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Abrascão é destaque na nova edição da revista Cadernos de Saúde Pública


28/02/2018

Fonte: Ensp/Fiocruz

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A revista Cadernos de Saúde Pública de fevereiro (vol. 34 n. 2) convoca para o 12° Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão 2018), a ser realizado de 26 a 29 de julho, na Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, com o lema Defender o SUS, os Direitos Sociais e a Democracia. O presidente da Abrasco, Gastão Wagner de Souza Campos, assina o editorial da publicação, onde diz que o Brasil vive um período histórico difícil, de instabilidade política, insegurança jurídica, crise econômica, ataque sistemático aos direitos sociais e trabalhistas, às políticas e às universidades públicas, privilégios crescentes ao mercado e cortes no orçamento, inclusive para a ciência e tecnologia. “Os agentes que comandam esse movimento regressivo, e que pretendem anular a Constituição Federal de 1988 e subordinar classes e agrupamentos sociais subalternos, são os mesmos que, historicamente, sempre se opuseram à distribuição de renda e ao aprofundamento da democracia.” Para ele, a crise do país é também resultado da postura inadequada de partidos políticos e de movimentos sociais que tiveram papel decisivo na constituição do Sistema Único de Saúde (SUS), dos direitos civis, sociais e políticos. “Para se repensar o Brasil se faz necessário refletirmos sobre a organização e práticas da reforma sanitária, das entidades de representação e dos movimentos sociais como um todo.”

Vários artigos com a participação de pesquisadores da ENSP foram publicados pela revista. Idade materna avançada e sua associação com placenta prévia e descolamento placentário: uma metanálise, de Katrini Guidolini Martinelli, Érica Marvila Garcia e Edson Theodoro dos Santos Neto, da Universidade Federal do Espírito Santo; e Silvana Granado Nogueira da Gama, da ENSP,  teve como objetivo investigar a existência e magnitude da associação entre idade materna avançada (AMA) e ocorrência de placenta prévia (PP) e descolamento placentário (DP) entre mulheres nulíparas e multíparas, por meio de uma revisão sistemática e meta-análise. Foram pesquisados artigos publicados entre 1º de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2015, em qualquer idioma, nos seguintes bancos de dados: PubMed, Scopus, Web of Science e LILACS. As mulheres foram agrupadas em duas categorias de idade: até 34 anos e 35 anos ou mais. A revisão forneceu evidências de baixa qualidade para ambos os resultados, uma vez que abrange estudos observacionais com alta heterogeneidade estatística, diversidade de populações, sem controle de fatores de confundimento em vários casos e viés de publicação, no entanto, os intervalos de confiança eram pequenos e há um gradiente dose-resposta, bem como uma grande amplitude de efeito para o PP.
 
No artigo Prevalência da doença de Chagas entre doadores de sangue do Estado do Piauí, Brasil, no período de 2004 a 2013, os autores Melissa Palis Santana, do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí; e Reinaldo Souza-Santos e Andréa Sobral de Almeida, da ENSP, tratam do declínio na prevalência da doença de Chagas no Brasil, sendo que a Região Nordeste apresenta condições propícias ao seu recrudescimento. O objetivo deste estudo foi analisar a positividade por doença de Chagas entre doadores de sangue do Piauí entre 2004 e 2013. A prevalência de sorologia reagente para doenças de Chagas na triagem de doadores foi de 1%, variando de 0,4% na Regional de Saúde de Uruçuí a 2,4% na Regional de Saúde de São Raimundo Nonato. Dos 220 municípios, 58,6% apresentaram casos. Apenas 34,5% das amostras positivas na triagem foram encaminhadas para testes complementares e entre estes, 84,4% apresentaram resultados negativos. Nossos resultados indicam a possibilidade da manutenção da transmissão vetorial em áreas do Estado do Piauí e a necessidade da implantação de ações que melhorem o índice de realização dos testes complementares referentes aos casos positivos na triagem.
 
Trajetória da política de controle do tabaco no Brasil de 1986 a 2016, artigo de Leonardo Henriques Portes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e Cristiani Vieira Machado e Silvana Rubano Barretto Turci, da ENSP, analisa a política brasileira de controle do tabaco entre 1986 e 2016, buscando caracterizar a trajetória da política e discutir os seus avanços, limites e desafios. Segundo o artigo, medidas intersetoriais de controle do tabaco, como o aumento de preços e impostos de cigarros, a promoção de ambientes livres do fumo e a adoção de advertências sobre os malefícios do tabagismo contribuíram para a expressiva redução da prevalência de fumantes no período. A implementação da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde no Brasil, a partir de 2006, contribuiu para a expansão e consolidação da política nacional. No entanto, interesses econômicos relacionados ao tabaco limitaram a implementação de algumas ações estratégicas. Entre os desafios, destacam-se a sustentabilidade do controle do tabaco a médio e longo prazos e a superação das barreiras relacionadas à diversificação em áreas plantadas de fumo, ao combate ao comércio ilícito de cigarros e à interferência da indústria do fumo na política.
 
O artigo Ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar americana: uma análise multivariada dos circuitos espaciais de produção, Minas Gerais, Brasil, 2007 a 2011, dos pesquisadores Andrea Oliveira Dias Temponi, Mariana Gontijo de Brito,  Marcela Lencine Ferraz, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; Soraia de Araújo Diniz, Marcos Xavier Silva, da Universidade Federal de Minas Gerais; e Tarcísio Neves da Cunha, da ENSP , explica a associação dos fatores socioambientais e dos grandes usos da terra com a ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar americana (LTA) nos circuitos espaciais de produção, no Estado de Minas Gerais, Brasil. Trata-se de um estudo ecológico do tipo analítico, baseado em dados secundários de casos de LTA dividido por triênio, no período entre 2007 a 2011, cujas unidades de análise foram os municípios pertencentes aos circuitos espaciais. Para o período avaliado, identificou-se três circuitos distribuídos nas mesorregiões Norte de Minas Gerais, Vale do Rio Doce e Região Metropolitana de Belo Horizonte. Houve forte associação dos casos de LTA por densidade demográfica com lavoura temporária, pastagem natural, floresta natural, terras inaproveitáveis e população rural, e uma fraca associação com pastagem plantada. A associação de casos com variáveis dos grandes usos da terra em diferentes perfis agropecuários demonstra o caráter ocupacional da LTA, associado principalmente com trabalhadores da zona rural. A associação da doença com as variáveis ambientais e deficiência das condições de saneamento básico também demonstram relevância no perfil de transmissão nos circuitos espaciais de produção em Minas Gerais.
 
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