilizada no tratamento da leucemia linfoide aguda (LLA), um dos tipos de câncer que surge, sobretudo, entre crianças e adolescentes. Em conjunto com fármacos, usados nas primeiras semanas, a L-asparaginase é fundamental para a remissão e cura dos pacientes, tratando-se de uma medicação vital para o tratamento da doença, com efeitos descritos desde a década de 70.

No Brasil, o uso desse medicamento abrange cerca de 5.000 crianças e adolescentes ao ano. Até 2012, o Ministério da Saúde (MS) adquiria o Elspar, produzido por Merck Sharp e distribuído pelo Laboratórios Bagó do Brasil S.A., mas a fabricação desse medicamento foi interrompida, resultando em desabastecimento e o medicamento passou a ser comprado pelo MS sem registro na Anvisa, em caráter emergencial até 2018. Em 2019, constam dois registros, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Na pesquisa, o objetivo principal será selecionar uma L-asparaginase humana (hASNasel) para reduzir os eventos adversos. Serão usadas técnicas de evolução in vitro (na bancada) e in silico (simulações no computador) para aumentar a eficiência de hASNasel. A combinação das técnicas deverá propor variantes de hASNasel com atividades biológicas compatíveis a de um medicamento. O projeto possui também, o Bioprocesso (produção escala de bancada).

As atividades configuram apenas o início da fase de pré-desenvolvimento de um medicamento biológico, ou seja, não se pretende chegar a um medicamento desenvolvido ao final desse projeto. No modelo de negócios de moléculas biológicas é previsto, ao final da etapa de pré-desenvolvimento, o depósito de pedido de patente, o que possibilita dar continuidade ao desenvolvimento do medicamento em empresas farmacêuticas.

 

 

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