18/01/2016
Fiocruz Amazônia
Num momento crítico em que doenças tropicais como as arboviroses invadiram o Brasil e o Amazonas, em que os números triplicam a cada novo diagnóstico, o pânico começa a tomar conta da população com medo de ser infectada pelo mosquito Aedes aegypti e adquirir uma das três doenças que o mosquito causa: dengue, febre Chikungunya ou febre por zika causada pelo zika vírus.
As autoridades sanitárias pedem atenção redobradas e iniciam diversas frentes no combate ao mosquito transmissor e, ao mesmo tempo, orientam as pessoas que tenham manifestado alguns dos sintomas característicos dessas doenças que procurem atendimento de saúde imediatamente ou até o quinto dia dos sintomas, de forma que o diagnóstico seja preciso.
E é justamente no atendimento clínico ou mesmo no “achismo” que os primeiros diagnósticos se confundem e a dengue acaba sendo a vilã entre as viroses diagnosticadas, banalizando a doença, mascarando os números oficiais e até ocultando outros vírus que estão circulando na região com gravidade tão ou maior que as transmitidas pelo Aedes aegypti.
Estudo realizado pela Fundação de Medicina Tropical (FMT) em parceria com o ILMD/Fiocruz Amazônia, mostrou que entre os anos de 2007-2009 - quando ainda não se tinha registro da febre chikungunya e zika no país - pelo menos 50% dos casos suspeitos de dengue não foram confirmados em laboratório. Ou seja, deram negativo para dengue e mesmo para a malária – que era o alvo da pesquisa à época.
Conforme o vice-diretor de Pesquisa do ILMD/Fiocruz, Felipe Naveca – que integrou a equipe de pesquisadores deste estudo – metade desses testes que deram negativo para malária e dengue trouxeram à luz outros tipos de vírus, como a febre oropouche e mayaro, transmitidos por insetos que circulam na Amazônia. “É muito difícil só no diagnóstico clínico afirmar que aquela doença é dengue, especificamente”, ressaltou.
De acordo com Naveca, o Estado do Amazonas ainda não apresentou nenhum surto da febre oropouche, mas em vários municípios do interior há casos registrados de surtos menores da doença. O vírus é transmitido por um inseto que mede menos de 3mm, conhecido como culicoides paraenses, porque foi descoberto por pesquisadores do Pará, região da Amazônia em que tem o maior número de casos, e popularmente é conhecido como meruim ou maruim.
Como os sintomas da febre Oropouche são semelhantes aos da dengue, frisa Naveca, isso acaba contribuindo para que os doentes sejam diagnosticados erroneamente. Por isso, ressaltou, a importância de se ter mais atenção ao vírus. Os principais sintomas da doença são: febre alta, calafrios, dor de cabeça muito forte, fotofobia e dor na região lombar.
Estatística
Enquanto os casos de febre oropouche não vem à luz, dados da Fundação em Vigilância Sanitária (FVS) mostram que em 2015 foram registrados 7.191 casos de dengue em todo o Estado; 152 casos de febre chikungunya, sendo 12 confirmados, 75 descartados e 65 ainda sob investigação.
Até o dia 13 de janeiro deste ano, foram registrados 108 casos suspeitos de febre por zika vírus, sendo 18 em gestantes e apenas dois casos confirmados. O laboratório do ILMD/Fiocruz Amazônia realiza os testes laboratoriais dos casos suspeitos que chegam à instituição.
Abaixo quadro de sintomas das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti (fonte: Ministério da Saúde).
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