Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

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Academia Nacional de Medicina homenageia 120 anos da Fiocruz


25/06/2020

Claudia Lima (CCS)

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História, reflexões e reconhecimento de quem ajudou a construir a Fiocruz e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Esses foram temas comuns nas falas dos integrantes e convidados da Academia Nacional de Medicina (ANM) que participaram do simpósio em homenagem aos 120 anos da Fundação, em sessão virtual realizada na tarde de 18 de junho. A presidente Nísia Trindade Lima encerrou o evento com a conferência Fiocruz – presente, passado e futuro

Em sua saudação inicial, Nísia se referiu ao momento de pandemia. “Afirmo aqui meus votos de solidariedade a todos que perderam amigos nessa crise sanitária, humanitária”, disse, para em seguida agradecer a homenagem em nome da coletividade da instituição. “Comemorar é lembrar juntos. Estamos aqui juntos para comemorar passado e presente, não apenas para a Fiocruz, mas para um projeto de saúde, de país, de pensar a ciência e a saúde para a defesa da vida e do bem-estar”.

Pessoas
O simpósio foi conduzido pelo acadêmico e coordenador de Relações Internacionais da Fundação, Paulo Buss, presidente da instituição no período de 2000 a 2008. O acadêmico José Augusto Messias fez o discurso oficial e o presidente da Academia, Rubens Belford, realizou a entrega simbólica de uma ‘placa virtual’ de homenagem à Fundação, pouco depois da conferência de Nísia Trindade Lima.  

“A sua mensagem é sobre aquilo que a Fiocruz tem de mais forte. Não são os prêmios, não são os edifícios, não são as unidades dessa rede nacional e internacional: são as pessoas”, afirmou Belford. “A Fiocruz é um exemplo de entidade que vem há muito tempo, por gerações, conseguindo formar, manter e reproduzir os melhores recursos humanos”, elogiou. 

Presente e tradição
O tema da conferência atendeu à sugestão de Paulo Buss. “Começo com uma reflexão. Quando colocamos presente em primeiro plano, estamos justamente chamando atenção que, é a partir deste nosso tempo, o presente, que interpelamos o passado e também o futuro”, afirmou Nísia, que abriu a conferência com duas frases do sociólogo Florestan Fernandes: ‘O passado possui pouca significação. O que importa é o presente e, acima de tudo, o futuro’.

As frases foram ditas na década de 1950. “Naquele momento se discutia que o Brasil tinha que pensar em termos de futuro, que deveria passar seu passado a limpo e era importante romper certos vínculos com a tradição para que se pudesse ter uma nação em bases científicas, racionais e democráticas”, explicou a presidente.

“Aquela frase tinha um sentido: era um desconforto com a tradição. Aqui unimos duas casas que retrabalham e ressignificam essa tradição. Estamos falando de duas instituições que valorizam a memória e pensam o futuro”, disse Nísia. “Entendemos que essa tradição significa institucionalização da atividade científica numa determinada perspectiva. No caso da Fiocruz, com a perspectiva de estarmos lidando com os grandes desafios da sociedade”, disse.

Ombros de gigantes
Nísia traçou um panorama das atividades da Fiocruz, homenageou as personalidades históricas, os ex-presidentes e os acadêmicos que trabalham ou trabalharam em parceria com a instituição depois de citar a frase do cientista Isaac Newton – ‘Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. O texto fazia referência às novas descobertas, que só eram possíveis porque as bases haviam sido construídas sobre conhecimentos de outros cientistas que o precederam.

“Nossa instituição tem um caminho histórico. O primeiro é ter surgido no enfrentamento a grandes epidemias”, disse Nísia. A presidente pontuou a diversidade e importância de ações da Fiocruz nos seus 120 anos, desde as expedições científicas no interior do país ao laboratório na Estação da Antártica, e voltou ao tema mais atual. “A pandemia é um posto privilegiado para pensarmos essas ações, porque é um grande desafio do século 21 e desafia uma instituição como a nossa. Faz parte da mística da nossa instituição lidar com grandes desafios”, disse.

A presidente encerrou a conferência com o primeiro verso do poema Tecendo a manhã, de João Cabral de Mello Neto – Um galo sozinho não tece uma manhã. Usou o verbo tecer como fio condutor. “Quando pensamos no presente e no futuro, pensamos esse amanhã como uma tessitura, uma construção, que precisa ter necessariamente como pilares a ciência, a tecnologia, a inovação e o Sistema Único de Saúde”, discursou. “Esse amanhã precisa ser construído hoje por nós e será construído à luz da boa tradição, a tradição que implica um projeto de país em que a ciência, a tecnologia e inovação estejam a serviço da vida, num encontro entre ciência e cultura”, concluiu. (Clique aqui para ver a apresentação da Conferência

Apresentações
No primeiro bloco do evento, participaram o diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), José Paulo Leite, que tratou do tema Fiocruz: situação atual e futuros desafios e perspectivas - pesquisa biomédica; o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), Hermano Castro, com uma fala sobre Pesquisa e ensino em saúde pública na Fiocruz, e Valdiléa Veloso, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), que tratou da Pesquisa Clínica na Fiocruz

Apresentaram-se também Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, que falou sobre Produção de insumos para a saúde na Fiocruz, e Zélia Profeta, diretora do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), que expôs o tema Os Desafios para a Fiocruz num país de dimensões continentais.

Cerimônia
O segundo bloco, com o título Apreciação dos acadêmicos da Fiocruz, contou com a participação dos convidados acadêmicos Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, José Gomes Temporão, Léa Rodrigues Coura, José Rodrigues Coura e Paulo Buss, que fizeram discursos emocionados. Antes da conferência da presidente, no bloco 3 do simpósio, intitulado Como vejo a Fiocruz, o secretário de Formação e Ações Estratégicas do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), Marcelo Morales, cumprimentou a Fiocruz em nome do ministro Marcos Pontes.

“Gostaria de ressaltar esses 120 anos e a importância dessa instituição, que sempre trabalhou para promover a saúde e o desenvolvimento social e para difundir o conhecimento científico-tecnológico”, afirmou Pontes. “Mais uma vez, na pandemia, tem feito contribuição muito importante para o país. Nessa homenagem, gostaria de colocar o nosso orgulho, em nome do MCT&I, dessa instituição que é patrimônio da sociedade brasileira”, declarou.

Entre os convidados que participaram da homenagem estiveram o diretor da Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Ruy Pereira; a líder comunitária de Manguinhos, Elizabeth da Silva Campos; o diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Sidarta Tollendal Gomes Ribeiro. 

Clique aqui para acessar a página do Facebook da Academia Nacional de Medicina para assistir o vídeo da sessão da ANM em homenagem aos 120 anos da Fiocruz. Veja aqui a programação

 

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