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Fiocruz conclui mais uma turma da formação de defensores populares de Direitos Humanos


06/08/2024

Fonte: Cooperação Social da Fiocruz

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O Quilombo do Camorim, território histórico da Zona Oeste do Rio de Janeiro datado de 1614, foi palco da conclusão da segunda turma do curso da Rede de Defensores de Direitos Humanos e Promoção da Saúde no Estado do Rio de Janeiro. O projeto é uma iniciativa da Cooperação Social da Fiocruz, que tem como um dos seus objetivos o de promover uma rede autônoma de defensores populares de direitos.

A programação incluiu uma roda de apresentação entre os participantes da 1ª e da 2ª turmas da Rede, um passeio guiado pelas trilhas do quilombo e apresentações culturais de jongo, samba, afoxé e ijexá (Foto: Cooperação Social da Fiocruz)

 

Com 19 participantes, a segunda turma percorreu um percurso de 25 oficinas formativas ao longo de dez meses, nas quais foram abordadas diversas temáticas relacionadas a direitos humanos e saúde, tais como direito à terra, saneamento básico, meio ambiente e segurança pública nas periferias e favelas, direito à moradia, entre outros. Junto à ONG Fase, a turma também elaborou uma cartografia social dos conflitos e violações de direitos humanos em seus territórios.  

“Chegamos num momento importante, que é o fechamento do ciclo formativo da segunda turma. É um marco por ampliar a quantidade de defensores interligados nessa rede e também o escopo de atuação da própria rede. Na turma 2 aumentamos a quantidade de municípios do Rio de Janeiro representados e passamos a abranger um maior número de temáticas no campo dos direitos humanos que são encampadas pelos defensores”, explicou Gabriel Simões, coordenador do projeto pela Cooperação Social da Fiocruz, na qual também exerce a coordenação da Gestão Estratégica do órgão. 

Ele destacou que o evento de encerramento serviu também para aproximar os defensores das duas turmas. “Na dinâmica de integração eles puderam apresentar um pouco das suas atuações, das questões dos seus territórios e pensar em possibilidades de trabalho em rede com outros coletivos”, disse.

Para Dejany dos Santos, psicóloga de formação e também coordenadora do projeto, além da ampliação o encerramento trouxe ainda mais amadurecimento ao trabalho realizado pela equipe. “Quando você atinge 40 pessoas e cada uma delas atingem outras 10 pessoas, isso vai se propagando e vemos a atuação atingir 400 ou 4 mil pessoas. Temos visto esse trabalho se ampliando e chegando a mais pessoas que têm essa visão de mundo mais equânime, com menos preconceito e mais diversidade. É isso o que buscamos”, afirmou.  

A programação incluiu uma roda de apresentação entre os participantes da 1ª e da 2ª turmas da Rede, um passeio guiado pelas trilhas do quilombo e apresentações culturais de jongo, samba, afoxé e ijexá. A anfitriã foi Rosilane Almeida, mãe de dois meninos, residente no quilombo e descendente do povo bantu, os primeiros negros escravizados que vieram para o Brasil. Ela destacou a importância da preservação das tradições culturais dos territórios para a promoção da saúde. Para Rosilane, a preservação do acesso ao sistema de direitos e a saúde andam juntos. 

“Quando a pessoa não tem o seu direito violado, ela já tem uma qualidade de vida. Falo que antes de ter invasão do nosso terreno tínhamos direitos, eles não eram violados. Com a especulação imobiliária, crescimento desordenado, as pessoas vêm pra cá e não sabem da história do quilombo, acham que nós é que somos os invasores da terra, fazem denúncia; e, com esse contexto, nossa saúde também é prejudicada”, explicou.  

Rosilane participou da segunda turma do projeto e destacou que todo o conhecimento trazido pelas oficinas oferecidas pela Fiocruz vai servir para fortalecer ainda mais o território. No quilombo são oferecidos cursos de horta orgânica e funciona um núcleo pedagógico onde as crianças são educadas, entre outras atividades também abertas à comunidade. “Temos relatos de mulheres que vinham aqui aprender a plantar conosco e se curaram com as ervas daqui, de estar aqui nessa terra. Elas estarem aqui, se curando de dores físicas e emocionais, é promoção da saúde”, afirmou. O projeto prevê o lançamento de uma nova chamada pública, ainda este ano, para seleção de mais 20 lideranças atuantes no Estado do Rio de Janeiro para compor uma terceira turma.  

O projeto

O projeto Rede de Defensores de Direitos Humanos e Promoção da Saúde no Estado do Rio de Janeiro visa à criação e ao desenvolvimento de uma rede autônoma de defensores populares, além da produção e publicização de um mapeamento das violações em saúde e direitos humanos. A seleção ocorre por chamada pública em ciclos com turmas de 20 lideranças comunitárias e defensores de direitos humanos com experiência de atuação em grupos, movimentos, organizações, coletivos ou instituições em territórios populares de áreas urbanas ou rurais do Rio de Janeiro. A rede agora conta com 39 defensores e defensoras.

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