26/08/2024
Eduardo Muller (Cogepe)
Pedro Barbosa emociona-se ao ser anunciado como novo personagem do Memória Gestão Fiocruz. Foto: Júlio Kummer
Após o encerramento da conferência magna conduzida por Gabriela Lotta, o auditório do Encontro de Inovação na Gestão testemunhou uma homenagem surpresa a Pedro Barbosa, ex-vice-presidente da Fiocruz. A ação foi planejada pelo Memória da Gestão Fiocruz no eixo que retrata trajetórias de gestores que prestaram trabalho de relevância para a instituição. Pedro foi oficialmente convidado para ser o novo personagem do projeto. O primeiro homenageado tinha sido Akira Homma, cujo documentário pode ser assistido no canal da Cogepe no YouTube. “Esta homenagem, de fato, é fantástica. Nós estamos aqui juntos. Tenho muito a agradecer: a vocês, à Fiocruz, a esta surpresa que me desequilibrou”, disse Pedro.
Enigma
Antes de ser anunciado o nome de Pedro Barbosa como novo homenageado do Memória da Gestão Fiocruz, a plateia foi convidada a descobrir quem seria a pessoa escolhida. Um vídeo com dicas sobre a trajetória de Pedro foi transmitido para que o público adivinhasse de quem se tratava. Ao final, com a revelação, Pedro foi convidado a subir ao palco.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, confidenciou que Pedro é uma inspiração para ele. “Pedro é o ethos de um funcionário público empreendedor. Hoje, nós falamos muito em empreendedorismo na Fiocruz, mas de um empreendedorismo institucional, de como levamos a instituição à frente. Eu me inspiro muito em você, Pedro, na assunção de riscos, do pensar uma Fiocruz do futuro em um Estado democrático de direito e de bem-estar social. Esta homenagem é muito justa. É muito bom para a Fiocruz tê-lo ainda”, afirmou.
O diretor executivo, Juliano Lima, disse ser uma “grande honra ser seu pupilo. A Fiocruz deve tanto a você que é pouca qualquer homenagem que se faça. Eu sou testemunha do amor que você tem por esta instituição, da sua dedicação e do quanto ela deve a você”, disse. A coordenadora de Gestão de Pessoas, Andréa da Luz, recordou sobre o momento da criação da Escola Corporativa, iniciativa liderada por Pedro quando era vice-presidente da Fundação. “Eu lembro muito, Pedro, quando a gente decidiu criar uma Escola Corporativa. Passar de um Serviço de Capacitação para uma Escola Corporativa. É inspiração no sentido de que é possível a gente fazer pela capacidade de ter persistência e resiliência. Por isso você consegue inspirar todos nós”, falou.
Presidente da Fiocruz, Mario Moreira, abraça Pedro Barbosa. Foto: Júlio Kummer
Família
Um dos momentos mais emocionantes da homenagem foi quando os filhos de Pedro Barbosa apareceram ao vivo em uma transmissão de internet. A filha Diana, que mora na Nova Zelândia, lembrou de momentos da infância e da convivência com o pai. “Quando nós ouvimos sobre o Pedro Barbosa da Fiocruz, enchemos a boca para falar que ele é nosso pai. A Fiocruz estava presente na sua vida bem antes de existirmos. Para nós, a Fiocruz, essa instituição de C&T e saúde pública de excelência nacional, na verdade, era onde íamos para a colônia de férias. Este Pedro Barbosa, que desde sempre teve relevância para a instituição, foi presidente da Asfoc quando eu não tinha nem cinco anos. Fomos ao longo do tempo compreendendo seu papel, a função que exercia”, emocionou-se.
O filho Eduardo lembrou de uma antiga conversa em tom de conselho que teve com seu pai ao final do ensino médio. “Eu pensei em fazer medicina. Eu fui conversar com ele, falar da minha ideia. Ele me disse que se eu quisesse mesmo fazer medicina, eu já saberia, já teria ouvido algum chamado. Eu virei economista. Eu não tinha percebido naquele momento, mas o conselho dele era muito natural para quem já sabia que faria saúde pública desde antes de entrar na faculdade. Sempre vimos nele muita seriedade e compromisso, inclusive naqueles telefonemas que batiam nos finais de semana. Ele nunca transpareceu ser uma relação de obrigação com o trabalho. Era um senso de compromisso com a instituição e com a saúde pública”, afirmou.
Os filhos de Pedro Barbosa, Diana e Eduardo, participaram da homenagem realizada pelo Memória da Gestão Fiocruz. Foto: Júlio Kummer
Responsabilidade e dedicação
“Nós somos responsáveis por movimentos de libertação e de valorização do indivíduo. Nós, da Fiocruz, não agimos sem emoção. Há de fato todo um processo procedimental de conhecimento, de experiência, mas há, também, a perspectiva civilizatória, libertadora, da inclusão e da transformação, de fato, em um mundo melhor. Isso soa, às vezes, meio piegas como utopia, mas isso me move muito”, disse Pedro ao iniciar sua fala de agradecimento.
Para ele, esta sua perspectiva libertadora encontra na Fiocruz algo que é muito raro de existir: um processo civilizatório que a Fiocruz traz. “A Fiocruz constrói Estado. Queremos um outro mundo. Isso na Fiocruz brota, contamina, emociona. É um terreno fértil que mobiliza e agrega, que provoca e fica permanentemente impaciente. A Fiocruz é impaciente. O eu coletivo que mobiliza dirigentes e equipes não estará satisfeito. Nós podemos. Esta condição dentro da Fiocruz é inerente”, argumentou Pedro.
O ex-dirigente também fez menção ao símbolo maior da instituição. “O Castelo não é qualquer prédio. Ele está lá e permanecerá hígido. E nós, do ponto de vista da construção desta sociedade, temos responsabilidade. Mario [Moreira] tem essa responsabilidade como nossa liderança hoje. Essa liderança precisa ser compartilhada. É uma liderança que tem elementos contingenciais. Nós temos um modelo de gestão concertada onde cada um de nós tem responsabilidade e naquela perspectiva do que estamos entregando lá na frente”, concluiu.
O projeto
A partir do aceite de Pedro, a equipe do Memória da Gestão Fiocruz iniciará um trabalho de pesquisa de sua trajetória profissional. Serão elencados nomes de pessoas que participarão do documentário, que tem previsão de começar a ser gravado ainda em 2024. Para Lucina Matos, coordenadora do Memória da Gestão Fiocruz, Pedro resume o espírito do projeto. “Queremos com esta justa homenagem inspirar os trabalhadores da gestão na Fiocruz e valorizar quem, ao longo da sua trajetória, trabalhou para a consolidação de um modelo de saúde pública digno e potente. O legado destes trabalhadores deve ser compartilhado com toda a comunidade”, disse Lucina.
Pedro Barbosa leu carta confirmando sua participação no projeto de memória. Foto: Júlio Kummer