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Adolescência, mídia e violência em debate


31/08/2005

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Adolescência, mídia e violência em debate

Fonte de entretenimento, informação e referências culturais e sociais, os meios de comunicação de massa ocupam um espaço de destaque na formação dos jovens. A complexa relação entre adolescentes e mídia e seus reflexos na reprodução da violência foram os temas da palestra da pesquisadora Kathie Njaine, do Centro Latino-americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), realizada no Centro de Estudos do Instituo Oswaldo Cruz (IOC), no dia 26 de agosto.
A pesquisadora apresentou três estudos realizados com adolescentes em regime de privação de liberdade e jovens em escolas, avaliando a relação entre mídia e violência nesses dois casos. Os resultados mostraram a complexidade desse relacionamento.
Na pesquisa com adolescentes internados em instituições sócio-educativas, Kathie analisou o discurso sobre rebeliões juvenis veiculado em jornais cariocas entre 1997 e 1998. Segundo ela, as reportagens reforçavam a lógica punitiva, apresentando os jovens como ameaças à sociedade.
“Essa forma de representação é perigosa, pois contribuiu negativamente para o desenvolvimento emocional da maioria dos adolescentes, que acaba por assumir essa identidade”, conclui a pesquisadora.
A visão negativa da juventude apresentada pela mídia também foi identificada nas pesquisas realizadas com alunos da rede pública de ensino em 2000 e 2001, nos municípios de Iguatu (CE), Juiz de Fora (MG), Campinas (SP) e São Gonçalo (RJ). Em discussões em grupo, os estudantes questionaram o modo como o jovem pobre e negro é retratado pelos meios de comunicação, geralmente apresentado como “problemático”.
“A imagem televisiva dos adolescentes negros e pobres é cristalizada na vida real na forma como eles são abordados pela polícia”, exemplifica a pesquisadora. O lado positivo, segundo ela, é que os debates entre estudantes mostraram que muitos deles conseguem desconstruir essa imagem negativa, questionando o preconceito e a superficialidade dos meios de comunicação.
A veiculação de temas violentos na mídia, principalmente pela televisão, foi apontada por alunos e professores como um incentivo à banalização e ao fomento à violência. No entanto, Kathie ressalta que os fatores que contribuem para deflagrar situações de violência são múltiplos, não se restringindo aos meios de comunicação.
“A mídia exerce um papel fundamental na construção de significados e é muito importante na vida de crianças e jovens. Precisamos analisar seu modo de atuação e como eles poderiam contribuir positivamente para a formação dos adolescentes”, afirma a pesquisadora.

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