Fiocruz promove o Seminário Internacional de Inovação em Medicamentos da Biodiversidade

Encontro reúne cientistas, agentes públicos e a população para discutir perspectivas de vanguarda sobre a economia, biofármacos e a conservação da mega-biodiversidade brasileira

Frente à crise ecológica global e às necessidades do Século XXI, um dos desafios para países mega-biodiversos e em desenvolvimento como o Brasil é o de aliar o desenvolvimento socioeconômico à redução de desigualdades e à conservação desta biodiversidade de grande relevância mundial. Para tratar desta questão complexa com multidisciplinaridade, a Fundação Oswaldo Cruz promoveu nos dias 12 e 13 de setembro o Seminário Internacional de Inovação em Medicamentos da Biodiversidade. O Seminário foi uma iniciativa conjunta do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS) do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e das Vice-presidências de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) e de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS), além da Direção do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz).

Iniciado na manhã do dia 12 de setembro, o evento teve uma mesa de abertura e contou com um vídeo de abertura e participações presenciais e remotas de representantes de cada órgão da Fiocruz responsável pela organização do evento. Após a apresentação do vídeo institucional de abertura, que contextualizou a problemática da crise ecológica global e trouxe a perspectiva da bioeconomia, dos biofármacos e de uma associação entre macroeconomia e biodiversidade, foi formada a mesa. Esta contou com a presença da Vice Presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Maria de Lourdes Aguiar  Oliveira, do diretor de Farmanguinhos Jorge Souza Mendonça e do Coordenador do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS/Fiocruz), Glauco de Villas Bôas, além de participação remota por vídeo de Marco Krieger (Vice Presidente de Pesquisa e Inovação em Saúde) e Hermano Albuquerque de Castro (Vice-Presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz).

Fazendo a abertura das falas, o Coordenador do CIBS, Glauco Villas-Bôas deu boas-vindas aos presentes, ressaltando a importância de encontros que tenham seu escopo focado nos temas centrais deste seminário, não apenas para o desenvolvimento da ciência e da população brasileira, mas para a saúde do mundo como um todo.

Seguindo nesta direção, a Vice-presidente de Pesquisa e Coleção Biológicas da Fiocruz, Maria de Lourdes Aguiar de Oliveira fez uma fala trazendo a importância que o Brasil pode ter no processo transicional para uma nova ordem global baseada em biotecnologia e conservação da biodiversidade, caso o país invista em pesquisa e desenvolvimento e crie políticas para estimular uma nova abordagem para a relação entre economia e biodiversidade. A pesquisadora comentou a importância da Reunião do G20 estar sendo realizada no Brasil neste momento, e fez uma leitura dos 10 princípios definidos no dia 11/09 pelo consenso da reunião.

Comentando ainda outras diretrizes de acordos multilaterais, como a Agenda 2030, a Vice Presidente da Fiocruz apresentou a ideia de que os desafios atuais globais não podem mais ser abordados em isolamento, e a cooperação internacional é vital para compreender os caminhos a serem seguidos, não apenas em termos de bioprospecção, mas também para compreender a crise global da biodiversidade e conduzir pesquisa básica e avançada em diferentes tópicos. Propôs ainda que, ao final do Seminário, seja formalizado um documento norteador com os principais direcionamentos que se derivarem das discussões, para que este consenso possa guiar ações futuras tanto da Fiocruz quanto de outras instituições com competência para atuar nesta transformação de paradigma para o enfrentamento das crises atuais.

Em seguida, o diretor de Farmanguinhos, Jorge Souza Mendonça, parabenizou a organização do evento pelo escopo amplo do Seminário. Falou sobre a importância de valorizar um Sistema Único de Saúde como um veio central do processo de justiça socioambiental e enfrentamento da crise climática, defendendo também que esse SUS possa ser plural, atender a diversos grupos populacionais e, inclusive, valorizar o conhecimento tradicional no que tange à saúde, para que o conceito norteador de saúde não seja rígido e puramente biomédico, mas também englobe o aprendizado ancestral, as ciências sociais, o saneamento básico, e uma perspectiva de saúde como indissociável dos ângulos sociopolíticos e socioambientais.

Após as falas presenciais, foi apresentado o vídeo do Vice Presidente de Pesquisa e Inovação em Saúde, Marco Krieger, abordando a importância de se discutir os vários tópicos do Seminário, em face dos desafios inerentes à complexidade de medicamentos oriundos da biodiversidade e da relação desta pauta com o enfrentamento das crises ecológicas globais.

Por fim, o vídeo do Vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz Hermano Castro trouxe uma fala de boas vindas, junto a um comentário sobre a importância central da mega-biodiversidade brasileira. “É preciso ressaltar que a defesa da nossa mega-biodiversidade tem sido uma das tarefas centrais da Fiocruz e do governo”, afirmou Castro. E completou: “Resgatar isso significa preservar a nossa biodiversidade no sentido de defender das ameaças climáticas e buscar alternativas, principalmente no campo dos medicamentos e das plantas medicinais.

O Vice-presidente também tratou da potencialidade de integrar essa mega-biodiversidade a vários setores do conhecimento e da economia e, com isso, conservar sua vastidão. Castro trouxe ainda a visão de que os medicamentos ecológicos são parte de um processo mais amplo de valorização da saúde em territórios e perspectivas tradicionais e ancestrais, para que o Sistema Único de Saúde esteja presente nos campos, na floresta, nas águas e nos territórios.

A programação completa pode ser conferida no site do evento, e a transmissão de todas as mesas pode ser conferida em português e em inglês na página de YouTube das RedesFito.