06/02/2025
Fonte: Fiocruz Pernambuco
Um artigo publicado na 24ª edição da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil revelou disparidades na distribuição de serviços de saúde destinados ao cuidado do câncer de mama em Pernambuco. O artigo é fruto da tese defendida por Rosalva Silva, em 2024, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Fiocruz Pernambuco. Intitulada Integralidade da Atenção à Saúde da Mulher com Câncer de Mama: Uma Análise da Rede de Oncologia em Pernambuco, a pesquisa, realizada de 2020 a 2022, contou com a orientação da pesquisadora do Departamento de Saúde Coletiva, Tereza Lyra.
A pesquisa apontou que a Região Metropolitana do Recife concentra 64,4% dos mamógrafos, 64,5% dos equipamentos de ultrassonografia e 65,1% dos serviços de tratamento de câncer. Em contrapartida, a Zona da Mata, Agreste e Sertão do São Francisco apresentam estrutura insuficiente, obrigando pacientes a se deslocarem para outras localidades em busca de atendimento. Além disso, foi identificada uma grave ausência de serviços de biópsia de mama na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Das sete unidades listadas no Plano Estadual de Oncologia, três não realizaram o procedimento nos últimos cinco anos e duas iniciaram o atendimento apenas em 2022.
“O estudo evidencia o déficit de serviços para o diagnóstico (coleta e/ou histopatológico) em todas as Macrorregiões de Saúde do estado de Pernambuco. Há uma concentração dos serviços de imagem e tratamento na Região Metropolitana do Recife, enquanto as demais enfrentam grandes lacunas assistenciais, o que compromete o diagnóstico precoce e o tratamento em tempo hábil. É urgente reorganizar a rede de atenção ao câncer, alinhando-a às necessidades locais, para garantir um atendimento mais equitativo e oportuno. Isso fortaleceria o SUS e permitiria a implementação eficaz de políticas públicas como a Lei 14.758/23 e o Programa Mais Acesso a Especialistas”, explicou a sanitarista.
Ainda segundo a autora, o contraste na oferta dos serviços afeta diretamente o tempo de diagnóstico e o início do tratamento, especialmente para mulheres que dependem exclusivamente do SUS. O fluxo assistencial desorganizado, com a migração de pacientes entre macrorregiões, reflete problemas na pactuação dos fluxos assistenciais e na regionalização dos serviços, segundo os dados analisados
O artigo também apontou que, embora algumas localidades tenham equipamentos disponíveis, a falta de articulação entre os serviços impede seu uso efetivo, forçando as pacientes a buscarem atendimento nos municípios mais próximos à capital. O estudo conclui que é preciso reorganizar a rede de atenção ao câncer de mama em Pernambuco. Para isso, é necessário ampliar os serviços de diagnóstico, descentralizar os equipamentos e fortalecer a comunicação entre os municípios e as macrorregiões, garantindo um atendimento equitativo e eficaz.
A tese reforçou a importância de iniciativas que ampliem o acesso das mulheres aos serviços de rastreamento e diagnóstico, como mamografias e biópsias (coleta e/ou histopatológico), atendendo às demandas regionais e reduzindo as desigualdades na saúde pública. . Em resultado ao trabalho elaborado, a pesquisadora foi reconhecida com menção honrosa no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2024, destacando a relevância e a qualidade de seu serviço no campo da saúde pública.
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